São Cristóvão - a alegria do nosso povo...
Tempos atrás, mais precisamente lá pelos idos
dos anos trinta, havia em frente à casa de Cândido, um campinho de futebol,
justo onde hoje é o hospital distrital, bastante frequentado pela rapaziada da
época, principalmente nos finais de semana. Zé Liberato, que apreciava muito o jogo de
futebol, trazia os filhos Wilson e Joel pra bater uma bolinha com os meninos da
rua.
Sentado numa
espreguiçadeira observava a meninada jogar com muita atenção. Terminado o jogo
selava os cavalos e
partia em direção ao Mufumbo. Isso significa dizer que em
todos os tempos o futebol sempre despertou e ainda desperta interesses e
paixões, independentemente da idade, bem como das classes sociais.
Segundo Werneck
a prática do futebol em Pombal vem de priscas eras, seja, desde quando rolou a
primeira bola nos rudimentares campos de terra batida, já passaram mais de seis
gerações que sucessivamente deram continuidade a essa prática esportiva aqui na
terrinha.
Muitos clubes
esportivos surgiram a partir do início do século passado conforme registra o
nosso historiador. Mas, o ponto culminante, bem digo, a era iluminada dessa
nobre arte esportiva aconteceu, se não estou enganado, nos anos cinquenta e se
estendeu aos anos sessenta. Foi neste intervalo de tempo em que despontou uma
geração de habilidosos jovens no trato da bola, que em grande medida
contribuíram para elevar o prestigio nosso futebol no sertão paraibano.
Assistir aos
jogos do são Cristóvão nos domingos ensolarados era o melhor passa tempo dos
aficionados da arte do domínio da bola. Em meio a toda plateia que comparecia
aos jogos, havia um cidadão que defendia as cores do seu time com arrojo e
paixão. Refiro-me a Ernesto, alucinado por futebol, em particular pelo São Cristóvão.
Nos dias de
jogos Ernesto era a principal atração posto que de forma irrequieta percorria
todo campo a incentivar os jogadores, principalmente quando o time visitante consignava
o primeiro gol. Às vezes até parecia ser o técnico, posto que, aos gritos
solicitava mais firmeza da defesa e mais agressividade por parte do ataque.
Quando o são
Cristóvão perdia em casa, Ernesto entrava em estado de depressão, mas somente
por uma semana, pois nos jogos seguintes estava a realizar o seu périplo ao redor
do campo a conclamar os presentes a incentivar os jogadores.
Foram-se os
bons tempos em que o futebol era a alegria do nosso povo. Quando havia jogos o
povo da cidade, qual um formigueiro humano caminhava em direção ao Estádio
Vicente de Paula Leite para assistir à mais um espetáculo futebolísticos patrocinados
pelos craques do nosso teime.
Era assim
mesmo, o nosso público era vibrante e apaixonado, assim como acontece nos
grandes centros urbanos. Infelizmente tudo terminou, até mesmo o nosso querido
São Cristóvão. É verdade que a fase áurea do nosso futebol ficou restrita aos
anos cinquenta e sessenta, fase esta que jamais se repetiu para tristeza das
gerações atuais.
Que bom ter
vivido aqueles bons momentos do são Cristóvão de Pombal. Tivemos o prazer de
ser contemporâneo de craques do nível de Zé de Dozinho, Zaqueu, Agnelo, Alfredo
Bezerra, Chico Sales, Dilau, Natal Queiroga, Carlos Cesar, Ruy Aquino e tantos
outros que aos domingos nos proporcionavam um futebol de técnica apurada a
ponto de nos posicionar entre os melhores do sertão paraibano.
Infelizmente craques como esses, aqui na
terrinha já´ não existem mais. Da mesma forma o velho e saudoso São Cristóvão,
que tanta alegria nos proporcionou nos domingos ensolarados, se ainda existe,
com certeza não é sequer uma pálida sombra do que outrora fora. Acabou-se, para
nossa tristeza acabou-se mesmo.
João Pessoa 21 de
Junho de 2014
* Economista e Escritor pombalense.
São Cristóvão - a alegria do nosso povo...
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/21/2014 05:07:00 AM
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Um comentário
Sempre emocionante o relato feito por esse nosso aclamado escritor.
Em minha infância tinha verdadeira adoração por esses craques da foto, particularmente "Mochesar" de Severino Pedro.Um verdadeiro craque, raríssimo de se ver em clubes de interior.Emfim, mais uma bela recordação sobre a história do futebol de Pombal, nossa terra querida. Abraço.
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