Mais saudade! Há alguns anos escrevi uma crônica sobre saudade. E depois dessa crônica aconteceu muita coisa... “Uma saudade a mais”
Walter Medeiros |
--- Walter Medeiros –
walterm.nat@terra.com.br
A jornalista e professora Nadja Lyra,
coordenadora pedagógica da Escola Municipal Santa Catarina, localizada no
conjunto que tem este mesmo nome, convidou-me para proferir a Aula da Saudade
dos alunos do 5º ano e sugeriu que falasse sobre “Saudade”. Que coisa! Passei
uma semana refletindo sobre esse tema tão fascinante, a partir de experiências
próprias e versos dos poetas e
De cara fui logo aos anos 50, quando
aprendia a ler no Grupo Escolar Professor Demócrito Gracindo (homenagem ao pai
de Paulo Gracindo) em Mata Grande, cidade do alto sertão de Alagoas aonde meu
pai foi parar matando mosquito da dengue, após passar pela guerra sem matar
nenhum alemão. Depois que aprendi a juntar as letras e sílabas, era belo entender
o que estava escrito no pára-choque branco do caminhão de Nezinho, meu vizinho:
“A saudade me fez voltar”. Ficava imaginando a saudade que ele sentia a cada
viagem que fazia com aquelas cargas altas de antigamente.
Em seguida, veio à mente um verso que
não poderia deixar de citar na aula: “Itabira é apenas uma fotografia na parede
/ mas como dói!”, escrito por Drummond no seu poema “Confidências de
Itabirano”. E o significado da palavra – substantivo feminino abstrato -
segundo Aurélio: “Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou
coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou
possuí-las; nostalgia.”
Aí veio mais uma coisa interessante para
aumentar a saudade, que tanto espaço ocupa nesse mundo: ela tem um dia para ser
lembrada e comemorada. O Dia da Saudade – 30 de janeiro. Para lembrar que essa
palavra não tem similar em nenhuma outra língua e que espanhóis, ingleses,
franceses, alemães e outros tentam expressar o sentimento de falta com frases
inteiras, tipo “ich vermisse dish” (alemães).
Aquela platéia me reconduzia mesmo era à
minha sala de aula, onde Professora Josefina Canuto me ensinava e, depois, no
Externato Saturnino – já em Natal, a professora Maria das Neves trazia
novidades. Coincidentemente a professora de uma das turmas se chama Neves.
Impossível não lembrar de Ataulfo Alves, exclamando: “Que saudade da
professorinha / que me ensinou o be-a-bá!”.
Para falar de saudade não poderia deixar
de citar o Fado – gênero que tanto me toca e que tocou até Roberto Carlos, ao
cantar Coimbra: “Aprende-se a dizer saudade”. Fernando Pessoa, em texto
saudoso: “Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: quem
são aquelas pessoas? Diremos... Que eram nossos amigos. E... isso vai doer
tanto!” E é claro que citei Casimiro de Abreu , cujos poemas eu os tinha
decorados, e que versificou sua saudade da infância: "Oh! que saudades que
eu tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos
não trazem mais!".
Rádio Cabugi |
Agora estou, sem dúvida, com uma saudade
a mais.
É escritor,
poeta, Jornalista Profissional e Bacharel em Direito.
Mais saudade! Há alguns anos escrevi uma crônica sobre saudade. E depois dessa crônica aconteceu muita coisa... “Uma saudade a mais”
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/25/2016 10:31:00 AM
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