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POMBAL FEST VERSUS CENTRO HISTÓRICO DE POMBAL

JERDIVAN NÓBREGA DE ARAÚJO* A cidade de Pombal já teve o mais belo centro entre todas as tricentenárias cidades da Paraíba. A parte central de Pombal era composta por um conjunto arquitetônico de raríssima beleza, que tinha início na Praça Monsenhor Valeriano, que fica logo por trás da monumental Igreja Matriz, que por sua vez, foi erguida bem no meio da Rua Nova. E era a Rua Nova, em conjunto com a chamada Rua do Rio, Rua do Comércio e Rua João Pessoa, o maior exemplo de beleza arquitetônica da cidade de Pombal. Deste antigo conjunto arquitetônico, ainda resistem ao tempo e ao crescimento predatório, algumas poucas casas, exemplo maior do que fora um dia o centro de Pombal. As antigas casas, estilo barroco eram ricas em detalhes arabescos, e tinham varandas, lembrando a sacada eternizada pelo romance Romeu e Julieta. Forçando um pouco a memória, é fácil trazer de volta a nossa mente, as casas antigas da Rua Nova que tinham até porão e sótão. Quatro delas sucumbiu para dar lugar ao atual Banco do Brasil e era exatamente o conjunto formado por aquelas quatro casas, o mais belo entre todos. No início da Rua do Rio, antes da Leandro Gomes de Barros, o pombalense atento, ainda poderá se deliciar desta beleza arquitetônica, representada por um solitário casarão azul com belíssimos arabescos. Infelizmente boa parte desse sobrado teve sua frente revestida em azulejos Ainda na Rua Nova, tínhamos os três sobrados, os quais sucumbiram à força da grana o mesmo acontecendo com a casa de Jerônimo Rosado. Na esquina da Joubert de Carvalho, onde funcionou a sinuca de Pedoca e, antes, a fábrica de macarrão Matorci, foi legado ao pombalense uma espécie de armazém das docas do cais de Recife: este também não existe mais. Ainda no centro de Pombal, poderemos encontrar a belíssima Praça Getulio Vargas, que forma um belíssimo Cartão Postal, quando associada com a Praça do Centenário, que teve o seu passeio externo enfeado caixotes em alvenaria. A Coluna da Hora e o Coreto da Praça do Centenário, obras que o pombalense deve as suas existências ao então prefeito Sá Cavalcante, que a construiu ainda na década de trinta. Dizem que empregou recursos próprios e fez pessoalmente, a fiscalização da obra. A coluna da hora fora construído inicialmente na Praça do Centenário, foi derrubada quando já na fase de acabamento, uma vez que o prefeito Sá Cavalcante não achou de bom grado o local escolhido inicialmente. Completando o percurso, temos ainda o Grupo Escolar João da Mata, com sua fachada no estilo "art decó". Mais à frente temos a velha cadeia, no estilo imperial que por um bom tempo foi relegada ao ostracismo até que por iniciativa de Zé Tavares e Verneck entre outros pombalenses, teve a sua frente desfavelizada e foi entregue de volta ao povo de Pombal, e hoje empresta suas dependências à Casa da Cultura A Igreja do Rosário de Pombal, erguida em 1721, dispensa maiores comentários, uma vez que não se admite que paraibanos desconheçam a sua história. Em 1895 foi entregue à irmandade do Rosário, responsável pela sua administração desde então. A cidade de Pombal, com 300 anos, não tinha seu Centro Histórico Tombado e protegido por lei. Indignada e vendo a nossa história sendo transformada em pó, protocolei em 1991 uma petição no IPHAEP, solicitando o tombamento do centro da Nossa cidade, principalmente da Cadeia, Igreja, Sobrados e Cine Lux. A resposta que recebi foi que não era possível fazer o tombamento, pois havia a necessidade de mandar engenheiros até a cidade e, para tanto, o IPHAEP não dispunha de viaturas. Uma lástima, uma vergonha. Enquanto isto o Centro de Pombal era demolido ou tombado literalmente. A coisa mudou quando o Professor José Otávio de Arruda Mela assumiu a presidência do Instituto. Amigo que era do nosso querido e de saudosa memória, Professor Wilson Seixas, deu continuidade ao processo e, no dia 04 de abril de 2002, uma quinta feira, foi publica o Decreto nº 22.914 de 03 de abril de 2002, decretando o tombamento do Centro Histórico de Pombal. De imediato liguei para Verneck e mandei cópias do Diário para ele, via Correios. Estava assegurado em lei o tombamento dos bens imóveis: Igreja do Rosário e Cruzeiro, Antiga Cadeia, Igreja Matriz, a fachada do Sobrado de Joaquim Assis, Coluna da Hora, Praça Getulio Vargas, Coreto e Praça José Ferreira, (Bar e Praça do centenário) SAOB, onde funciona a Escola 08 de Julho (Sede Operária), e Escola João da Mata, Estação Ferroviária, Mercado e Açougue Públicos, Correios, entre outros. Fiz esse pequeno relato apenas para dizer que não somos contra a realização do "Pombal Fest". Nunca vamos ser contra o que gera trabalho e renda para o nosso povo. O que não queremos é que forasteiros interessados apenas no dinheiro fácil destruam o que ainda resta do memorial da nossa cidade. Fazemos isso em memória dos nossos antepassados e em respeito às gerações futuras. Uma semana de festa não pode sobrepor-se e subjugar a 300 anos de história. Não se trata de uma disputa e sim de uso da inteligência e do bom senso. ESCRITOR POMBALENSE
POMBAL FEST VERSUS CENTRO HISTÓRICO DE POMBAL POMBAL FEST VERSUS CENTRO HISTÓRICO DE POMBAL Reviewed by Unknown on 6/22/2008 07:33:00 AM Rating: 5

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