“DE JOÃO PARA JOÃO”: mais uma superação de Tarciso
Jerdivan Nóbrega de Araújo |
Jerdivan
Nóbrega de Araujo*
O assassinato de João Pessoa foi um
desses eventos histórico que concedeu ao morto, na versão oficial, a flâmula de
herói político e reformador, ao tempo que para o coronelato este não passou de
déspota.
Na outra da ponta dessa mesma trama
temos João Duarte Dantas. Um homem apaixonado que teve a sua honra e a sua
intimidade violadas pela imprensa oficial do Estado, que o perseguiu e o
atormentou ao ponto dele resolver lavar a sua honra com sangue, em um episodio
que levou o Brasil à chamada “Revolução
de 30”.
No meio desse triangulo temos ainda
figura, da professora Anaíde Beiriz, que mantinha um relacionamento amoroso com
João Dantas, e
Foi nesse entrelaçamento de fatos que o
produtor, teatrólogo e escritor Tarcísio Pereira, com o seu magnifico trabalho
“De João para João” adentrou os bastidores da história, trazendo para um
primeiro plano os fatos que antecederam ao assassinato de João Pessoa naquele
fatídico 26 de julho de 1930.
O expectador vai se surpreender, não
apenas com a desenvoltura dos atores, o cenário e a música, porém, muito mais
com forma que Tarciso encontrou para contar uma história que já fora por demais
contada nos livros, teatros, cinemas e salas de aulas, porém de uma outro
ângulo de visão
Sem buscar um culpado, sem demonizar ou
endeusar os protagonistas da história Tarcísio
consegue fazer uma “lavagem de roupa suja” entre os dois personagens
históricos, 86 anos depois do ocorrido,
não ignorando os fatos históricos, mas,
centrando a trama em outro foco, de forma que ao final do espetáculo João Dantas continua
sendo o mesmo João Dantas e João Pessoa o mesmo João Pessoa que a história nos
revela do ponto de vista politico.
O que vai mudar é a percepção do expectador
em relação aos dois “homens” - João Dantas e Joao Pessoa -, e não aos
personagens históricos, já que Tarcísio Pereira explora, e isso é a
novidade e a beleza do espetáculos, os
seus dramas pessoais.
Na encenação nos
deparamos com o lado humano e
atormentado dos dois personagens, com seus infernos pessoais, problemas
familiares, doenças, fraquezas, solidão, paixões secretas e tudo mais que é inerente a qualquer ser
humano, sejam eles figuras públicas ou não, mas, que a história oficial normalmente
se recusa a revelar a publico, principalmente os demônios dos personagens mais
relevantes que saem da vida para ganhar as páginas dos livros de história, e
não podem ser maculados.
Ao final do espetáculo não há vencedores
nem vencidos. Não há também culpados e tampouco inocentes: os dois continuam
sendo o que eram antes.
A interpretação de Tarcísio Pereira
(como João Pessoa) e de Flávio Melo, (como João Dantas) é simplesmente
primorosa. Os atores se agigantam em cena, ocupando cada espaço do palco, com
entonação de voz e dicção que ecoam por todo o teatro.
Até a coreografia dos atores foi pensada ensaiada em detalhes, para que o
espectador pare a respiração e ao cair
do pano, anteceda um silêncio na plateia para
em seguida vir a exclamação:
-Uau!!!!
*Advogado,
Escritor pombalense e Pesquisador
“DE JOÃO PARA JOÃO”: mais uma superação de Tarciso
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/17/2016 04:51:00 PM
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Um comentário
Este UAU! no final pegou mal, Jerdivan Nóbrega. Falando sério, agora, foste cirúrgico na compreensão do texto, do espetáculo, dos atores emfim. Texto criativo de diálogos nunca dantes acontecidos que trazem a dramaticidade que o relato da história exige e um espetáculo glamouroso feito por músicos, fotógrafos, cenógrafos, maquiadores e, em cena, dois atores que surpreendem um ao outro e os dois ao público a todo instante. A Paraíba está de parabéns. O teatro paraibano está de parabéns. Parabéns a todos que fazem esta maravilhosa peça!
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