Temer não deu golpe sozinho e ritual autofágico!

João Costa

João Costa*

Em editorial, O Globo, pasquim da famíglia Marinho, “manda” Michel Temer renunciar; nos seus telejornais, colunistas afirmam que, quanto mais tempo Temer resistir no Planalto, menores são as chances de se escolher um substituto pelas normas legais atuais, ou seja, por via indireta. Colapso do golpe ressuscitou campanha  por Diretas, Já! Após três décadas. E Fora Temer! Mas ele não deu o golpe sozinho, tem de sair com seus aliados e seus  atos como presidente precisam ser anulados.

Temer está  encurralado e se segurando num gancho legal - “o foro privilegiado” - para não sair direto pra prisão,  e até que ajuda nesse movimento por “diretas, já!”. O que a Globo quer é eleição no Congresso para entronar na Presidência um preposto seu e,

assim, tocar as reformas que atormentam a Nação.

Temer não deu o golpe sozinho e sem o PSDB e demais partidos, o governo essa patranha política não existiria e todos nela mancomunados decidiram enfrentar o país. É o abraço de afogados!

O presidente usurpador subiu o tom. Falou forte ao discursar que “não renuncia”, em contraponto interno a várias tentativas de abandono de cargos por seus ministros.

O meio campo da coalização do golpe embolou. Parte da mídia ensaia uma operação abafa, colocando a economia como nuvem de fumaça e confunde parecer técnico com perícia, sai em defesa do usurpador, noticia dinheiro pra Lula e Dilma na Suíça v -depois diz que errou; OAB busca se recompor após ajudar a rasgar a Constituição e as Forças Armadas juram fidelidade à Constituição, não ao usurpador. Mas a Constituição é a Constituição ou aquilo que o Supremo Tribunal Federal interpretar que é?

Vivemos a quadra autofágica do país. Para revogar conquistas sociais, a coalização formada por parte do Judiciário, mídia familiar, setores da classe média e do empresariado não titubearam: optaram pela guerra de terra arrasada.

Inviabilizaram o frágil governo Dilma, potencializaram uma crise incipiente tornando-a monstruosa, com apoio do Supremo Tribunal Federal rasgaram a Constituição, jogaram milhões de brasileiros no desemprego, desmantelaram o estado, inclusive a indústria de Defesa.

Na caçada infindável ao ex-presidente Lula  deixam escapar conluios institucionais, antecipam tendências de ministros do STF. Temer está destruído, não governa mais. Tem dias contados: se não renuncia será expelido pelo TSE.  

Pelo lado das oposições, ressurge a bandeira pelas “Diretas, já”. É um filme reprisado.

Eleições em quais condições?

 Apenas para inquilino do Palácio do Planalto?

As ditas reformas, essência do golpe, serão retomadas num governo “legítimo?”

O Congresso Nacional segue intacto com a atual composição? Os partidos seguem os mesmos?

O Judiciário não será depurado?

O Ministério Público segue com seu ativismo político?

*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br