VOTO CONSCIENTE
Severino C. Viana |
Por Severino Coelho Viana*
O bem-estar social é uma exigência da coletividade e uma obrigação de realizá-lo pelo o Estado. A sua realização não é um presente, mas um dever de assim fazê-lo pelo poder público, uma vez que recebida à outorga do mandato, que no período de quatro anos, arrecada o dinheiro dos tributos para devolvê-lo em ações, programas, serviços e obras.
Um dos princípios fundamentais na convivência democrática é a alternância do poder político. Quem procura se eternizar no poder, por si só, já estampa no seu rosto o estandarte da tirania, e nem um tipo de tirania é boa para o povo, que vive maltratado, depilado, sofrido e degradado nas mãos do tirano. Ninguém senta à mesa de negociação, pois o tirano é um homem que pensa por todos que o rodeiam. Os cegos não veem o que está de frente à sua cara porque estão sufocados pela submissão e só leem à cartilha escrita pelo raciocínio tirânico. O assento na poltrona do tirano só cabe as suas nádegas, os subordinados sentam-se ao redor.
Diferentemente é a democracia.
Votar é fazer escolha. Escolha entre uma vantagem momentânea ou uma conquista permanente, não individualmente, mas para toda à comunidade. Afaste-se da oferta do agora e do benefício do presente. Depois da eleição não aparece mais oferta, e o presente se transforma no rigor do massacre durante o período de quem governa e fez a boa oferta no tempo de eleição. Não acredite na propaganda, virtualmente, enganosa, elaborada pelo mal governante, que cria imagens que não condizem com a realidade. O pensar bem deve ser antes de sua execução porque depois de feito só resta o lamento da penalidade pago pelo erro que cometeu.
Analise cuidadosamente antes de entrar no jogo da maledicência, da enganação e da demagogia barata. Reflita que você é dono do poder político, que tem em suas mãos a maior arma que fere, mas não mata – o voto - e não entregue aleatoriamente a quem não tem compromisso para com a coisa pública, que só pensa no projeto político de ordem pessoal.
No aspecto geral, mirando o horizonte dentro do limite do seu Estado, sem nenhum conselheiro bajulador por perto, sinta o pulsar do seu coração e fixe o seu olhar retido de razão e pergunte a si mesmo: a educação está bem? O professor está sendo bem pago? A segurança pública protege o cidadão? A saúde presta serviço com prontidão? O seu salário é digno de um viver decente? O Estado oferece emprego para o seu filho que quer ser um cidadão honesto? São questões válidas para o todo.
Olhe agora com todo o rigor: essa briga pelo poder é somente para beneficiar um grupinho de apaniguados? Eles sempre estão de plantão para servir aos interesses do manda chuva. E depois se afastam e esquecem o povo, formando o conluio de malfeitores!
Reserve-se no seu quarto, abra o caderno de sua consciência e anote com o lápis da razão: meu candidato é ético, inteligente, bem informado, coerente, preparado, honesto, sério, cordato, corajoso, positivo e jamais fez promessas mirabolantes. Não é arrogante nem demagogo, o que o livra de qualquer tentação de autoritarismo. Está muitos níveis acima do mar de lama que vem sendo associado à política corriqueira e miúda no Brasil. Valoriza o trabalho de equipe, o que é indispensável a um bom administrador. Não é dado a sorrisos falsos nem a efeitos especiais. Se existe algo que o tira da serenidade facilmente, é a cara feia da corrupção, daquele que ama dinheiro demais. Não diga o nome de seu candidato escolhido e não declare publicamente seu voto, apenas deixe-o programado no invólucro da urna eletrônica.
Alternar o poder é uma grande opção! Mesmo que erre, e errar é humano, espera-se quatro anos, e muda de novo! Permanecer no erro é ignorância e termina no absurdo! O segundo mandato não é aconselhável, salvo raríssimas exceções, o administrador perde a garra, chega ao desestímulo e as ideias ficam escassas. Devido o tempo, o time cria o círculo vicioso e enreda para o campo da corrupção. O dirigente começa confundir a coisa pública como se fosse patrimônio particular. A vontade de continuar no poder é tão grande que procura o sucessor justamente aquela pessoa bem próxima de sua família, que tenha pouca percepção das coisas e dos fatos ou que tenha total subserviência com a finalidade de manter cadeira cativa, mas, muitas e muitas vezes, esborracha-se quando o tiro sai pela culatra, vindo logo o rompimento político após a eleição.
Nós sabemos distinguir quem trabalha e quem faz propaganda falsa.
Só temos certeza de que a propaganda falsa quem paga somos nós!
As eleições se aproximam, é chegado o momento de decidir em trinta segundo, no reservatório da urna eletrônica, o destino do País e do Estado, no dia três de outubro próximo, estamos votando e escolhendo o Presidente da República, Governador de Estado, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual. Sua atitude poderá levá-lo ao êxito ou ao caos, em médio ou em longo prazo, com as futuras eleições, tanto para cargos majoritários e proporcionais. E o brasileiro já está amadurecido politicamente para se deixar levar pelas promessas de última hora que não dão resultado positivo para o bem coletivo, principalmente as irrealizáveis. Por mais necessitado que esteja, pense no todo. Esqueça o egoismo individual no tempo certo de pensar!
Sua posição poderá fazer a diferença nestas eleições. Medite! Atente-se para os parecidíssimos discursos que ora são apresentados pelos inúmeros candidatos. Muitos deles são impregnados de populismo, beirando a hipocrisia e a demagogia, armas estas, sempre bem utilizadas pelos oportunistas para enganar os eleitores menos atentos ou despolitizados, que são facilmente manipulados.
Bom ou razoável nível de consciência é votar e trabalhar politicamente para eleger candidatos e candidatas que deram provas concretas ao longo destes anos, que são fiéis aos princípios democráticos e aos clamores dos despossuídos. Há dois critérios para avaliar quais os candidatos(as) que merecem nosso voto consciente: um critério geral – ideológico; e um critério específico – político.
Esses partidos que sempre gostam de ajudar e serviram aos ricos, que ficaram mais ricos, e não ao povão, que só oferecem esmolas, eles devem ser descartados, esse é um critério ideológico. Nosso voto deve ser norteado àqueles(as) candidatos(as) que abertamente já provaram que não fogem da luta dos movimentos sociais e políticos reivindicatórios de inclusão de massa, e este é o critério político. Inclusive, que já tenham demonstrado trabalho e capacidade quando tiveram oportunidade de administrar a coisa pública.
Esperamos que com cautela você faça a melhor opção, você tem o poder de decisão nas mãos e no livre pensar de sua consciência estará lançando o seu futuro e de sua família. Avalie! Depois, será tarde demais.
Pela boa escolha, a democracia agradece!
João Pessoa, 01 de setembro de 2010.
* Escritor pombalense e Promotor de Justiça.
VOTO CONSCIENTE
Reviewed by Clemildo Brunet
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9/01/2010 09:14:00 AM
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