Bestas do Apocalipse
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
O discurso profano e claudicante do
partido governista, tentando paliar a barafunda dos últimos tempos, gerada no
núcleo da administração pública, movida, principalmente pela gestão temerária,
pratica recorrente em vários escalões e de forma incisiva, não consegue
disfarçar o odor da água suja que cobre a lama sobre a areia movediça
resultante dos dejetos formados na lamuriosa situação levada a cabo pela
diretoria destituída da principal empresa do nosso país, a Petrobras.
Por maior que seja o esforço feito
para fugir do assunto em voga, e
em todo território nacional, por questões
comerciais ultrapassando os limites das nossas fronteiras, deixando as bolsas
de valores e seus aplicadores extasiados com os desmandos ocorridos, por ações
ilícitas de alguns membros de sua administração, dentro de uma das maiores
empresas de petróleo do mundo, e aos olhos dos seus gestores.
Enquanto somos ridicularizados pela
inercia e apatia de quem devia procurar resolver a questão de forma definitiva
e pontual, trazendo o respeito e a honorabilidade de volta à empresa,
simplesmente, depois do afastamento de sua diretoria, voluntária certamente não
foi, até mesmo por absoluta falta de moral para continuar; o Brasil é
surpreendido com a indicação de alguém, muito embora de renomado nome no setor
financeiro, não tem menor intimidade com o mundo do petróleo, e já viciado no
setor público, sua verdadeira origem.
A sordidez de alguns, acompanhada do
estapafúrdio comportamental de outros, torna, muitas vezes, a situação de um
povo, de uma nação, em estágio de borrasca, mesmo estando na estação das
estiagens, como que a natureza vociferando contra os maus tratos empreendidos
pelos toscos desumanos, que não se conhecendo, desmorona o imaculado ventre que
lhe acolheu nessa breve passagem por sobre a incompreendida terra.
Nessa hora, mesmo que não seja
canônica, devíamos ter o respeito pelos pares, pelo semelhante, até mesmo pelos
contrários. A política tem sido composta, na sua grande maioria, por pessoas
incongruentes, personalistas, vivendo na lei do murici, cada um por si, rogando
para que o cálice do coletivo seja levado para bem longe e não possa retorne, e
no viés da catarse, acintosamente, fica a objetar, levando agruras aos
desventurados que vivem à margem da sociedade hipócrita, soçobrando como quem
alijado do viver comum. Largados nas valas e masmorras dos nossos tempos,
identificados como hospitais públicos, assim tratados como, se assim fossem.
E assim, entre as mentiras dos
mitomaníacos e os despropérios dos estúrdios vamos sendo levados pela
inconsistência dos dias incertos da preservação dos valores humanos, a
incoerência no trato da geopolítica, o despreparo dos que cuidam das gerações
de energias e reservas dos nossos mananciais, e o cético despojado da sua
índole, duvida das suas próprias dúvidas, tica a tensionar seus músculos
tencionando um país livre e independente, das bravatas e sacrilégios das
desventuras dos monomaníacos fanáticos pela locupletação, que fazem parte de
uma grande parcela da base podre de apoio governista.
Numa tentativa insana, defendendo o
indefensável, essas tantas “Bestas do Apocalipse”, vampiros humanos que se
alimentam sugando o sangue e suor dos brasileiros, via erário público,
alardeando o mundo com seus panegíricos inócuos e desvairados, como a pregar
aos ventos, sem ressonância, sem apiedar-se da nossa credulidade finita.
Situação nunca imaginada, portanto,
não classificada pelo filósofo e matemático francês, René Descarte (1956/1650),
certamente, naquela época se fosse inventada alguma base de apoio governista,
em algum governo, só haveria a base boa, justificando seu pensamento: “penso
logo existo”. Isso é um fato muito triste num país que tenta disfarçar sua
tristeza no calvário e carnaval dos palhaços que choram e riem de suas sinas, de
poucas chances de superar o medo do que tem por vir.
*Escritor
e Poeta
Bestas do Apocalipse
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/13/2015 08:38:00 AM
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