A MORTE DE JOÃO PESSOA
Por Severino Coelho Viana*
Celebramos uma
data marcante na história da Paraíba, justamente faz 89 anos da morte do
Presidente João Pessoa (hoje governador) da Paraíba, quando três balaços
disparados no peito do nosso governante mudou o nome da Capital de Parahyba
para João Pessoa.
Historicamente, a fundação desta cidade se deu no
dia 05 de agosto de 1585, João Pessoa já nasceu cidade. Sem nunca ter passado
pela designação de vila, povoado ou aldeia, visto que foi fundada pela Cúpula
da Fazenda Real, uma Capitania da Coroa, é considerada a terceira cidade mais
antiga do Brasil.
E assim o fato aconteceu:
Precisamente, ás 7 da manhã, O Presidente da Província já estava sentado no banco
traseiro do Buick preto, saindo do Palácio do Governo da Paraíba. A primeira
parada no Recife ocorreu no Hospital Centenário, que hoje é o Hospital dos
Servidores do Estado, na Avenida Rosa e Silva. Visitou um dos pacientes, o juiz
Cunha Melo, um amigo de longas datas. João Pessoa expôs uma pendenga jurídica,
a liberação de material bélico que estava no Porto do Recife e serviria para o
Governo da Paraíba enfrentar os combatentes e revoltosos do Município ou
território livre de Princesa Isabel.
Depois deste primeiro compromisso, o chefe político paraibano, que
havia disputado como vice-presidente de Getúlio Vargas as eleições
presidenciais de março (a chapa vitoriosa foi a de Júlio Prestes com apoio do
presidente Washington Luís), se encontra com o usineiro Caio de Lima Cavalcanti
para dar um passeio pelo centro do Recife. Vão à Joalheria Krause, na Rua do
Imperador. O visitante ilustre compra uma joia para a filha que mora no Rio de
Janeiro e dá o endereço para lhe ser entregue.
Prossegue o périplo do governante paraibano: continua o passeio a pé pelas ruas centrais da capital pernambucana. É
reconhecido pelos recifenses e saudado com entusiasmo. Ao meio-dia, a fome
começa a dar sinais e João Pessoa vai almoçar no Restaurante Leite, que até
hoje funciona no mesmo lugar, na Praça Joaquim Nabuco, ao lado da Antiga Casa
de Detenção. Caio de Lima Cavalcanti havia convidado também Agamenon Magalhães
– futuro interventor e governador de Pernambuco. A conversa girou em torno do
movimento golpista encabeçado por Getúlio Vargas, conhecido como “Revolução de
30”, que derrubou o presidente Washington Luís, impediu a posse do presidente
eleito Júlio Prestes e levou Getúlio a sentar na cadeira de Presidente do
Brasil por longos 15 anos. Os líderes políticos de Pernambuco queriam
convencer João Pessoa a aderir ao movimento. De tradição legalista, o político
paraibano não se convenceu.
Perto das quatro da tarde, saem do atelier do fotógrafo Piereck, na
Rua da Imperatriz, seu amigo pessoal, que o fotografa. O líder paraibano jamais
imaginaria que aquele seria seu último retrato.
Do ateliê, caminham em direção à Confeitaria Glória para tomar um
chá antes da volta de João Pessoa à Paraíba. Pouco tempo depois do chá, quando
ainda estão na mesa, entra na Confeitaria o advogado João Dantas. Aproxima-se
da mesa, saca um revólver calibre 32 e dispara três tiros certeiros no seu
desafeto político. A vítima ainda recebe atendimento numa farmácia, mas não
resiste aos ferimentos. Estava morto um dos líderes políticos de destaque na
Paraíba e no Brasil. Seu algoz foi preso logo em seguida e confessou o crime
alegando a “defesa da honra”, pois tinham sido divulgados no jornal do Governo
da Paraíba, A União, cartas de amor que havia trocado secretamente com sua
amante, a professora Anayde Beiriz.
Era uma tarde tranquila do dia 26 de julho de 1930,
uma sexta-feira. Na elegante confeitaria Glória, na Rua Nova, tinha acabado de
tombar sem vida o presidente da Paraíba, João Pessoa, atingido por três balaços
disparados pelo seu inimigo figadal e conterrâneo, o advogado João Dantas.
