O MENINO DA NOVA ACAUAN
Onaldo e Antonio Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
HOJE É O ANIVERSÁRIO
DELE. MEU PAI. SEGUE UM TEXTO QUE FIZ EM SUA HOMENAGEM. QUE DEUS PERMITA QUE
ESTA DATA SE RENOVE AINDA MUITO TEMPO. TE AMO PAI.
Sertão de sol causticante. Sertão de
muita seca e provação. Sertão também de homens fortes e valentes. Sertão de
povo prestativo e acolhedor. Sertão de águas correntes e abençoadas. Sertão de
noites encantadoras.
Nesse cenário, um dia, no Sertão
Paraibano um menino acordou para o mundo. O caçula de Olívia e Vicente nasceu
na cidade de Sousa, sob a proteção de Nossa Senhora dos Remédios, sua madrinha
celestial. Foi batizado por Frei Damião e
No mundo da Nova Acauan, o menino correu
lépido pelas margens do Riacho do Mineiro, brincou com suas vaquinhas de ossos
desenhando os currais das ilusões e bebeu garapa nas moagens do seu engenho,
cujas moendas eram puxadas pelos bois Remanso e Correnteza.
Lá do alpendre de Mãe Olívia, deitado
numa rede, ele sentia o frio da madrugada se despedir dando lugar ao calor do
sol nascente. Na alvorada, uma sinfonia penetrava em sua alma. Eram galos de
campina, curiós e sabiás que cantavam num arrebol festivo. Ouvia o gado mugindo
no curral. No terreiro o resmungo de Chicotó. Vicente, seu pai, de posse de um
tamborete na calçada o encostava na parede lateral da casa grande, sentado
relampeja lorotas e fazia a festa com a criadagem. Da cozinha, outro som, uma
voz altiva, era sua mãe Olívia que avisava: a mesa encontra-se posta.
Do batente do alpendre, o menino via o
tempo passar. Via o sol, lá na beira do açude, de manhã cedinho surgindo com o
vôo e o canto do Beija-Flor. Nas asas da inocente infância, montado no lombo
dos carneiros Farrista e Borboleta, ele com seu irmão Dedé saia todos os dias,
sob o sol matinal, rompendo veredas sertanejas em direção da sua primeira sala
de aula. Ao pingo do meio dia, debruçado na janela, ele via o sol, que lá no
meio do terreiro ressecava o pasto dos animais. Mas ele também, daquele mesmo
lugar, mais tarde, vislumbrava o sol lá no pé da serra, no final da tarde sumir
com o canto da Acauã, espelhando um crepúsculo nostálgico no céu sertanejo.
A noite chegava e uma Lua branca surgia
no céu. Retratado do sossego e da paz das estrelas na noite clara da Nova
Acauan.
Àqueles dias e noites se foram. Hoje só
as sombras da saudade. Mas tu és, ainda, o mesmo Antônio, o menino de Olívia e
Vicente. Aquele aluno do Padre Viera, que no Diocesano de Patos bebeu da
sabedoria da vida. O mesmo estudante da Faculdade de Direito de Recife, o jovem
aplicado e de ideias avançadas, que no tempo se fez advogado dos pobres e juiz
vocacionado.
O branco já reluz em teus cabelos, mas
símbolo da paz que resplandece de tua alma. O tempo a tempo que insiste em te
vencer, mas teu espírito e convicções serão sempre atuais.
Esse menino é meu pai, luz que há muito
ilumina meu caminho e, por intermédio dele, homenageio todos os pais neste
agosto de 2015.
FELIZ ANIVERSÁRIO, saúde e muita paz!!! Salve 17 de agosto de 2015.
*Escritor e Juiz
de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB
AGRADECIMENTO!
Onaldo: É difícil, muito difícil mesmo,
um velho pai ter palavras de agradecimento a um filho exemplar, como você o é,
por uma mensagem tão linda como essa.
A cada dia que passa, você demonstra que
é o filho que eu sempre sonhei: obediente, carinhoso, compreensivo, educado,
batalhador, inteligente, humilde, prestativo, conselheiro, solidário e sincero.
Enfim, você tem um perfil que todos os
pais sonham para os seus filhos, e eu só tenho que agradecer a Deus por tudo
isso.
"Somente o amor vivido por um filho
pode fazer dele um bom pai! É pelo exemplo que se educa, pela caminhada, lado a
lado, na estrada da vida".
Obrigado, Onaldo, meu filho, por todos
os momentos que me proporciona.
Obrigado por me ensinar tanta coisa.
Agradeço-Lhe, Senhor, porque ouviu o meu
choro (Salmo 6:8)
Eu te amo muito, meu filho!
Antonio Elias de Queiroga
O MENINO DA NOVA ACAUAN
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/19/2015 08:49:00 AM
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