Novo Ano Velhas Decepções
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Após as festas do final do ano vem sempre a ressaca
dos exageros e do descontrole emocional, junto com ela uma parada para a
reflexão da realidade sempre medida dentro do calendário anual e referência a
todos os segmentos da sociedade. Quando começamos nas projeções sempre usamos o
resultado do período anterior para termos um parâmetro mais próximo daquilo que
pretendemos.
É normal procurarmos analisar o que deve ser
melhorado naquilo que consideramos mais falho e
E o desafio não será pequeno, tendo que trabalhar em
várias frentes, a começar pela educação, setor tão desvalorizado quanto seus
professores, que teimam em continuar operando nesse setor por pura obstinação e
dignidade, sem o menor retorno financeiro e reconhecimento dos governos, em
todos seus patamares de administração. O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudante) de 2012, numa avaliação feita
pela OCDE (Organização de Cooperação e de
Desenvolvimento Económico), entre os 65 países das maiores economia do mundo,
aponta que ostentamos a desonrosa 57ª posição, entre os estudantes de até 15
anos.
Se
considerarmos que o ministro da educação, Aloizio Mercadante Oliva acha que o nosso país é um privilegiado
nesse setor, apresentando números sofríveis, tais quais os acima citados e
outros levantamentos oficiais, só temos a lamentar tamanha ausência de
compromisso do senhor ministro, com a pasta que representa o que é de mais
fundamental para o crescimento de uma nação. É sabido, mas é bom lembrar
sempre, os exemplos do Japão e a Coréia, apenas para citar esses dois países, no
pós-guerra teve um desenvolvimento reconhecidamente superior a países com mais
potencial que eles, pelo simples fato de terem investido maciçamente na
educação e tecnologia, exemplos a serem seguidos por aqueles que continuam a
praticarem a política do mesmo, especificamente o Brasil, toda América latina
que continua, merecidamente, sendo lembrada como o continente das bananas.
O
nosso setor industrial virou uma piada internacional, as montadoras continuam
sendo as mais beneficiadas pelos programas governamentais, desde a década de
1950, quando começou o plano industrial automobilístico, continua até nossos
dias. Em 2013 as desonerações oferecidas pelo governo federal, representou uma
das maiores injustiças aos nossos Estados e cidades, quando os valores
retirados pela desoneração parcial do PIB não foram repostos e o setor ainda
teve uma queda substancial nas suas vendas, e o Brasil fabricando um dos carros
mais caros do planeta, significando que o consumidor final não teve nenhum
benefício, apenas as indústrias gozaram dos privilégios a elas dados sem nenhuma
contrapartida ao mercado.
Outros
setores industriais tiveram o privilégio da desoneração, enquanto o todo
apresentou um decréscimo de vagas correspondente a 160 mil cargos no decorrer
do ano de 2013. Isso significa colocar que o setor industrial não é mais aquele
que oferece melhores possibilidades de progresso, enquanto persistir a política
direcionada a determinados grupos enquanto outros são descriminados e
castigados pelo perverso sistema governamental.
Dizer
que o governo não investiu no segmento industrial é uma mentira, o investimento
foi feito, entretanto foi uma composição cheia de erros, quando foi visado
apenas os campeões nacionais, dentre eles o império do Eike Batista que
representou nos últimos 4 anos uma bolha, juntamente com a euforia que dominava
o Brasil. Quando a realidade veio a tona o sonho acabou para o senhor Eike
Batista e o Brasil dos sonhos e fantasias, sobrando um verdadeiro devaneio,
principalmente ao BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), ficando para
esse apenas as contas a receber, de um grupo que já foi modelo de sucesso que
usávamos no exterior para angariar investimentos aos projetos de infraestrutura
e que malogrou na mesma velocidade.
*Escritor e Poeta
Novo Ano Velhas Decepções
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/06/2014 06:40:00 AM
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