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PASSADO

Onaldo Queiroga

Onaldo Queiroga*

            Que tempo é esse denominado passado? Será talvez um imaginário mundo que mesmo já vivido continua a habitar e interferir no nosso presente. Vinicius de Morais dizia que: “o passado é como o último morto que é preciso esquecer para ter vida”.
            Mas na verdade jamais podemos esquecer o passado, pois é dele que extraímos as lições já vividas para assim não incidirmos nos mesmos erros anteriormente cometidos. É com
 as lembranças do passado que amadurecemos, contudo, não podemos cometer o equivoco de ficarmos presos a essas lembranças, pois se o passado muitas vezes nos faz entender a vida, porém, é preciso ter a consciência de que o relógio dessa mesma vida só caminha para diante.
            O homem tem que entender que viver bem depende da efetividade do equilíbrio de suas ações. Na vida tudo tem que ter equilíbrio, o qual passa pela compreensão de que não podemos nos prender demasiadamente ao passado, pois assim terminamos por criar no nosso imaginário uma falsa impressão de que a felicidade já foi vivida, já ficou para trás, e consequentemente, nos condenamos a aceitar a idéia de que não podemos ser felizes no presente e muito menos no futuro.
Àqueles que não conseguem se desvencilhar dessa fixação do passado correm o risco de mergulharem num oceano profundamente depressivo, daí porque, é preciso fazer a travessia da convivência equilibrada entre passado, presente e futuro, o que não é nada fácil, pois como já dizia Albert Eintein: “a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”. Mas há quem diga, como por exemplo, o poeta Oliveira de Panelas que “só há um tempo, o presente, pois o passado já se e o futuro ainda não chegou, mas quando chegar se tornará presente”.
Mas como ser ingrato com o passado? É dele que decorrem as lembranças do brincar com bolas de gude, das estratégias do “pega bandeira”, da bola canarinho que corria encoberta pela poeira da felicidade de um campo de pelada. Como esquecer as lembranças de um banho em águas límpidas e mornas de um rio num entardecer sertanejo circundado pelo canto das lavadeiras, é difícil, pois momentos felizes ficam grudados em nossa alma, nos acompanham pela vida, e, assim, corremos o risco de mergulharmos no pensar expressado por Pablo Neruda de que: ... saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida”. Temos que ter cuidado, já que tudo tem limite, até a saudade das coisas boas.
Contudo, o certo é que “o melhor profeta do mundo é o passado” (Lord Byron), por isso, o homem deve olhar para ele e aprender a separar os equívocos dos acertos, para não repetir os erros já vividos.

*Escritor pombalense e Juiz da 5ª Vara Civel de João Pessoa PB.
PASSADO PASSADO Reviewed by Clemildo Brunet on 9/27/2012 04:20:00 PM Rating: 5

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