CARTA A JERDIVAN
Meu caro Jerdivan,
Li o seu livro e do Ignácio
Tavares, “Em algum lugar chamado Pombal”. Fiquei encantando e vou dizer o porquê.
Interessante que você por
ter nascido em 1961, fala de uma Pombal dos anos setenta para cá... O Agnaldo
que já em 1950 (segundo o livro) já era uma criança imberbe fala de uma Pombal
antes dos anos sessenta.
E eu que habitei a Pombal
dos anos 1963 a 1965, senti um pouco a falta de referências deste tempo, mas me
esforcei para tirar a minha saudade nas belas linhas que vocês escreveram.
Permita-me fazer uma pequena
anotação da minha biografia para você entender.
Eu nasci em 1956 aqui em João Pessoa. Em 1963 o meu pai foi transferido daqui de João Pessoa para Pombal, onde foi o primeiro gerente do Banco do Brasil da Agência de Pombal, permanecendo até 1965 quando foi transferido para ser gerente na cidade de Areia.
Então, eu cheguei a Pombal com os meus quatro irmãos (sendo uma irmã) com seis anos de idade e saí de Pombal, em 1965, com nove anos de idade. Foi o melhor tempo da minha vida. Foi uma infância bem vivida e agora sempre bem lembrada.
Imagine o meu pai gerente do
Banco do Brasil em 1963. O nome dele, José de Nazareth Rodriguez, vulgo Zé de
Nana. Lembro-me que assim que chegamos o meu pai ganhou um passaporte para
entrada grátis no cine LUX, do Afonso Moutta. O primeiro filme que eu e meus
irmãos assistimos foi “A ESCREVA DE CARTAGO”. Nós assistimos no primeiro andar
perto do lugar onde estava a máquina de passar filme.
Lembro-me bem de uma frase
que eu e meus irmãos definíamos, na nossa inocência, a Pombal do nosso tempo,
exatamente por ver três coisas que marcavam a nossa vida. A frase era: “O
jumento da terra, o rio Piancó e Afonso Coelho Moutta.” A frase foi tão importante
que até hoje eu me lembro dela.
Mas, o que gostamos mesmo
foi que depois passamos a assistir os filmes no térreo, no salão principal. Lá
assistimos todos os filmes de Tarzan, Jim das Selvas, os farwest preto e branco
de Randolph Scott, etc. Não me esqueço nunca que numa noite meus pais nos
levaram para assistir um filme (coisa rara, crianças ir aos filmes à noite), e
o nome do filme era “JOSÉ, JONHY E JULIO”.
Nós íamos sempre às
matinais, sempre depois da missa do cônego Gualberto. Lembro-me também do Padre
Oriel, já que tínhamos uma frase corriqueira: “Pintadinho como guiné, veste
saia mas não é muié, é Padre Orié.”
O grande hit do cinema era
trocar revistas em sua porta. Revistas de ANTAR, TARZAN, BUCK JONES, e tantas
outras...
Estudei com meus irmãos no
Arquidiocesano Pombal. Nós moramos em duas casas. A primeira ficava isolada na
frente do campo de futebol. Ao lado tinha o grupo e uma vila, onde eu conheci o
Sargento Anlê e sua esposa Maria, que tinham várias filhas, Iris, Irisneide,
Idelfrance, Telminha, Iria, e um único filho que foi o nosso melhor amigo de
infância: ANTONIO NETO, que, me parece (ainda não consegui reencrontrá-lo, é
dentista lá pelas Minas Gerais).
Então essa nossa primeira
casa era uma casa isolada, com o campo de futebol na frente e depois tinha um
quadrado de tijolos que era um alicerce, logo depois o vão de um rio que nunca
enchia e o muro do Colégio Arquidiocesano. Lembro-me que num beco da vila
ficava a venda do seu Lêlê, onde comprávamos muito chicletes ping-pong e sodas
(aquela bolacha doce preta).
Depois que saímos dessa casa
fomos morar numa casa que pertencia ao Orlando Jansen (hoje desembargador
aposentado). Uma casa excelente, de onde íamos todos as tardes na venda do
nosso amigo Djair, que vendia várias coisas sortidas, entre fazendas para
roupas, confeitos, etc... Acho que era um magazine.... O Djair era um cara todo
pintadinho, cheio de brotoejas no rosto.
Dos meus amigos da época vou
citar nomes: Antonio Neto, Djair, Custódio, Herculano, o galego Raul, os irmãos
Pelé e Gorete, os irmãos Zezinho e Tota, os irmãos Geraldo e Anchieta, os
filhos de Buenos Ayres, que era um amigo do meu pai do Banco do Brasil.
Lembro-me de Cezar e Piragipe (esses já eram rapazes). Foram tantos que alguns
não estou lembrando agora do nome...
Lembro-me que existia uma
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL que ficava vizinha ao Banco.
Tenho na memória que minha
mãe tentou aprender a dirigir o Jipe do meu pai. O motorista era o Seu Pereira,
que trabalhava na associação do banco. Ela bateu com o Jipe num muro e nunca
mais o meu pai deixou ela dirigir.
Lembro-me que visitávamos a
fazenda do Dr. Cláudio Fasheber (um ítalo-alemão) que era o dentista da época.
Lembro-me de Dr. Nias
Gadelha (que fez eu e meus irmãos rezarmos o Pai Nosso no terraço lá de casa),
Dr. Antonio Queiroga, João Avelino, Chico Formiga.
Lembro-me de uma “doida”
chamada QUIRIQUIQUI.
Por enquanto é só.
Sou escritor e visitando a
Imprell tive a saborosa surpresa de encontrar este seu livro.
Parabéns pelo que escreveu e
nos deixou sensibilizados.
Um abração e até outra
oportunidade
Walfredo Rodriguez Neto
Tenho um blog: walfredorodriguez.wordpress.com/
CARTA A JERDIVAN
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/07/2013 03:44:00 AM
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