Explosão de uma juventude politizada
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Sinceramente, a impressão que fica é que menoscabamos a capacidade de reação do povo,
principalmente da juventude brasileira. Eu, particularmente, não imaginava que
em tão pouco tempo um movimento que inicialmente lutava pela redução ou
anulação do último reajuste nos preços das passagens para locomoção urbana
tivesse uma extensão tão ampla e de objetivos tão pertinentes.
Aquilo
que parecia uma insatisfação localizada, nos grandes centros e por um único
motivo, foi aos poucos se transformando numa manifestação de uma gente cansada
de tantos descalabros provocados pelos governantes corruptos e de péssimos
hábitos de pensarem apenas nas suas causas pessoais ou de grupos formados por
entidades que trabalham em benefício próprio esquecendo o coletivo.
O
modelo administrativo brasileiro implantado pelo compartilhamento, com
participação de partidos políticos, com a divisão de cargos na administração,
formando uma base aliada tanto no governo federal como nos estaduais e
municipais, criaram vícios e desmandos tão claros e evidentes que a população
paulatinamente foi identificando as mazelas criadas por essa camada de políticos
de atitudes nocivas ao caráter de bons costumes da sociedade brasileira.
O
resultado não podia ser diferente, a insatisfação e incredulidade que se abatia
sobre as massas chegaram ao momento de explosão, e a juventude, pela sua força
e capacidade de reação acordou a nação da inércia que se abatia sobre a
população.
Em
1992, o Brasil foi às ruas e lutou por um governo mais justo e o que aconteceu
foi a derrubada de um presidente, Fernando Collor de Mello, período denominada
Era Collor ou República das Alagoas, que se considerava no pedestal dos deuses
e o fato gerador da sua queda foi exatamente a corrupção no seu governo, e os
valores na época que detonou o processo de impeachment do primeiro presidente
eleito pelo povo depois do mato-grossense-do-sul, Jânio da Silva Quadros
(1917/1992) e posterior a ditadura militar, era tão pequeno que certamente hoje
seria objetivo de ação a ser julgado por algum tribunal de pequenas causas,
comparado, se possível fosse, em comparação com os montantes de valores desviados
e imputados aos governantes de hoje.
O
mais importante que verificamos no atual movimento é exatamente a ausência das
classes representativas, como sindicatos, centrais sindicais, igrejas, UNE, e
fundamentalmente, total distancia de partidos políticos com suas bandeiras
mentirosas. Apenas o povo com sua raça e deliberação foi às ruas lutar pelos
seus direitos, pois, se sentiu acuado, sem representatividade, pois, quem devia
está lutando pelas suas causas, a grande maioria, encontra-se aliada ao poder,
se servindo das benesses que os privilégios das cortes proporcionam,
indiferentes as camadas mais necessitadas e a capacidade do povo de reagir no
momento certo, junto aos próceres se abastam do dinheiro público achando que
bastam sem dar a mínima importância aos problemas de uma nação desajustada e
desequilibrada na sua essência.
O
que lamentamos, profundamente, é a presença de marginas infiltrados ao
movimento apenas para tirar proveito da situação, e tornar o que é
absolutamente legal, sendo apenas um momento de conflitos em confrontos com os
policiais que estão alinhados no dever de cumprir a ordem e a disciplina nesses
momentos democráticos e republicanos.
O
que é pior, poucos são os políticos profissionais, pois, políticos todos nós
somos ao tomarmos iniciativas e termos atitudes coletivas, que podem ir à
tribuna do congresso e falar alguma coisa nesse momento, é preferível que se
calem e aceite a realidade, esses foram incompetentes nas suas atitudes.
Entretanto, ontem, quando o senador José Pedro Gonçalves Taques (PDT/MT), na
tribuna do senado, em defesa dos movimentos da população, foi aparteado por
vários senadores, dentre eles o senador José Wellington Barroso de Araújo Dias
(PT/PI), teve um momento de muita infelicidade ao afirmar que os movimentos sem
lideranças definidas vão ter que sentar com o partido ou partidos para
negociar. O senador Wellington Dias, perdeu a oportunidade de ficar calado,
esqueceu que o movimento não precisa de políticos, os políticos precisam tirar
as mascaras e ter humildade, pedir, ir e ouvir as reivindicações dos
manifestantes, assumindo compromissos, tendo lealdade com a justiça social, que
é o que falta nesse momento, e não falar bobagens apenas para mostra à cara na
TV, sem acrescentar nada ao momento político que atravessamos; esse gesto só
confirma que “para quem não tem aonde ir
qualquer caminho serve, principalmente aos desavisados políticos
brasileiros.
*Articulista político - Navegantes-SC
Explosão de uma juventude politizada
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/20/2013 04:00:00 PM
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