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AOS SETENTA ANOS: IDOSO SIM, VELHO NÃO


Setentão Vieira
Prof. Francisco Vieira*

Feliz o setuagenário em pleno gozo da saúde e das faculdades mentais.

A propósito, muitas razões justificam minha felicidade aos setenta anos. É que a terceira idade, não é um mero acontecimento, mas, um estado de espírito que sintetiza décadas de vida, história e conhecimento.

Nesta idade, trago uma bagagem de emoções, acumuladas durante sete décadas de lutas, obstáculos, desafios, sobretudo, alegrias e vitórias. Tudo isso se resume em experiências que certamente hão de me servir no tempo que me resta.

A memória ainda aguçada me permite enxergar a criança alegre, travessa e o jovem sonhador de outrora, ressuscitando lembranças dos tempos mais puros da minha vida. É impossível voltar a infância e a adolescência, contudo, desejaria viver novamente as mesmas sensações e aventuras da época.

Hoje na melhor idade, nada a lamentar, mas, tudo a agradecer. Dou graças pela vida longa e a vantagem da experiência que me permite lidar com diversas situações. A soma dos anos não me constrange, só me alegra e satisfaz. É que esta fase é privilégio de poucos, além do que tenho motivos demais para comemorar. A idade avançada e a mente renovada me fazem um idoso feliz.

Sou feliz por desfrutar de uma vida saudável e viver intensamente cada dia como se fosse o primeiro do resto da existência. Feliz por gozar do amor da esposa e dos filhos, bem dos irmãos, amizade do genro e nora, carinho dos netos e respeito dos amigos.

Sou um idoso feliz ao recordar o passado e dele tirar lições para a vida; ao contemplar o ontem, ver o que consegui construir, saber que superei dificuldades e venci.  Como amante do bom e do belo me encanto ao som da boa música e me deleito sobre um bom livro, inclusive de minha lavra, em exaltação a minha terra.

Enquanto o tempo passa inexorável, com a sabedoria dos idosos, controlo a vida numa relação harmoniosa entre direitos e deveres, desejos e limites, ações que justificam ser o idoso a voz da experiência. 

Há marcante diferença entre o idoso e o velho que se manifesta na maneira de pensar de cada um. O idoso tem visão futurista, o velho se volta para o tempo que se foi. Se o velho já dorme, eu, como idoso, sonho acordado. Ainda sinto amor pela vida, tenho planos e esperanças.      

Como idoso sinto a vida passar em seu tempo, sem, contudo, envelhecer. As rugas do rosto são marcadas pelo sorriso e espírito ainda jovial, enquanto no velho são sinais de amargura e sofrimento.

Ao completar setenta anos, numa apologia a vida, exalto a terceira idade. Esse dia é especial, único. Outros setenta certamente não virão. É tempo de agradecer.
Bom seria que o prazer dos setenta fosse duradouro. Oh! Deus. Que o Senhor me poupe prolongando meu tempo de vida. Que eu nunca seja velho, mas idoso, para comemorar ao lado de quem amo os dias que virão.

Obrigado Deus por ser idoso sim, velho não.

*Professor e Escritor

Pombal, 08 de julho de 2020.
AOS SETENTA ANOS: IDOSO SIM, VELHO NÃO  AOS SETENTA ANOS: IDOSO SIM, VELHO NÃO Reviewed by Clemildo Brunet on 7/08/2020 06:15:00 AM Rating: 5

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