A "PEDAGOGIA" DO GUIMARÃES
Eronildo Barbosa |
Os castigos do velho Professor Guimarães a mim impostos, ali na Sociedade Anônima Operária Beneficente - pelas vezes que eu cheguei atrasado à aula, me valeram muitas palmatórias, porém, experiência e aprendizado que servisse para minha vida futura, nenhuma (Jerdivan Nóbrega, Blog do Clemildo, em 10/06/2010).
Eronildo narra muito bem o que se sucedia na Escola do Prof. Guimarães (...) Fomos colegas contemporâneos (...) Não sei quanto tempo passamos, creio que no máximo um ano, mas na minha mente foi uma eternidade. La era uma espécie de sucursal de um campo nazista ou do inferno ( Postado por José Tavares,no face, em 19/05/2011).
Acabei de ler o artigo do professor Cesário de Almeida em que discorre sobre a “escola” do professor Guimarães, objeto de debate na imprensa de Pombal, patrocinado por alguns filhos da terrinha que gostam do confronto salutar de idéias. Os artigos do Advogado Jerdivan Nóbrega, do renomado Poeta Paulo Abrantes, o meu e o do professor Cesário de Almeida refletem o olhar de cada um sobre um personagem excêntrico que viveu e morreu em Pombal.
Todos os artigos têm o objetivo de resgatar parte da memória do município. O texto do professor Cesário foi postado no Blog do Clemildo em 30/05/2011, e está na linha dos demais, ou seja, corrobora que aquela “escola” era repressora, contudo discorda pontualmente de uma afirmação que faço em meu artigo conforme o leitor pode conferir acessando o site da Rádio Liberdade de Pombal de 19/05/2011. Também oferece algumas informações relevantes sobre a vida do professor Guimarães.
No meu artigo também há algumas informações sobre o professor Guimarães que pouca gente conhecia. Inclusive o professor Cesário. Daí o seu espanto. Elas andaram comigo por muito tempo. Eu fui aluno dele, em 1972, por isso reafirmo tudo o que escrevi no referido texto. Não mudo uma vírgula, só se fatos novos justificarem.
O meu gesto não representa uma agressão àquele senhor. É apenas um compromisso com a minha verdade. Narrei naquele artigo o que a minha memória guardou até os dias de hoje. Fui fiel àquilo que vi. Até porque não acho que a morte de um personagem apaga os problemas e as virtudes que ele teve em vida. A morte não carrega a história dos homens. Ela fica por aqui para lembrar que ele existiu para o bem e para o mal.
É fato que a história crítica tem feito um esforço danado para quebrar esses paradigmas. Quando a nova história de Pombal for escrita muita novidade vai aparecer meu caro Cesário. As novas gerações de pesquisadores estarão mais livres do que nós da pressão dos amigos e dos laços familiares. Com base em parte do que produzimos poderão dar um salto importante na descoberta de novas verdades transitórias.
Não estou de acordo que a pedagogia dominante no início da década de 1970 era ancorada em instrumentos de repressão como a palmatória e outras práticas nocivas. Isso não é verdade e não pode servir de justificativa para os atos do Guimarães. Os livros de história da educação estão aí prá ser consultados. Os casos são pontuais.
E mais: ao fazer essa afirmação você reduz a educação da nossa cidade a duas escolas: a da dona Marinheira e a do Guimarães. Estudei em outras escolas e nunca vi uma palmatória. Recebi muito carinho na escola de dona Ana de Rosemiro. Também estudei na antiga escola do “Abrigo dos Pobres” e no Grupo Escolar Vicente de Paula e não me lembro de palmatória e intimidação.
Quanto ao fato do professor Guimarães ter morrido sem o mínimo de apoio é lamentável. Vivemos em uma sociedade de classes em que o operário é apenas força de trabalho. Quando está velho recebe uma aposentadoria suficiente apenas para comprar os remédios enquanto a morte não chega. Um dia construiremos uma sociedade em que os velhos terão apoio integral do Estado e as crianças terão escolas prazerosas. Essa é a trincheira que batalho.
Quanto ao desafio de construirmos um trabalho coletivo sobre a história da educação em Pombal eu estou de acordo. Acho uma bela iniciativa. O Guimarães precisa ser melhor estudado.
Em outubro eu vou estar na terrinha para abraçar os velhos amigos, como fiz no ano passado, por ocasião da festa dos filhos de Pombal, oportunidade que pude apreciar a justa homenagem aos locutores do Lord Amplificador. Aliás, naqueles microfones você brilhou por muitos anos.
Assim, nessa visita, discutiremos detalhes dessa simpática e necessária proposta.
É assim amigo, mesmo no debate duro, na diversidade, a velha e boa Terra de Maringá nos aproxima. Não fosse isso eu estava escrevendo sobre política. O Palocci tem sido uma fonte inesgotável de reflexões. O PSDB também.
Um forte abraço, professor Cesário. Até breve.
*Eronildo Barbosa é Professor Universitário.
A "PEDAGOGIA" DO GUIMARÃES
Reviewed by Clemildo Brunet
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5/31/2011 07:35:00 PM
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