RIACHO DE PRATA: NOVO LIVRO DE PAULO ABRANTES!

Jerdivan N. Araújo

Jerdivan Nóbrega de Araujo*

Ao abrir minha caixa de mensagens me deparo com o seguinte e-mail do amigo Paulo Abrantes:

“caro amigo Jerdivan, vou deixar agora de manhã, antes de viajar para Sapé! Digo, antes das nove horas. Veja a página 147. Abraços, Paulo Abrantes”.

Tratava-se o “vou deixar agora de manhã” do mais novo trabalho literário do amigo Paulo. Fiquei ansioso pela chegada em minhas mãos desse trabalho do nosso conterrâneo que, como eu, tem predileção pelas histórias da nossa Pombal, principalmente dos fatos acontecidos na década de 1960, envolvendo protagonistas reais que, num ou outro momento, fizeram parte da nossa juventude.

Nada é mais gratificante para um leitor abrir um livro sabendo que em cada página ele vai se deparar com, ruas, ambientes, monumentos e personagens reais quê, em algum momento da sua existência, cruzaram as ruas de Pombal; ruas nas quais nós fomos moleques e deixamos ali boa parte da nossa infância. E que memorável infância foi a de quem viveu as décadas de 1960 e 1970 em uma cidade bucólica como foi a nossa querida Pombal

Só quem estava la pode dizer...

“RIACHO DE PRATA” tem o condão de carregar o filho de Pombal pelos braços, nos reapresentando a cidade – pág. 41/44, mostrando-nos como ela se transformou ao longo dos últimos cinqüenta anos e, o mais importante, colocando-nos de volta em suas ruas, como e com, seus personagens, o que só é possível de se fazer se for através da sensibilidade de quem viveu e viu a história acontecendo.

Cada personagem, viva ou os que não mais estão aqui para contar a história, foi, de certa forma, herói ou anti herói na nossa infância.

Cada um carrega seu legado.

Não vou aqui cometer a insensatez de dizer tudo do livro, porém, dois textos, entre tantos, eu recomendo para que os leitores leiam como se fizesse uma viagem no tempo: “Riacho de Prata”, que dá título ao livro – pag.21/24 e "A Rua Estreita” 45/57. Certamente o leitor se encontrará em outros mas estes são os meus preferidos.

No primeiro - “RIACHO DE PRATA” – a crônica nos leva, inevitavelmente, a lembrar “Doidinho” (1933)- Zé Lins, quando aquele personagem alimenta o sonho de um dia voltar ao Engenho Santa Rosa, que aqui é a “GADO BRAVO”, onde Paulo passou junto com o amigo e primo Torzinho, boa parte e, por que não dizer, o melhor da sua infância.

Os detalhes com que é feita a narrativa nos leva a fazer parte das aventuras dos dois amigos; de pular no riacho e pegar aquele cajá que é levado pela correnteza. Chega-se a sentir o cheiro de terra molhada, da Alfazema Braba e o azedo do Cajá, espatifando em nossa boca, para depois se deitar em uma rede, caprichosamente branca, com tempo até de observar as lagartixas nas frestas das paredes do casarão.

“Gado Bravo” é um daqueles textos que qualquer filho de Pombal vai se encontrar em cada linha, em cada aventura vivida pelo autor.

Em “A Rua Estreita” o autor não só nos brinda ao reconstruir cenário da época como tem a proeza de trazer os seus personagens, colocando cada um em seu devido lugar, com suas labutas diárias, anedotários e peculiaridades: Da dona do café, ao açougueiro, o protético contador vantagens, o vender de fumo, etc.. etc... Tudo e todos voltam a ganha vida na Rua Estreita, em saudade e boas lembranças.

Por fim, confesso, “RIACHO DE PRATA” é o livro que eu queria ter feito e presenteado ao povo da minha terra.

“Veja a página 147”. Diz Paulo no e-mail a mim enviado.

A página 147 é só a pagina 147. O livro tem 215 paginas, é apresentado por Clemildo Brunet e prefaciado por Ana Rosa, esposa do autor. Os dois abrem o livro que nos leva por essa viagem a Pombal dos bons tempos.

Parabéns, não a Paulo Abrantes, mas ao povo de Pombal.

*Bacharel em Direito, Pesquisador da história de Pombal e Escritor pombalense.