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque nasceu no
Município de Umbuzeiro, no dia 24 de janeiro de 1878 e morreu em Recife, 26 de
julho de 1930. Há 89 anos, morria o governador da Paraíba e de acordo com
alguns historiadores, sua morte teria sido uma das causas da Revolução de 1930
que depôs o presidente Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao Poder.
Filho de Cândido Clementino Cavalcanti de Albuquerque e Maria de
Lucena Pessoa (irmã do ex-presidente da República Epitácio Pessoa), João Pessoa
fez seus primeiros estudos em Umbuzeiro. Em 1889 foi levado para a cidade de
Guarabira, no brejo paraibano, por sua tia paterna, Feliciana Cavalcanti de
Albuquerque Paes Barreto casada com o capitão do exército Emílio Barreto.
Com a transferência do tio para o Rio de Janeiro foi morar na
capital federal, mudando em seguida para o estado da Bahia. Em 1894, João
Pessoa volta à Paraíba, ingressa no Lyceu Paraibano e incorpora voluntariamente
no 27º Batalhão de Infantaria. Após várias mudanças, chega ao Recife onde se
graduou como bacharel em Direito na Faculdade de Direito do Recife em 1904.
Nessa mesma turma se formou Clodomir Cardoso (1879-1953), jurista e político
maranhense. Passou algum tempo de sua vida nos estados do Rio de Janeiro e do
Pará.
Em 1905 casa-se com Maria Luiza de Souza Leão Gonçalves, filha do
senador, ex-governador e Desembargador Sigismundo Antônio Gonçalves.
No dia 22 de junho de 1928, João Pessoa foi eleito presidente
(governador) da Paraíba, pelo Partido Republicano e, empossado três meses
depois. No ano seguinte, rompeu com o governo federal ao rejeitar a candidatura
de Júlio Prestes para a presidência da república.
Durante dois anos de governo, reduziu a sonegação de impostos,
equilibrou a economia do Estado e estimulou a agricultura e a indústria.
Realizou várias obras, entre elas, a Av. Epitácio Pessoa e o porto de Cabedelo.
Paralelamente à campanha presidencial, articulou em seu partido a
renovação total da bancada paraibana no Senado. A medida visava afastar João
Suassuna, ex-presidente do Estado e então deputado federal - e aliado de
famílias poderosas do interior, insatisfeitas com o governo de Pessoa. A
proposta de renovação não foi aceita pelo partido, causando uma quebra no PRP e
a reação armada no município de Princesa. Foi derrotado nas urnas na campanha para
a presidência e teve de enfrentar diversos levantes no interior da Paraíba. Sem
apoio do governo federal ou dos Estados vizinhos, não conseguiu controlar as
revoltas e a Paraíba passou a receber tentativas de intervenção de Washington
Luís.
João Pessoa promoveu uma reforma na estrutura
político-administrativa, instituiu a tributação sobre o comércio entre o
interior paraibano e o porto de Recife, medida que gerou descontentamento entre
os fazendeiros do interior. Defensores de João Pessoa alegam que ele combateu
as oligarquias locais e era contrário aos interesses de grupos tradicionais,
embora sua origem fosse de família de oligarcas.
Foi assassinado por João Duarte Dantas, seu adversário político,
jornalista, cuja residência fora invadida por elementos da polícia,
supostamente a mando de João Pessoa, que culminou com a publicação nos jornais
da capital do estado de cartas íntimas trocadas com a professora Anaíde Beiriz.
No ano de 1997 as cinzas do presidente João Pessoa e de sua esposa,
Maria Luíza, foram transportadas para a capital paraibana e colocadas em um
mausoléu construído entre o Palácio do Governo e a Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Paraíba.
João Pessoa, 26
de julho de 2019.
*Escritor pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa - PB
A MORTE DE JOÃO PESSOA
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/26/2019 10:02:00 AM
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2 comentários
Tenho 38 anos só agora ficou mas claro o porquê da palavra NEGO na nossa bandeira rsrsrs brigado doutor Cremildo...
Severino Coelho Viana brigado
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