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DE ARRAIAL DE PINHANCÓ À CIDADE DE POMBAL: 322 ANOS


Pombal - PB
Jerdivan Nóbrega de Araujo*

Pela primeira vez, depois da aprovação da Lei Municipal de iniciativa do vereador Josival Feitosa, a cidade de Pombal vê feita justiça e passa a comemorar a sua real data de fundação: 27 de julho de 1698, data em que os conquistadores fincaram suas bandeiras no sertão paraibano e decidiram ali fundar um núcleo habitacional. Ao comemorar erroneamente o 21 de julho como a data da sua fundação, Pombal perdia, em sua história, 165 anos.                                                                        

Não existe uma data precisa que possamos afirmar que, naquele ponto em particular, teve início a ocupação dos sertões de Piancó e Piranhas, assim como não é correto dizer que “se deu no final do século XVII, por volta de 1698, quando Theodósio de Oliveira Ledo, depois, de investidas perseguições contra os índios remanescentes das nações Tairairus – Curema e Panati – atingiu o local onde estão fincados os marcos de fundação do Arraial de Pinhancó”, como afirmam alguns estudiosos do assunto, confundindo a ocupação da região com a fundação do Arraial do Piancó, o que de fato ocorreu em 1698.

Em 1670, Antônio de Oliveira Ledo, tio de Theodósio, desceu o rio São Francisco e veio fundar as cidades de Boqueirão e Cabaceiras, e então partiu para o desbravamento do sertão paraibano e riograndense, sendo ele o primeiro capitão-mor das Piranhas e Piancó que se tem registro. 

O “desbravamento” das regiões tinha como fim a ocupação de terras e fundação dos currais; ao contrário, não fazia sentido o investimento em tão arriscada empreitada.
Em 1694, quando recebeu a patente de Capitão-mor, Theodósio e sua família já residiam nos sertões da Paraíba, região da qual era capitão-mor o seu falecido irmão Constantino de Oliveira Ledo. Antes, o cargo foi ocupado pelo   seu tio, Antônio de Oliveira Ledo. É o que se compreende das primeiras linhas da concessão da sua patente de capitão mor:
“Porquanto pelo fallecimento de Constantino de Oliveira, ficou vago o posto de Capm-Mor das fronteiras das Piranhas, Kariris e Pinhancós”

Posteriormente, a carta da concessão de patente relata:

 “fazem benemérito de ocupá-lo   Theodósio de Oliveira Ledo irmão do mesmo Cosntantino de Oliveira; e me haver S. Magde. .encarregando que mande assistir naquelle ponto algumas aldeias com 20    soldados pagos e seu cabo, para se evitarem os assaltos, que por aquella parte dam os Barbaros aos moradores com muitas mortes e estragos de suas fazendas e escravos; e tendo juntamente respeito ao merecimento do dito seu irmão primeiro descobridor e povoador daquelles certões donde continuou muitos annos em defensa daquella campanha e moradores com grande despeza de sua fazenda; esperando que como elIe proceda em seu real serviço e segurança daquelles povos”

Vejam que a preocupação do governador geral Dom João de Lencastro era dar proteção aos moradores (o que já vinha sendo feito por Constantino de Oliveira Ledo), e evitar assaltos às suas fazendas e escravos. Portanto, não eram poucas as fazendas já instaladas na região.

Somado a isso, com a morte de Theodósio de Oliveira, em 1732, seu filho escreve à Casa da Torre dos  D’Avila,  pedindo o subarrendamento de duas fazendas denominadas “Bom Sucesso” e “Araçás”, que anteriormente eram aforadas  a seu pai, o que nos leva a entender que, bem antes, a Casa da Torres já  havia tomado posse de datas na região do Piancó, vinda dos sertões de Pernambuco, onde já havia subjugado os Cariris; isso na primeira do século XVII.

No ano de 1694, a fim de registrar na secretaria do governo a patente de sua nomeação como capitão-mor das Piranhas, Cariris e Piancó, Theodósio viajou à capital da província.  Ele fez uma segunda viagem à capital no início de 1697, ano em que recebeu do governador da Paraíba, Manuel Soares de Albergaria, a missão de voltar e fundar ali um povoado para dar mais segurança aos moradores daqueles sertões.

O arraial fundado por Theodósio em 27 de julho de 1698 primeiramente fora nomeado Arraial do Piancó. Depois, Arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Pinhancó e, em seguida, Vila Nova de Pombal, em 04 de maio de 1772, quando ocorre a sua emancipação política.

Em 21 de julho de 1862, a Vila de Pombal ascendeu ao status de cidade, sem a  necessidade de adquirir autonomia municipal, porque isso já lhe havia sido assegurado em 04 de maio de 1772, ao ser elevada à categoria de Vila, ocasião em que foram realizadas as eleições livres para o preenchimento dos cargos oficiais da Câmara, elegendo-se o presidente do Judiciário e da Câmara, o capitão-mor Francisco de Arruda Câmara, pai do intelectual  Manuel de Arruda Câmara, do filho homônimo Francisco de Arruda Câmara, de Maturniana de Arruda Câmara e de Emerenciana de Arruda Câmara. A denominação da cidade foi uma homenagem à Ribeira de Pombal, cidade portuguesa.

Em 1711, o rei autoriza ao governador João da Maia Gama a criação do Julgado do Piancó (Pombal), o primeiro marco de organização judiciária no sertão da Paraíba. Assim, foi nomeado Juiz Ordinário o coronel Manoel Araújo de Carvalho, além de Escrivão e Tabelião.

Em 24 de janeiro de 1721, teve início no Arraial de Piancó a construção da sua segunda igreja, hoje chamada de Igreja de Nossa Senhora do Rosário. A terceira igreja de Pombal, atual Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, foi concluída em 1897.

Jerdivan Nóbrega de Araújo
*Pesquisador
DE ARRAIAL DE PINHANCÓ À CIDADE DE POMBAL: 322 ANOS DE ARRAIAL DE PINHANCÓ À CIDADE DE POMBAL: 322 ANOS Reviewed by Clemildo Brunet on 7/27/2020 04:13:00 PM Rating: 5

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