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NOSSA HIPOCRISIA.


Por Jerdivan Nóbrega de Araújo*

As flores que colhemos para enfeitar o nosso cortejo e que ficariam mais belas no campo é o símbolo maior da nossa arrogância e da nossa hipocrisia.
Vestir-nos com a pele de outros seres para nos sentirmos mais belos é como roubar do dono da péle a beleza que só a ele cabe.
Matamos os tubarões por que as suas barbatanas nos valem uma bela sopa; e no super mercado, fazemos a maior feira, enchemos o carrinho do que, em casa, da metade não saberemos o que fazer: jogaremos ao lixo. Somos previdentes e pro-ativos e, por tanto, também produzimos pessoas que consomem nossos lixos.
Matamos índios pelas florestas que lhes dão o sustento, vemos na TV Madona adotar negros para a sua satisfação, muito mais do que da criança e achamos que ela está colaborando para o fim da miséria no continente mais pobre do mundo. Os brilho dos diamantes em seus dedos ofuscam da nossa visão as amputações de muitas mãos de homens, mulheres e crianças africanas. São os verdadeiros diamantes de sangue.
Os ingleses se aliviam em sanitários cujas tampas são esculpidas em Mógnos, extraídos da devastada Amazônia, mas, eles nos mandam as ONGs para salvar a selva, após se aliviarem, e isto nos basta.
Criamos as gripes, lhes damos nome de animais e em seguida ganhamos milhões com a vacina oportuna, que estava encalhada em algum baú criogênico.
Temos a cura do Câncer e da AIDS em alguma proveta, trancada a sete chaves por que as doenças nos enchem os cofres mais do que a cura. Fabricam-se as doenças nas mesmas linhas de montagem que se fabricam a cura.
Não temos dinheiro para alimentar os famintos, educar as crianças, confortar os velhos, mas construímos maquinas capazes de reproduzir o Big Ben, que custaram bilhões de dólares só para provar que, se há um Deus, ele estava errado.
Condenamos assassinos a morte em nome do Estado, mas não nos sentimos assassinos. Nossos carros estão cada vez mais velozes, mesmo não tendo mais aonde irmos. Nossos aviões estão cada vez maiores em nome do lucro rápido, porém, nossas vidas banalizadas em nome deste capital.
Celulares e outros eletrodomésticos cada vez tem mais recursos dos quais, ou não sabemos para que servem ou não servem para o que queremos. Porém, estamos sempre à espera do ultimo lançamento.
Construímos bombas que matam em massa como se a morte respeitasse fronteiras políticas. Negamos o holocausto, mas qual? O africano? O coreano, o Mexicano, O chinês? Quais holocaustos se têm para negar? Curdos, nordestinos? Temos a escolher.
É terrorismo explodir bombas contra inocentes em nome de religiões, mas, não é terrorismo explodir países em nome do petróle.
Estamos no limite da nossa hipocrisia; desafiamos a natureza, transformamos as crianças em objetos sexuais, transformamos os mares em lixões, devastamos as selvas e exilamos seus moradores. Nos acharmos inteligentes e dono da verdade, do poder sem limite e sem conseqüência e, assim, caminhamos para um mundo sem a nossa presença um mundo sem ninguém. Talvez ai o planeta terra passe a dá certo. Já foi assim um dia, afinal.
*Escritor pombalense.
NOSSA HIPOCRISIA. NOSSA HIPOCRISIA. Reviewed by Clemildo Brunet on 5/26/2010 05:53:00 PM Rating: 5

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