O golpe da Pirâmide Financeira está de volta
Maciel Gonzaga |
Maciel Gonzaga*
A conduta de tentar obter
ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas
mediante especulações ou processos fraudulentos constitui crime contra a
economia popular (art. 2º, inciso IX da Lei 1.521/1951). Trata-se da Pirâmide
Financeira, que constitui método de captação de recursos voltado para ludibriar
eventuais incautos mediante a promessa de ganho fácil que jamais se
concretizará, a não ser em benefício daquele que encabeça o grupo.
De acordo com o Ministério
da Fazenda, a Pirâmide Financeira é um crime contra a economia popular, já que
propõe a oferta de ganhos altos e
rápidos, o pagamento de comissões excessivas
acima das receitas advindas de vendas de bens reais e a não sustentabilidade do
modelo de negócio desenvolvido pela organização. De 2007 a 2011, a Comissão de
Valores Mobiliários abriu 24 processos administrativos contra ofertas com
características de pirâmides.
Na década passada, milhares
de brasileiros caíram no golpe que recrutava investidores por meio de cartas.
Com a popularização da internet, as cartas foram substituídas pelos e-mails. Se
você ainda não recebeu, com certeza vai chegar a sua caixa de mensagem um
convite para participar de um esquema que promete arrecadar mais de R$ 300 mil
em menos de seis meses. É acreditando nesse desejo que são criados os golpes
financeiros, inclusive os esquemas que ficaram conhecidos como Pirâmide da
Fortuna, Financeira ou de Ponzi. Os primeiros apareceram no Brasil entre as
décadas de 1990 e 2000, mas o golpe é antigo. O mais antigo data de 1920,
quando o ítalo-americano Charles Ponzi prometeu rentabilidade de 50% em apenas
45 dias na troca de cupons postais de outros países por selos nos EUA. Apesar
do fracasso e de a formação das correntes ser considerada crime de estelionato,
previsto no artigo 171 do Código Penal, o modelo faz suas vítimas até hoje.
O esquema começa com seis
pessoas que recrutam outras seis atingindo, no segundo nível, 36 membros, no
terceiro, 216, e assim sucessivamente. Cada novo membro injeta um determinado
valor ao adquirir cotas para ingressar no negócio. É esse valor que constitui
os dividendos que sustentam os integrantes dos primeiros níveis. O risco
consiste no rompimento da corrente, alertam economistas e especialistas em
matemática financeira. Isso ocorre quando as adesões diminuem ou cessam e a
pirâmide começa a ruir. Aqueles que iniciaram o esquema estão ganhando, os que
começaram agora estão na expectativa, mas com certeza em algum momento alguém
será lesado.
Em vários estados da
federação, inclusive aqui no meu Rio Grande do Norte, a desconfiança paira
sobre a Ympactus Comercial Ltda, popularmente conhecida como Telexfree, empresa
com sede no estado capixaba. A empresa é a grande promessa do momento de ganhar
milhões em menos de um ano.
Para entrar no negócio é
preciso fazer depósito financeiro, recrutar novos seguidores e postar anúncios
diariamente na internet. A fórmula para ganhar dinheiro? Convencer mais pessoas
a fazer o mesmo. A febre da Telexfree começou no ano passado
Em março deste ano, a
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda havia acusado a
TelexFree de fazer “esquema de pirâmide financeira”, o que é considerado crime.
Esta semana, a Telexfree foi interditada judicialmente em todo o Brasil. Com a
decisão judicial, a empresa de marketing multinível está proibida de efetuar
novos cadastros de divulgadores e de efetuar pagamentos aos divulgadores já
cadastrados, sob pena de multa diária de R$ 500 mil por cada novo cadastro ou
pagamento. A decisão judicial ainda determinou o congelamento dos bens e o
bloqueio de valores existentes em contas bancárias e aplicações financeiras da
Telexfree, assim como os de seus sócios. Mas, ainda há gente que adora ser enganado.
Normal... Seres humanos são estranhos mesmo.
*Jornalista e
Advogado
Natal - RN
O golpe da Pirâmide Financeira está de volta
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/21/2013 06:07:00 AM
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