Caleidoscópio
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
A infância é um período
marcante na história de vida de qualquer ser humano. A criança tem o direito de
ter uma infância saudável, adequada ao seu desenvolvimento normal como ser
humano, mas, a realidade nem sempre se apresenta como a normalidade e a natureza
deseja. Daí a existência de crianças que vivem nas esquinas da escuridão, ao
relento dos cruzamentos a mendigar, nos lixões. Menores subprodutos de uma
sociedade materialista e que no terceiro milênio ainda insiste em manter
verdadeiras legiões de famintos que já nascem entregues a própria sorte. Nesse
aspecto a infância é marcada por dores que repercutirão negativamente na
formação e na caminhada de vida desses infortunados.
Contudo, temos também o outro lado moeda, o da infância
feliz, onde a criança vivencia um universo de sonhos, brincadeiras, fantasias,
magias e
amor familiar. Tivemos a benção de Deus de vivenciar este tipo infância.
As lembranças desse tempo me trazem imagens dos banhos de rio, o bate bola nos
campos de pelada, as brincadeiras de esconde-esconde, baleado, e tantas outras.
Também me levam ao tempo em que a minha Avó Raimundo nos ensinava a construir
os nossos próprios times de botão, usando figuras de jogadores recortadas da
Revista Placar e que eram coladas por baixo de vidros de relógios. Assim,
fabricávamos vários times, precipuamente o do Vasco da Gama do camisa 10
Roberto Dinamite.
Nesse tempo também vó Raimunda nos ensinou a fabricar e
manusear a velha pipa. Contudo, havia um brinquedo que sempre nas férias
escolares ela costumava construir que nos deixava encantado. Referimo-nos ao
“caleidoscópio”. Acredito que as crianças de hoje movidas pela tecnologia
desconhecem o caleidoscópio, que é um aparelho óptico constituído por um tubo
ou caixa de papelão, cartão ou metal, e que no seu interior colocam-se inúmeros
fragmentos de vidros coloridos, que por meio do reflexo da luz exterior em
pequenos espelhos inclinados reproduzem, a cada movimento, combinações de
diversas imagens, conduzindo os nossos olhos em direção de infinitos e
agradáveis efeitos visuais.
O caleidoscópio faz parte do nosso imaginário infantil.
Eram belas imagens, e por isso, ficávamos ali sentados na mesa da sala da Vovó
com o olhar penetrante naquela caixa mágica, que nos fazia viajar pelos
reflexos coloridos dos vidros e espelhos, como se andássemos em meio aos astros
luminosos. Quantas figuras diferentes, misteriosas e fascinantes a nossa retina
visualizou. A infância se foi e com ela àquele caleidoscópio, mas vamos
construir igual ao de outrora e viajar felizes novamente pelas sedutoras luzes
do imaginário.
*Escritor
pombalense, Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB.
Caleidoscópio
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/18/2014 06:49:00 AM
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