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A lassidão do governo torna sistêmico o quadro de violência

Genival Dantas
Genival Torres Dantas*
      É recorrente lermos e ouvirmos afirmações, pelos meios de comunicações, que a falta de políticas de segurança, voltadas para a contenção dos focos de distúrbios sociais, com os atos de violências, transformados em estado de violência, surgidos a partir de junho de 2013, e a incidência degenerada da corrupção nos meios governamentais, apontados pela imprensa investigativa tem levado o país a uma comoção social cujos reflexos estamos sentindo no caos que foi transformado os dias de tumultos para aqueles que, principalmente, vivem nos grandes centros urbanos. A situação já vinha de difícil controle, apenas aquela data, junho de 2013, se transformou numa nova etapa para um país que até então era o símbolo da tranquilidade e harmonia para os que aqui vivem.
            Temos que admitir que o país não é e não será mais o mesmo. Mudamos para pior, o bandido já não se conforma em apenas roubar, assaltar, traficar, transformar o homem comum em refém, com os sequestros relâmpagos e
pontuais, agora ele pratica a crueldade com sessões de tortura, como a querer mostrar poder ante as autoridades constituídas. Estamos envolvidos pela atmosfera negra da crueldade, dos marginais, para com aqueles que são vítimas das mentes sanguinárias e ordinárias, que antes de matar, procuram praticar a crueldade da tortura psicológica e física.
            Chegamos no limite do razoabilidade, temos Estados, caso específico do Rio de Janeiro, mesmo implantando as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), com sucesso absoluto no início das suas operações, aquele Estado foi sacudido por uma série de manifestações e crimes, nos últimos meses, que enlutam e denigrem o bom nome daqueles que trabalham pela ordem e a paz de todos, forçando as autoridade estaduais a anteciparem, colocando em  prática, políticas de segurança que seriam usados no momento do inicio da Copa do Mundo; mesmo assim, o resultado não está a contento, com o uso dos tanques nas ruas, os atos de carnificinas ocorrem como se fossem corriqueiros. A impressão que se tem é que o mundo do crime não está intimidado como a seriedade das Leis, há um verdadeiro abuso, os conflitos de antes se transforam nos confrontos de hoje.
            Já se anunciam mortes de civis, até menores inocentes, balas perdidas já não causam medo ou receio, não há mais sobressaltos, é a rotina violenta dos dias de balas cruzadas e noites assustadoras pelo barulho dos tiros a clarear mais que a luz do luar, as ruas desertas, impostas pela ordem de recolher, não dada pelos homens que fazem cumprir a lei, mas, pelos desordeiros que se impõem através do medo da morte, ou mesmo o medo do medo.
            Quadro triste e desolador esse pintado com o sangue, muitas vezes derramados por vítimas distantes dos crimes, apenas por conviverem no mesmo espaço físico, o grande pecado praticado pelos homens do nosso tempo. A situação não está restrita a um único Estado, notadamente São Paulo, e outros Estados da Federação são exemplos de pânico, que passa a população trabalhadora, assim como o Rio de Janeiro, além dos crimes já enumerados estão sendo sufocados com a fumaça preta dos veículos particulares e coletivos que são incendiados por uma massa desalentada e desorientada, não suportando mais a pressão da violência generalizada, que é submetida diariamente, procura se defender praticando crimes contra o patrimônio público e privado, não sabendo que o maior sacrificado depois vai ser o próprio povo que se utiliza dos meios de transportes urbanos.
            Sabemos que o a violência gera violência, é uma roda viva, não há como se prever o resultado final dessa história tão triste que estamos, até certo ponto, ajudando a fazê-la, e escrevendo. A Copa Mundial de Futebol está para acontecer em nossa terra com inicio nos próximos dias, até agora não sabemos o que efetivamente nos espera com tamanha desorganização dos nossos organizadores. Estádios inacabados, aeroportos mal aparelhados e com instalações insuficientes para recepcionar seus usuários, os serviços de locomoções urbanos totalmente desarrumados, sem as ampliações e implantações de novos sistemas efetivados, inicialmente, um verdadeiro tumulto sem controle. Não é o que esperávamos, torcemos para que possamos reverter essa situação no curto prazo que nos resta, para que não tenhamos uma decepção muito grande diante do mundo que nos concedeu o direito de sediarmos mais uma Copa do Mundo.
            Os tumultos da última semana com fatos de relevância assustadora, preocupa o mundo esportivo e político, o controle não é absoluto, nem de perto próximo do razoável e de longe o indicado para a realização de um evento de tamanha magnitude e visibilidade mundial. O que mais nos entristece é termos consciência da nossa incapacidade de gerarmos pelo menos um ambiente de tranquilidade com aproximação dos jogos.
            A baderna é generalizada, usuários do transporte coletivo sendo molestados por bandoleiros agitadores, colocando fogo nos meios de locomoção, depedrando, transformando praças e locais públicos em espaços de pânico e desespero para a grande maioria ordeira do população que se sente ameaçada no seu direito de ir e vir. Aliás, não estamos mais ameaçados, estamos verdadeiramente reféns de uma classe rancorosa sem noção dos seus atos, que controla as vias públicas e faz terrorismo com suas armas de fabricação caseira, mas, de um efeito transformador violento, deixando nossos policiais desorientados e desconfortáveis nas suas tarefas e deveres para com a população necessitada de paz e tranquilidade .
            Enquanto o quadro urbano é de verdadeira selvageria, incluindo-se aí, agora, saques despropositados, aumentando, dessa forma, o grau e a diversificação nas formas de ações criminosas, o governo com sua parcimônia gerencial espasmódica, torna público sua satisfação com o resultado da sua forma de governar e o êxito obtido, como se vivêssemos em dois países totalmente diferentes, um dos governantes (Alice e o país das maravilhas), e outro, dos governados (sôfregos e sobreviventes de um naufrágio provocado e ignorado), buscando em vão visualizar terra firme na tentativa de sobreviver, pelo menos até o socorro chegar. Isso não é lenda, é um fato.
*Escritor e Poeta

A lassidão do governo torna sistêmico o quadro de violência A lassidão do governo torna sistêmico o quadro de violência Reviewed by Clemildo Brunet on 5/21/2014 09:54:00 AM Rating: 5

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