Fugindo para frente; arar e saturar com sal
João Costa |
João
Costa*
A impressão que se tem é que chegamos a
2017 como se o Brasil estivesse fugindo para frente, deixando o passado recente
como capítulo aberto. O ano que passou não fecha, mas encerrou o episódio em
que o “Troféu Pinóquio” foi ganho, merecidamente, pelo Judiciário. No Brasil
atual é possível correr sozinho e chegar em segundo lugar – se houver convicção
e a literatura jurídica permitir. E a prova dos nove fora, nada?
O
enredo é surreal em que máscara cai no meio do espetáculo, e se desenha a
tragédia futura - um Réquiem para uma Nação dividida. Delenda Brasília!
Imaginem os senhores sobre o que o
Judiciário foi capaz em 2016. Decisões monocráticas derrubaram decisões
coletivas dos tribunais; Renan Calheiros fez o que fez com o Supremo, que se
mostrou não tão Supremo assim; tomou decisões que não valem nem para vaqueiros
– sabedores que são que decisões não valem também para banqueiros, desde que seja
“amigo dos amigos”.
A foto da confraternização e
premiação da revista Isto É, popularmente
conhecida como QuantoÉ, pode ser considerada a imagem de 2016; de múltiplas
interpretações, mas decididamente real. O país como ele é; as instituições como
elas são ou se transformaram. O sentido da lei virou segredo que revela-se a cada decisão e, no país após
o golpe, é possível correr sozinho e chegar em segundo lugar – se a literatura
jurídica permitir e convicção houver...
Do Rio Grande a São Paulo, passando pela
Paraíba, o quadro é surreal, mas é o que temos nas manchetes: “Prefeito eleito
deixa prisão para tomar posse”; “Réu por Compra de voto é Eleito Presidente da
Câmara de Porto Alegre”, “Prefeitos eleitos acionam Justiça para impedir
delapidação do patrimônio”. Liminares, mais liminares. Pandemônio!
Eis que de repente a Nação precisa de um
D. Sebastião , vivificado, adaptado aos dias atuais, que encarne para imensidão
de néscios uma salvação, ainda que resultado de milagres. Uma crise tamanha e
não há cadáveres nas ruas – salvo os mortos estupidamente pela violência banal
dos latrocínios; dos crimes passionais – que viram chacinas; da natural falta
de respeito pela vida. O povo se mata por motivos ridículos, esquarteja seus
corpos e não há causa que justifique. Não somos sírios; somos um povo de soluções
tabajara.
A preço atual, os organismos de estado,
a mídia nativa e as organizações da tal sociedade civil organizada, assumem a
essência das Organizações Tabajara, pois claramente saídos daquele extinto
humorístico Casseta & Planeta. Na
base do tudo é duvidoso, falsificado, inferior ao original. Do impeachment a
uma licitação para compra de sorvete. Das manchetes sobre tragédias naturais ou
humanas.
Os que fazem análises de futurologia
contam com a memória curta daquela mesma imensidão de néscios. Em textos ou
análises no rádio e na TV sobre retrospectivas e perspectivas a redação sempre
pede um tom de otimismo. Impossível!
Os poderes não eleitos pelo voto popular
conduzem o dia-a-dia da Nação. Não há saída coletiva desta crise. A aposta em
curso, de penalizar os de sempre – os mais pobres, os trabalhadores e, agora,
os idosos – parece a mais sedutora e está em curso.
Contam com tolerância e a certeza da eficácia
na manipulação dos fatos. Temos uma mídia que ao longo da história recente da
República, causa inveja a um Paul Joseph Goebbels.
Há setores da política e entidades civis
que ainda acreditam na democracia do voto como Salvação. Por isso pedem
Eleições Já!
Esquecem que virou hábito o desrespeito
ao resultado de eleições – em qualquer nível, incluso aí o Judiciário. As
elites jamais respeitariam um resultado eleitoral contrário aos seus ditames.
Então, a palavra chave é reset no sentido de reinicialização. Mas fico com o
mantra do antigo do sensor romano Catão. “Delenda Cartago”. Precisamos disso:
Delenda Brasília e tudo que ela representa!
Só uma pregação assim, talvez possa
selar o destino de Brasília. Não esquecendo no futuro de arar e saturar as
instituições com sal. Não carecem nem de maldição!
*João
Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de
assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do
Paraíba.com.br
Fugindo para frente; arar e saturar com sal
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/02/2017 07:29:00 AM
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