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WALDICK FEZ PARTE DA MINHA VIDA!

Waldick Soriano (Foto)
João Costa* O Brasil vai bem, mas o que lasca é a trilha sonora. Sim, porque se a música brasileira ficou pobre, ao contrário de 45 milhões de pobres que ascenderam à classe média nos últimos anos, ficou paupérrima com a morte de Waldick Soriano. Ou O Maldito, pois era assim que era referenciado por gente de rádio do quilate como Clemildo Brunet, Genival Severo, Macilon Gonzaga, Zé Costa, meu irmão, e Otacílio Trajano. Ao abrir o jornal pela manhã do dia 4 de setembro, leio que Waldick permanecia internado em estado terminal no Rio, vítima de câncer na próstata. Mas naquele momento em que lia a notícia, O Maldito já havia partido. A notícia sobre sua morte, soube pouco depois. Mas o fato não tem importância, porque o bom da vida é a morte, melhor ainda quando só chega aos 74 anos, no caso de Waldick. Waldick fez parte da minha vida. Cresci com os ouvidos grudados nas rádios Olinda, Clube de Pernambuco, Jornal do Comércio, Rural de Caicó e Alto Piranhas, de Cajazeiras. Mais: quando os ouvidos não estavam grudados no rádio, estavam sendo bombardeados por meu pai, o Velho Chicó, proprietário de uma radiola Philips, depois outra, A Voz de Ouro, e o som na caixa era só Waldick, Adilson Ramos, Cláudia Barroso, Vicente Celestino e, claro, o som da modernidade: a Jovem Guarda. Mas Waldick liderava a parada de sucesso, que era consolidada quando o Parque de Diversões Maia aparecia em Pombal, uma vez por ano, e lá estava a voz dele, de novo. Era praxe acabar namoro só para ficar roendo pela amada, ouvido Waldick. Seu sucesso nacional só veio depois, na década de setenta, quando as emissoras de TV brigavam por ele, não porque o considerasse bom, mas porque seu estilo era romântico, e eles, Chacrinha, Sílvio Santos e outros rotulavam de brega, no sentido de coisa ruim, música do povo, e etc. Estourou mesmo com a música “Eu não sou cachorro, não”, que virou bordão popular. Diante da sua discografia essa música nem chega a ser das melhores, mas marcou e reverberou em todas as classe sociais. Foi influenciado pelo cinema de faroeste e resolveu adotar o estilo do personagem Durango Kid --foi assim que acessórios como o chapéu preto passaram a fazer parte de seu visual. Em 1958, como tantos outros cantores nordestinos, resolveu ir tentar a vida em São Paulo. Queria ser cantor ou artista de cinema. Para sobreviver, enquanto a oportunidade nas rádios não surgia, foi faxineiro, servente de pedreiro, motorista de caminhão e engraxate. O primeiro contrato profissional como cantor e compositor foi assinado em 1960, com a gravadora Chantecler, ano em que lançou seu primeiro disco, um 78 rpm com os boleros "Quem És Tu" e "Só Você”. Se alguém aí jamais parou para ouvir sua música, tente ouvi-la e compare. Não faça como editores de Segundo Caderno ou de Cultura, que são campões no preconceito contra a música popular. Compre o DVD dirigido por Patrícia Pillar, campeão de venda nos camelôs de CDs piratas. Confira a discografia: "Quem és tu?/Só Você" (1960) Chantecler 78 "Ninguém é de Ninguém" (1960) Chantecler 78 "Dona do Meu Coração/Mais uma Desventura" (1961) Chantecler 78 "Perdão pela minha dor/Amor de Vênus" (1961) Chantecler 78 "Sede de amor/Renúncia" (1961) Chantecler 78 "Waldick Soriano" (1961) Chantecler LP "Fujo de ti/Tortura de amor" (1962) Chantecler 78 "CiúmeS/Desunião" (1962) Chantecler 78 "Homenagem a Recife/Amor numa serenata" (1962) Sertanejo 78 "Cantor apaixonado" (1962) Chantecler LP "Quem é você?/Vestida de branco" (1963) Chantecler 78 "Foi Deus/Errei Senhor" (1963) Chantecler 78 "Pobre do pobre/Se eu morresse amanhã" (1963) Chantecler 78 "Motivos banais/É melhor eu ir embora" (1963) Chantecler 78 "A justiça de Deus/Tu és meu mundo" (1963) Chantecler 78 "Manaus, meu paraíso/Pisa no calo dele" (1963) Sertanejo "Enfim você voltou/Pensei que estava sonhando" (1964) Chantecler 78 "Eu vou ao casamento dela/A maior injustiça do mundo" (1964) Chantecler 78 "O elegante Waldick Soriano" (1964) Chantecler LP "Como você mudou pra mim" (1965) Chantecler LP "Waldick sempre Waldick" (1967) Copacabana LP "Boleros para ouvir, amar e sonhar" (1967) Copacabana LP "Waldick" (1968) Continental LP "No coração do povo" (1970) Continental LP "Eu também sou gente" (1972) RCA LP "Ele também precisa de carinho" (1972) RCA LP "Segue o teu caminho" (1974) RCA LP "Quero ser teu escravo" (1978) RCA LP "Waldick Soriano ao Vivo" (2007) SomLivre CD/DVD Um baú rico da nossa música popular. Depois de me diga se a música brasileira não está paupérrima sem sua música. Waldick fez parte da minha vida. PS: dedicada a Clemildo, Genival, Otacílio, Macilon. Zé Costa e Patrícia Pillar, que só conheço através das novelas. Assim caminha a Humanidade!
*Radialista, Jornalista, Diretor de Teatro, além de estudioso de assuntos ligado à Geopolítica. Atualmente é repórter de política do paraiba.com br
WALDICK FEZ PARTE DA MINHA VIDA! WALDICK FEZ PARTE DA MINHA VIDA! Reviewed by Unknown on 9/09/2008 07:21:00 AM Rating: 5

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