Flor cearense
Onaldo Queiroga |
Onaldo Queiroga*
Tu
és uma flor cearense que brotou
em meio às águas de Iracema.
Bebestes o saber de José de Alencar e a redação fácil de Carmelita Setúbal. Trouxestes a religiosidade de Antônio e Raimunda
Rocha. Foi na confluência dos Rios Piancó, Piranhas e Peixe que
eles te cultivaram para o mundo, época em que te chamavam de “Galega”,
aquela menina bela, inteligente, sapeca e de alto astral.
No sertão dos holandeses transformastes a seca
em águas límpidas escorrendo pelas biqueiras
de tempos inocentes, águas que desciam e
lavavam sua Rua João
Pessoa, berço de sua infância, adolescência, tristezas, glórias e eternas lembranças.
Aquele cenário sempre foi e será templo sagrado dessa menina.
Pombal foi regando-a e aos poucos o tempo foi transformando-a numa flor
paraibana. No início da década de 1960 conheceu seu amor e companheiro com quem
se casou em 1965.
Após
residir em Catolé do Rocha e Campina Grande, o tempo transportou a menina
cearense para a capital paraibana. A flor, agora, era das acácias, dos
corredores da antiga Faculdade de Direito da Praça João Pessoa, onde se formou
em 1976, e, logo depois de aluna tornou-se professora de Direito Penal. Nesse
tempo a menina já era uma loira dos outonos da maturidade, que em contos, começou
a contar os seus próprios contos.
Seguindo os passos de sua tia Carmelita, de acadêmica passou também a ser
escritora, entregando ao mundo seus livros, seus pensamentos e suas ideias.
A
Galega dos jardins de minha vida
é uma pérola dos mares do futuro cearense, do Cine Lux de Pombal, da praia de Tambaú, do farol da Ponta do Seixas, que nas noites sem
Lua, espelhando bússola, norteia seus navegantes.
Essa flor das fortalezas, de Rochedos, ancoradores de ondas enfurecidas, de praias belas e que a tudo abraça, é na verdade a timoneira dos herdeiros da Nova Acauan. Rocha das soluções, sim tu
sempre foi e será a acácia Iracema na terra dos coqueirais e da porta do sol oriental.
Onélia Queiroga |
Essa
flor é minha mãe, Onélia. Um brilhante que reluz paz, que nos guia pelas
veredas tortuosas de tempos e tempos. Na sua nave não há tempestade que não
possa ser vencida. No seu coração, só alegria. Verdadeira, mulher que fala
olhando no olho. Não foge de seus princípios para agradar ninguém. Já me
indagaram se tu tens defeitos, e logo respondi: não sei, apenas agradeço a Deus
por ter me permitido ser seu filho.
*Escritor pombalense Juiz
de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB
Flor cearense
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/21/2013 07:29:00 AM
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