O estado é de exceção e o espírito de porco
João Costa |
João Costa*
Em artigo
recente aqui no Face, o jornalista Jorge Rezende, a exemplo de alguns outros,
chamou a atenção para o fato do país começar a viver em um estado de exceção, e
conclama para a sociedade ir à luta para salvaguardar direitos e a democracia e
não espere por um AI-5, certamente já em gestação, levando em conta que o golpe
parlamentar conta a presidenta Dilma Vana, ainda não se concretizou, porque de
longo curso.
Desconfio
que Rezende tenha razão. Em julgamento realizado recentemente, o Supremo
Tribunal Federal confirmou o pressentimento da comunidade jurídica e
manteve o
entendimento de fevereiro deste ano, quando a
Corte eliminou a presunção de inocência e permitiu cumprimento da pena a partir
de decisões da segunda instância.
Contrariando a primeira decisão, que foi proferida em um caso singular, desta
vez, na Ação Declaratória de Constitucionalidade 43 proposta pelo Partido
Ecológico Nacional, a decisão tem efeito geral. Ponto. Parágrafo.
Prisões
já estão sendo realizadas sem amparo legal e anunciadas com antecedência em
palanques eleitorais; reformas estão em curso por força de Medidas Provisórias,
e o dito aparelho de estado “esclarece” e “justifica” que as medidas
coercitivas tomadas contra aqueles acusados de corrupção ou não, ocorrem porque
o momento é “excepcional”, logo, passível de ações “excepcionais”. Parágrafo.
Vencedores
e vencidos no último pleito eleitoral nada representam diante do vendaval de
votos nulos e abstenções. É prenúncio de que a luta por mudanças de
profundidade e para a conquista plena de soberania e de uma sociedade digamos mais justa, não
passará pelas urnas, uma vez que demonstrado ficou que o voto popular não é tão
soberano como apregoam juízes, pregadores democráticos, artistas, intelectuais,
militares e quejandos.
No plano
político há uma disputa eleitoral que bem reflete os estertores dessa nossa
democracia eleitoral: a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Lá, pela
primeira vez na história do país, um candidato representando o fundamentalismo
religioso evangélico disputa corações e mentes dos cariocas com um candidato
que restou da esquerda dita democrática.
O bispo
Crivella é a personificação de uma cruzada com tentáculos em instituições do
estado, amparado por um lastro fortíssimo de instrumentos de comunicação de
massa, ele mesmo integrante e dirigente de um conglomerado de TV, jornais e
rádios. Freixo, o candidato da moribunda esquerda democrática, por outro lado,
representa o que ainda restou ou resta de um país, pronto e desejoso de abraçar
as trevas, porque a Servidão Voluntária é da essência nacional.
Aqui em
terras tabajaras, tudo está mais tabajara que antes. Um candidato, acusado de
pistolagem e associação ao tráfico sai direto do presídio para votar, recebe
aclamação de aplausos e votos. Candidatos derrotados incorporam o espírito dos
criminosos delatores e se lançam em busca do prêmio, entregando parceiros. Só
para lembrar, imagino a imprensa internacional conferindo que o vereador eleito
e acusado de tantos crimes, integre o mesmo partido político do atual ministro
da Defesa. Ponto Parágrafo.
*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro,
além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de
Política do Paraíba.com.br
O estado é de exceção e o espírito de porco
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/06/2016 10:01:00 AM
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