De João Para João é mais que duelo de palavras
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João Costa |
João
Costa*
“De João para João” sobe ao palco neste
1º de abril no seu templo merecido – o Teatro Santo Roza. De longe, o melhor
texto e espetáculo sobre a Revolução de 30 na Paraíba. Se o teatro pode ser
definido como um duelo de palavras, a peça protagonizada por Flávio Melo e pelo
diretor Tarcísio Pereira, é um duelo
pela posse da narrativa dos fatos históricos entre João Dantas e João Pessoa
sobre um piso maçônico. Pujante na interpretação, refinado na trilha sonora de
Eli-Eri Moura. E Tarcísio, um romancista e dramaturgo, agora reescreve História
exorcizando demônios paraibanos.
Sobre os fatos da História, a narrativa
se sobrepõe aos acontecimentos. Sobre os fatos que abalaram a Paraíba nos anos
1930, o que certos historiadores fizeram foi disseminar fumaça, erguer e
Mas aí surge Tarcísio Pereira, romancista e
dramaturgo, que ao escrever a peça “De João para João”, faz o que escritores
não fizeram: narrar os fatos sem contaminação de viés partidário ou credo
oficial, que de modo geral, mais catapultou prestigio acadêmico e social de
intelectuais das terras tabajarinas em detrimento da narrativa.
Narrar um fato histórico através de um
duelo de palavras não é fácil. Mas os diálogos em “De João para João” condensa
os acontecimentos de 1930 pela verdade de cada um – que é o que importa no drama. E são apenas
dois os protagonistas. É bem real que a narrativa de João Pessoa e seus
acólitos sobrepôs a de João Dantas. O espetáculo sinaliza em desfazer ou
desconstruir esse castelo de areia.
O jornalista Laurentino Gomes na sua
trilogia sobre História do Brasil, não teve falsos pudores para citar na
bibliografia dos seus livros, filmes, atores e diretores como referência e
dicas de consulta.
O que quero dizer é que não dá para
historiador algum, presente ou futuro, revisitar a Revolução de 30 sem incluir
a peça de Tarcísio Pereira na bibliografia.
Por coincidência, o espetáculo sobe ao
palco do teatro Santa Roza num 1º de abril – que encerra todo significado da
mentira. Um paradoxo ver num espetáculo teatral, aquilo que historiadores até
desprezam ou ignoram – a verdade de cada um.
Um presidente sifilítico, aristocrata e
dissimulado em confronto com um opositor passional, também oligarca, faces da
moeda política paraibana
A ação se desenrola sobre um piso xadrez
– preto e branco - uma simbologia que perpassa
os tempos, mas que que se consolidou como símbolo maçônico, lugar de
iniciação esotérica no duelo entre o bem e o mal.
E a interpretação de Flávio Melo não é
uma aposta. É um acerto definitivo de um grande ator. E Tarcísio Pereira, que
presentemente vive no exilio em Pernambuco, volta para lançar luz e vigor no
teatro paraibano.
“De João Para João” não é só um duelo de
palavrar ou pelo poder de ditar a narrativa da verdade histórica. É teatro.
Que sirva de exorcismo para
historiadores, encanto e deleite da plateia e de aprendizado para as novas
gerações de atores e atrizes do teatro paraibano.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
De João Para João é mais que duelo de palavras
Reviewed by Clemildo Brunet
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3/30/2017 10:46:00 AM
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