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ÚLTIMO ADEUS A ANKITO, ASTRO DA CHANCHADA NACIONAL

Ankito tinha 85 anos (Foto)
MACIEL GONZAGA*
Um fraterno amigo, companheiro de prosas e causos, me telefona na tarde da segunda-feira (30) e, sem nenhum cumprimento, vai logo me perguntando: “Sabe quem morreu?”. Pensei um pouco respondi-lhe: “Diga logo, porque não tenho mais coração para surpresas”. E ele não perdeu tempo e disse: “Foi Ankito”. A minha reação foi dizer: “Deus o tenha em bom lugar”.
Anchizes Pinto, ou simplesmente Ankito - o Usinhor, do programa "Zorra Total", da Rede Globo – foi um dos grandes nomes da chanchada nacional - os filmes de humor que fizeram grande sucesso na década de 50. Ankito sofria de câncer de pulmão e estava se tratando há um ano e cinco meses. A causa da morte, segundo os médicos, foi uma neoplasia pulmonar. Havia parado de trabalhar há apenas dois meses, quando o quadro de sua saúde se complicou. Na noite de domingo (29), ele passou mal e foi levado para o Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde morreu nesta segunda. O enterro do corpo do ator está marcado para as 11h desta terça-feira, no Cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro.
Seu primeiro trabalho no cinema foi "É fogo na roupa", de 1952, que tinha a cantora Emilinha e a vedete Virginia Lane, entre outros, no elenco. Nascido em São Paulo, em 1924, Ankito foi um ator brasileiro, considerado um dos cinco maiores nomes das chanchadas. De família circense, era filho do palhaço Faísca e sobrinho do famoso palhaço Piolim.. Passou a atuar profissionalmente no circo aos sete anos de idade, no globo da morte. Onze anos mais tarde, passou a atuar em shows no Cassino da Urca, como acrobata, na época considerado um esporte, e que lhe rendeu cinco vezes o título de campeão sul-americano. Em seguida ingressou no teatro, substituindo por uma noite o ator principal da companhia, porém fez sucesso e permaneceu no elenco. Contracenou com Grande Otelo no show Bahia Mortal e, a essa altura, sua carreira já estava consolidada. Com o sucesso no teatro, em 1952, foi convidado para fazer três dias de filmagem no filme “É Fogo na Roupa”, mas o sucesso foi tanto que os três dias passaram a ser 39, tendo inclusive sido colocado o seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Continuou a fazer shows pelo Brasil com uma companhia de vedetes, em clubes e cinemas, que sempre exibiam um filme dele antes de cada espetáculo.
Protagonizou 56 filmes, todos recordes de bilheteria, entre eles “Três Recrutas”, “Marujo por Acaso”, “Um Candango na Belacap”, “Rei do Movimento”, “O Feijão é Nosso”, “O Grande Pintor”, “Angu de Caroço”, “O Boca de Ouro”, “Sai dessa Recruta” e “Metido a Bacana”, onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez. Em 1966, participou do filme em episódios “As Cariocas”, de Fernando de Barros, Walter Hugo e Roberto Santos. Atuou também em “O Escorpião Escalarte” de Ivan Cardoso e “Beijo 2348/72”, de Walter Rogério, ambos em 1990.Na televisão, participou de muitos programas humorísticos. Fez parte do elenco da TV Tupi, da Record e da Bandeirantes. Mais tarde, na TV Globo, além das participações nos humorísticos, fez parte do elenco das telenovelas Gina, com a Cristiane Torloni e Edson Celular, e A Sucessora, de Manoel Carlos. Em 2005, fez o personagem "Falecido", na telenovela Alma Gêmea. Atuou também em inúmeras minisséries "Carga Pesada", "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes", "Sob nova direção" e "Engraçadinha, seus amores e seus pecados", e participou da primeira versão do Sitio do Pica-pau Amarelo, onde fez os personagens "Soldadinho de Chumbo” e o “Curupira”.
Quem da nossa época em Pombal não vibrava com os filmes de Ankito no Cine Lux? Um dos seus maiores fãs era o vigário-coadjutor da Paróquia de Pombal, Cônego Francisco Ferreira de Andrade – o nosso querido Padre Andrade. Como jornalista tive eu o enorme prazer de entrevistar Ankito, em Natal/RN, quando disse para ele que aquele momento para mim era de muita alegria e emoção “pois eu estava diante de um dos ídolos preferidos da minha adolescência na cidade de Pombal”. Na despedida, pedi-o para que deixasse um recado para os seus inúmeros fãs. Ankito disse apenas: “Que todos tenham muita fé em Deus, sempre, e também muita confiança em si mesmo”. Que Deus o tenha em bom lugar!.
*Pombalense, Jornalista e Advogado – Natal RN.
ÚLTIMO ADEUS A ANKITO, ASTRO DA CHANCHADA NACIONAL ÚLTIMO ADEUS A ANKITO, ASTRO DA CHANCHADA NACIONAL Reviewed by Clemildo Brunet on 3/31/2009 04:44:00 AM Rating: 5

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