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A ESTREIA DE "ANTONINHA"

OPINIÃO DE
W. J. Solha*

A ESTREIA DE “ANTONINHA”

No dia 16 – sábado que vem – será o lançamento do primeiro curta-metragem de ficção do Laércio Ferreira, lá no sítio Acauã, município de Aparecida, alto sertão da Paraíba:
Depois de fazer um homem que é dono de todo o bairro de Setúbal, no Recife, em “O Som ao Redor” ( primeiro longa de Kléber Mendonça Filho ), e o de um bancário aposentado doente, em “Era uma vez Verônica” ( terceiro filme do Marcelo Gomes ), eis-me – pra encerrar 2010 - Coronel João Bezerra Wanderley, vivendo os dramas de um velho envolvido com a seca verde e uma adolescente que de verde não tem nada, lá pelos anos 30, no dito-cujo “Antoninha”, que acabará sendo dado à luz antes dos lançamentos pernambucanos, confirmando que na verdade os últimos serão sempre os primeiros:
Não vou entrar em detalhes sobre o enredo antes da estreia, mas acho que a Paraíba vai gostar da sutileza com que o roteirista-e-diretor Laércio Ferreira Filho criou os perfis da jovem Antoninha e do coronel, numa história que tem, por isso, uma simplicidade apenas aparente, fácil de assistir mas capaz de render longas análises psicológicas, econômicas, históricas, antropológicas, fílmicas, estéticas, etc, etc.

Não vou estar nessa apresentação do curta ( tem 18 minutos), porque, além de avesso a festas e eventos similares (por isso não lancei meu romance “Relato de Prócula”), eu – tal e qual Carlos Gomes, que não assistia às estreias de suas óperas – não quero estar lá pra discutir o que fiz ou deixei de fazer no filme. Conheço minhas limitações (confesso que fiquei surpreso com tanto convite pra atuar, no ano passado) e nunca estou satisfeito com o que faço. Vi o “Antoninha” quase-quase pronto, gostei da fotografia do João Carlos Beltrão, do desempenho de debutante Ágatha ( que faz a personagem titular), de Gina (que faz Idalina, esposa do Coronel), de Marcélia Cartaxo (que interpreta a mãe de Antoninha), Nanego (que faz o pai) e Marcus Barbosa (que faz o padre), mas ponho ressalvas em minha participação, e nisso não vai falsa modéstia.
Quando o Heleno ( Heleno Bernardo Campelo Neto) me convocou para o elenco, eu estava na última semana do longa do Marcelo Gomes, no Recife, numa exaustão jamais sentida antes na minha vida (pois já vinha do filme de Kléber Mendonça), e me recusei a participar do trabalho. Heleno insistiu, mandou-me o roteiro, de que gostei muito, mas vi outro inconveniente na aceitação: achei que o papel deveria ir pra alguém não tão velho (acabo de completar setenta. Mas, bem: respeito demais o amigo Heleno, tiro o chapéu pro Laércio (figura importantíssima na efervescência cultural da região em que vive ), conversamos muito sobre a coisa toda, acabei engajado na obra. O Coronel poderia ser, no entanto, personagem bem mais fascinante do que aquele que consegui criar, e isso – imagino - resultaria num filme digno do roteiro e direção do Laércio, da produção do Heleno, do esforço de todo o elenco, bem como da equipe técnica.

É apelar pra que eu esteja enganado.

*W.J. Solha - Escritor, Dramaturgo e Ator

Fonte: eltheatro11@eltheatro.com
Editor: Elpídio Navarro
A ESTREIA DE "ANTONINHA" A ESTREIA DE "ANTONINHA" Reviewed by Clemildo Brunet on 7/09/2011 05:17:00 PM Rating: 5

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