LEMBRANDO ALCIONE

Ignácio Tavares

Por Ignácio Tavares*

A primeira turma do Ginásio Diocesano de Pombal teve inicio em 1955 a 1958, quando concluímos o curso. Éramos um pouco mais de quarenta alunos concentrados numa unica sala.

Eram cinco fileiras de carteiras com assentos duplos sem regras para a alocação dos alunos segundo a idade. Mas, mesmo assim os mais jovens ficaram na fila próxima às janelas, pois tinham uma visão privilegiada do que se passavam fora da sala de aula.

Lá estavam Alcione Torquato e o irmão Pedrinho, Oriedy, Antonio da Caiçara, Bibia, Mordecai, Carlito Bezerra, Otony de Baruque, Carrinho, entre outros. Era esse grupo que torrava a paciência dos professores.

Certa vez o carrancudo Salvante Dias, professor de inglês, estava a escrever algumas frases no quadro negro, quando Alcione deixa escapar de propósito um "pum" que chama atenção de toda classe. Salvante volta-se pra turma e pergunta: quem foi esse mal educado? Silencio...

Nicodemos Abrantes levanta-se como se fosse denunciar o autor do "pum". Que nada, jogou mais água na fervura com esses versos:

Silencio perfeito,

Silencio profundo

Silencio no peito

Silencio no fundo...

Foi uma gargalhada geral, inclusive do professor Salvante que deu por encerrada a aula. Isso mesmo, Alcione, de saudosa memória, era quem mais perturbava, mas guardava respeito ao seu padrinho padre Vicente, que vez por outra ia a sua casa conversar a com a sua mãe dona Sinhá a fim de pedir mais em empenho dos dois filhos em sala de aula, o que via de regra não acontecia.

A família Torquato foi residir no Maranhão onde Alcione retomou seus estudos, formando-se em odontologia. Vez por outra vinha a Pombal, principalmente na festa do Rosário quando tivemos oportunidade de relembrar os bons dias no tempo do Ginásio Diocesano de Pombal. Faleceu prematuramente de um câncer de próstata deixando esposa e filhos...