Um País Sério Se Faz Com Homens, Leis e Ética Cristã
Genival
Torres Dantas*
Nicolau Maquiavel, 1469/1527,
filósofo, nascido em Florença, Itália, sua obra enquanto escritor corresponde
ao número de 20 obras principais, dentre elas “O Príncipe” é a obra prima do
autor, sem dúvida a mais conhecida e polêmica, tanto é que a igreja católica a
proibiu, além de outros castigos recebidos pelo Maquiavel.
Existe uma confusão muito grande
gerado em torno do “o Príncipe”, tudo por falta de interpretações, mais
esmiuçada, do seu contexto, trata-se de um tratado em que sua narrativa leva os
políticos do céu ao inferno passando pelo paraíso e cujo desenrolar e tratado
no tempo pretérito, algumas situações no presente, deixando de lado o futuro,
normalmente esse tempo é usado pela grande maioria dos pensadores em suas
obras.
Dessa forma e sendo os conselhos
e informações colocados no fato já concreto Maquiavel passou a ser um pensador
realista e não futurista. E por ser objetivo sempre tratando a realidade dentro
da ética política e cristã, as duas não se combinam, levando os leitores a
determinar o autor como cruel e generoso ao mesmo tempo. Essa bipolaridade em
termos de atuação transformou Maquiavel em maquiavélico, sinônimo de pérfido,
proditório, hipócrita e tantas outras desqualificações imputadas ao seu
pensamento.
Infelizmente o leitor, muitas
vezes se esquece de que Maquiavel aos 29 anos já era um ativo batalhador pela
manutenção da República, na sua terra natal, Florença, exercendo o cargo de
segundo secretária da Chancelaria, cargo esse de muita relevância na República
de Florença.
Depois de 14 anos no cargo o
nosso referenciado é demitido, praticamente desterrado e isolado numa pequena
propriedade que lhe restou, depois de ser maltratado e humilhado pelo governo
que ele tanto defendeu, administrava a República de Florença, Lourenço de
Médici, de quem tinha sido grande amigo. Convém ressaltar que a obra “O
Príncipe” foi escrita em 1513 e lançada postumamente em 1532, portanto, o autor
não pode usufruir do sucesso da sua obra.
Há quem afirme que “o Príncipe”
foi escrito apenas para agradar Lourenço de Médici Neto, quando esse se tornou
o governante de Florença e Maquiavel queria recuperar o posto perdido no
governo. O grande problema do Maquiavel foi ele ter se tornado maldito, na
concepção geral, pois seu pensamento era conflitante.
Enquanto preconizava que o
político devia ser do bem, também afirmava que o político que usava o preceito
positivo, quando praticava apenas o estoicismo estava fadado ao insucesso, era
então seguidor da teoria da regra quando se afirma que os meios justificam os
fins, mesmo sabendo que essa frase nunca foi pronunciada por ele.
Maquiavel teve e tem o rótulo de
vulnerável, quando na realidade ele apenas sabia que o uso do bem o tempo todo
sem a aplicação do mal, por alguns momentos, em benefício do povo era uma
prática improdutível e não fazia do político um vencedor.
Fazendo um paralelo entre “O
Príncipe” idealizado por Maquiavel chegamos à conclusão que o presidente Jair
Bolsonaro tem certa semelhança com aquele príncipe de 500 anos atrás, com os
três eus bem caracterizados nos comportamentos do nosso presidente.
O eu que a esquerda acredita que
seja feito o Bolsonaro, com toda sua impulsividade e maledicência,
verdadeiramente desumana e tirana; o eu visto pela direita sensata que sabe
entender os dois lados, o bem e o mal nas suas atitudes e o eu da direita
fanática que não enxerga o lado negativo, dessa forma, verdadeira cega
política, sem nenhum critério quando chamado ao julgamento, simplesmente
ausente de imparcialidade. Ainda há o quarto eu, aquele que o Bolsonaro acredita
sê-lo.
Os últimos acontecimentos no
Executivo brasileiro têm nos deixado bastante intrigados não só pelos
acontecimentos em si, mas pelo grau de desrespeito que o presidente Bolsonaro
tem usado para com o, e principalmente, ministro Moro, da Justiça e Segurança
Pública, quando ele pensa em dividir o cargo que é ocupado pelo ministro,
apenas por pressão política e por aqueles que querem Sergio Moro longe da
disputa política, sabem esses que o ministro será uma pedra no sapato de todos
eles, pela sua coerência, credibilidade, honradez, reconhecimento público e
tantos outros predicados apesentados por Sergio Moro.
O fato de o presidente ter
reconsiderado a possibilidade de desmembramento do ministério do Moro e
retrocedido na sua ideia o mantém, o Bolsonaro, como uma pessoa inconstante e
sem a ponderação esperada de uma autoridade do seu porte. Acreditamos que o
nosso presidente se encontra dentro da margem da existência dos políticos que se
dão bem pelo simples fato de usar o bem para mostrar ao público seu lado
positivo, oscilando com pitadas de maldades na tentativa de manter o equilíbrio
do seu governo.
Como eu acredito na ética Cristã
e abnego da ética política, por mil razões, considerando esse fato, vejo com
preocupação toda e qualquer administração, pública ou privada, composta de
determinados princípios que fujam da racionalidade, justiça e distância dos
valores humanos. Já tivemos, recentemente, exemplo de uma um governo tirano em
nossa República, abjudicamos qualquer tentativa nesse sentido novamente em
nosso País.
Genival
Torres Dantas
*Poeta,
Escritor e Jornalista
genivaldantasrp@gmail.com
Um País Sério Se Faz Com Homens, Leis e Ética Cristã
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/27/2020 05:24:00 AM
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