Momento de Reflexão
Genival Torres Dantas*
Genival Torres Dantas |
O Movimento Passe Livre (MPL) faz um
estrago violento na vida política do nosso país, ontem (20) enquanto nas ruas o
povo caminhava na intenção de mostrar toda insatisfação, pacificamente, pela
massa dominante, com palavras de ordens recheadas de desejos reprimidos pela
absoluta falta de sensibilidade dos nossos governantes que teimam em fazer o
que lhes convém sem dar satisfação dos seus atos ao povo que lhes pagam generosos
salários e
tendo como contrapartida apenas a patifaria da grande maioria dos
nossos administradores.
Partidos políticos e políticos sem
escrúpulos tentaram se infiltrar no movimento como se o recado que é dado pelos
manifestantes não fosse endereçado aos próprios rejeitados, ficando com o PT
(Partido dos Trabalhadores) e aliados como o PCdoB e PSTU, tentando fazer uma
caminhada paralela, em São
Paulo , carregando bandeiras na tentativa de seguir o grupo
que não aceitou a companhia de qualquer militante político. Em alguns momentos
houve confrontos com policiais provocados por pessoas estranhas ao movimento
que tentam prejudicar o MPL na sua luta justa e oportuna gerando verdadeiras
batalhas campais, principalmente em cidades como Brasília/DF, Belém/PR,
Ribeirão Preto/SP, nessa cidade ficando um saldo de um morto, e outras cidades
importantes na conjuntura nacional, com participação de 1.25 milhões de
pessoas, cálculos das PMs.
Dentro do Senado Federal havia uma
vigília com participação de poucos senadores, enquanto lá fora os manifestantes
faziam seus atos em defesa das suas idéias. Entre os senadores verificava-se a
presença dos sempre presentes nesses momentos, como: Pedro Jorge Simon
(PMDB/RS), Ana Amélia Lemos (PP/RS), Paulo Renato Paim (PT/RS), Randolph
Frederich Rodrigues Alves (PSOL/AP), José Pedro Gonçalves Taques (PDT/MT)
Rodrigo Sobral Rollemberg (PSB/DF), Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
(PDT/DF), Eduardo Matarazzo Suplicy (PT/SP); outros senadores como o próprio
presidente da casa circularam, com passagens rápidas, dentre esses o senador
Carlos Eduardo de Sousa Braga (PMDB/AM), líder do governo no senado, fazendo um
aparte infeliz ao senador Pedro Taques, querendo insinuar que o movimento de
rua é debitado a coisas menores como a inoperância das operadoras de celulares
que não oferecem um serviço a altura das nossas necessidades, infeliz
comentário de quem devia realmente está preocupada com as causas fundamentais
dos problemas que assolam a nação.
Dos que estavam se revezando na
tribuna do senado, um destaque especial para o decano Pedro Simon, com um
discurso histórico, relatando uma parte da história política do nosso país,
desde os anos 30 do século passado, com o governo de Getúlio Dorneles Vargas, Juscelino
Kubitschek de Oliveira, passando por Fernando Affonso Collor de
Mello, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, finalmente, Dilma
Vana Rousseff, atual Presidente da República. Foi um momento de concentração
para ouvir a narrativa de quem conhece e fez parte da história do nosso país,
passando por vários cargos, sendo, inclusive, governador de Estado (RS) e
ministro, com uma folha de serviços prestada à nação invejável.
Muitos questionamentos foram feitos,
hipóteses levantadas, tudo para entender o momento que atravessamos. O bom
senso ficou claro, muitos pecados e poucos predicados pelos políticos do Brasil
que fazem o atual momento da vida nacional. A maneira como o executivo tem
tratado o legislativo, como um poder de importância menor, lhe impondo tarefas
humilhantes, como aprovação de medidas provisórias (MPs), de interesse apenas
do governo, em troca de cargos e liberação de verbas preferencialmente aos
aliados; a própria ausência do congresso nas decisões nacionais, o descaso com
o dinheiro público, como a compra pela Petrobrás, de uma empresa nos EUA, por 1
bi, quando ela não tinha o valor de mercado nem mesmo de 100 mi ; os gastos com a copa
do mundo, com a construção e reforma de estádios, aplicação de verbas na
infraestrutura para atendimento dos turistas durante a realização dos jogos e o
aproveitamento posterior, tudo isso em detrimento dos serviços básicos como
saúde e educação, foram os motivos geradores da insatisfação generalizada.
O que lamentamos é ver as instituições
ignorando o que está ocorrendo com o povo e sem notarmos nenhuma reação para
contenção das ações, como o chamamento dessa gente para uma reunião, no sentido
de negociar posições, oferecer efetivamente serviços questionados pelo público,
mostrar que o Brasil tem comando direcionado à prestação de serviços aos mais
pobres, antes que a lista de exigências cresça a partir do momento que o
movimento se sinta vitorioso, essa possibilidade existe, e ficará perigoso se
as exigências não forem atendidas.
Há 500 anos um escritor, médico,
padre, francês do Renascimento, já dizia: “conheço muitos que não puderam quando
deviam, porque não quiseram quando podiam.”
Esse pensador, François Rabelais, nos
ensinou que é preciso fazer, refletir antes que as massas se agitem, pois,
políticos profissionais nada temem, estão imunes aos problemas alheios, o que é
um contra senso considerando sua atividade, a não ser o povo nas ruas revoltado
com suas atuações, agir é preciso.
*Articulista político e
escritor
Navegantes – SC.
Momento de Reflexão
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/21/2013 04:45:00 PM
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