REALIDADE: O DRAMA DO VALE DO ITAJAI!

 Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

Muitos amigos e familiares me escreveram e telefonaram querendo saber como estávamos passando com as enchentes de Santa Catarina, procurei acalmá-los informando da situação real, aqui em Navegantes, à outra margem do Rio Itajaí-Açu.

Para entender todo o drama que temos convivido, procurei na história o histórico dos períodos da águas e me deparei com uma situação triste que vem sendo provocada com mais insistência pelo próprio homem.

O vale do Itajaí teve o inicio de sua colonização por volta de 1850 e até 1900 foram registradas 11 enchentes, nos 50 anos subseqüentes mais 20 enchentes, e nos últimos 60 anos tivemos 38 enchentes, todas provocadas pelo transbordamento dos rios Itajaí-Açu e Itajaí Mirim, rios quem banham o vale, sendo o Itajaí-Açu o mais importante e sua bacia a maior de Santa Catarina.

Podemos verificar que as enchentes vão ficando mais freqüentes na proporção que o tempo passa e os homens vão invadindo as margens dos rios assoreando as marginais desde as nascentes até desaguar em Itajaí/Navegantes.

Convivi com as duas últimas enchentes, a de 2008 e a atual, nessa última, apesar do volume de água, os prejuízos foram menores, muita coisa foi feita, principalmente o aprofundamento do leito do Itajaí-Açu no canal por onde os navios atracam nos portos de Itajaí e Navegantes, passando de 11 para 16 metros de profundidade, dando maior vazão às águas vindas em direção a sua foz.

Apesar dos esforços os números ainda assustam quando tivemos aproximadamente 800.000 pessoas, em todo o Estado, afetadas, desabrigadas e desalojadas, faltando água potável, entre o dia 09 e o dia 11, principalmente em Itajaí e Navegantes, cuja fonte de capitação de água foi inundada, portanto, contaminada.

O comercio e a indústria pararam, o embarque e desembarque, no porto, ficaram prejudicados, muitos vôos no aeroporto internacional de Navegantes foram cancelados, aulas suspensas, as escolas foram usados como abriga para os desalojados.

No meio de toda essa turbulência verificou-se a solidariedade humana, muitos donativos foram recebidos, muito embora a queda de barreiras tenha dificultado o acesso dos caminhões que transportavam água, alimentos, roupas e colchões. Muitas foram as cidades afetadas, Brusque, Blumenau, Ascurra, Apiúna, Otacílio Costa, Ituporanga, São João Batista, Rio do Sul, Indaial, Ilhotra, entre tantas, algumas em estado de calamidade, muitas também foram as que colaboraram com a população carente.

Felizmente, hoje dia 12 de setembro, o sol nasce pelo terceiro dia consecutivo, sem nuvens carregadas e sem chuvas, trazendo calor e esperança pelos seus raios que aquecem a terra ainda úmida pelo represamento das águas em locais mais baixos.

A vida retoma a sua normalidade, esperamos que os homens procurem fazer uma reengenharia da suas atividades, depois de lavarem suas casas retirando lamas e sujeiras recolocando seus móveis e utensílios nos seus devidos lugares, contabilizando seus prejuízos, principalmente na região ribeirinha do Itajaí-açu e Itajaí-Mirim, para que esse tipo de tragédia amanhã seja coisa do passado, pelo menos em sua intensidade, já que não podemos remover cidades e populações e temos que conviver com uma realidade secular.

*Pombalense, ex-integrante do Lord Amplificador, é Empresário e  reside em Navegantes SC.