O Capital e o Patrimônio Histórico
Onaldo Queiroga |
A relação entre o capital e o patrimônio histórico é algo perverso e que deve ser repensada. Comecei a perceber a falta de compromisso do poder econômico para com o acervo imobiliário histórico quando ainda era criança, precisamente lá na minha terra natal, ao presenciar a derrubada de alguns casarões antigos que cederam lugar à construção de novas edificações com traços arquitetônicos completamente destoantes das linhas históricas.
Os bancos e as grandes lojas comerciais não tiveram a consciência de preservar o acervo imobiliário que, por si só, constituía a história viva de um povo e de uma comunidade. Simplesmente foram demolidos e ,no lugar deles, edifícios com muito concreto foram levantado
Essa prática continuei constatando em todas as outras cidades brasileiras por onde andei. Aliás, você leitor, percorra as ruas de sua cidade e facilmente você constatará que algum prédio histórico já foi vítima da frieza e insanidade da força do capital, sejam bancos ou empreendimentos comerciais, pois para eles o que importa é destruir o histórico e em seu lugar levantar monstrengos de concreto que possam viabilizar um maior espaço físico que permita que seu crescimento econômico ocorra de forma mais rápida.
Estive em São Luis-MA visitando o Tribunal de Justiça que fica no centro histórico daquela bela cidade e ali visualizei a inaceitável prática do desrespeito ao patrimônio histórico. Próximo ao Tribunal, há um edifício enorme erguido por um dos maiores bancos oficiais deste pais, prédio com linhas arquitetônicas modernas, mas que quebram a harmonia para com as demais construções da antiga São Luis. Esse exemplo é repetido em todas as médias e grandes cidades do nosso Estado.
A Europa concentra uma grande parte do seu turismo nas visitas ao seu patrimônio histórico, englobando avenidas e seus casarões, os museus, as Igrejas, os castelos, etc. É preciso que os banqueiros e os empresários brasileiros entendam que a preservação do patrimônio histórico é importante e também viável economicamente, pois além de ser possível a convivência do moderno com o antigo, sem dúvida que o histórico atrai divisas muito lucrativas.
Todo e qualquer projeto visando à preservação do patrimônio histórico, patrocinado por bancos oficiais e grandes lojas comerciais, ainda é pouco pela devastação já efetivada por eles. Precisamos estancar a derrubada desenfreada de tantos prédios antigos. Sejamos vigilantes. Se o capital, frio e desumano, pretender derrubar, na sua cidade, um prédio antigo, procure a Curadoria do Patrimônio Público, o IPHAEP, ou mesmo o IPHAN.
Esperamos que a consciência do homem prevaleça e alguma solução em termos de projeto seja efetivamente posta em prática visando à restauração do acervo imobiliário que ainda resta.
*Pombalense, Escritor, autor de vários livros, Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa – PB. onaldoqueiroga@oi.com.br
O Capital e o Patrimônio Histórico
Reviewed by Clemildo Brunet
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6/04/2012 03:13:00 PM
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Um comentário
Acho que doe muito quando uma pessoa vê que sua terra natal não está bem, e se tomam decisões erradas.
Eu estudei oftalmologia em curitiba porque na minha cidade não havia um bom lugar.
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