Casos e Descasos
Genival
Torres Dantas*
Genival Torres Dantas |
Em 2007 quando o Exercito Brasileiro deu inicio as
obras da transposição do Rio São Francisco,
sequenciado por um consórcio de empresas, o nordeste viu o começo de um sonho
ser concretizado, acalentado desde o império, sendo usado politicamente por
vários presidentes do país, como cabo eleitoral, depois engavetado para
decepção de uma massa, carente de água, representada por 12 milhões de pessoas
que habitam as margens do canal da obra.
O
projeto, inicialmente, com 700 km de extensão, atravessando os Estados de
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, tinha um custo previsto de
R$8.5 bilhões, e
o prazo para a conclusão da transposição seria o segundo
semestre de 2014. Com a morosidade provocada pelos gargalos e a vontade
política, impostos no decorrer do tempo, o valor já há previsões de alterações
para 19 bilhões e o prazo para entrega do canal salvador para 2019. Quanto ao
volume de água a ser captada que era de 1.4%, da vazão, ou seja, 1.850 m³/s do
total das águas do São Francisco, temos agora um grande problema a ser equacionado,
há estudos que apontam uma redução no volume das águas, do rio em questão, em
30%, por razões climáticas; nesse caso, fatalmente todo processo sofrerá
modificações, claro que esse entrave não pode ser debitado ao descaso do
governo federal, trata-se de ações da natureza, provocadas por atitudes
irresponsáveis do ser humano que vem devastando o meio ambiente sem nenhum
critério, a não ser o seu bem estar, e os lucros aferidos e obtidos na
devastação ambiental.
Como existe uma perspectiva que o
senador Vital do Rêgo Filho (PMDB/PB), venha substituir ao ministro Fernando
Bezerra de Souza Coelho (PSB/PE), no Ministério da Integração Nacional, órgão
que trata de assuntos como a seca e infraestrutura hídrica, e a condução de
política nacional para irrigação e defesa civil, se efetivamente isso ocorrer,
e sendo Vital do Rego profundo conhecedor dos problemas inerentes ao flagelo da
seca, especificamente no Cariri paraibano, região com forte tendência a
desertificação, pela ausência constante de chuvas, levando dificuldades à
sobrevivência e homens e animais naquelas terras, espera-se dele, não pelo fato
da sua origem paraibana, mas, pelo senso humanitário e capacidade gerencial em
priorizar problemas de maior gravidade e levar soluções a tempo de evitar
catástrofes maiores, uma atitude moralizadora e, definitivamente, resolva a
peleja centenário e cujo desfecho será tão útil ao sertão nordestino.
Há certa perplexidade dentro do governo federal por não está conseguindo o resultado
esperado nos leilões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Para as
rodovias houve interesse de algumas empresas e o vencedor na privatização da BR
050, entre MG e GO, é um consorcio cujos componentes são desconhecidos, e
deságio na cobrança de pedágio de 42% do teto que é no mínimo desconfortante
para os interesses da população por razões que podem no futuro alterar para
cima os números apresentados que podem ser apenas para conseguir um contrato de
longo prazo, mas de interesses escusos, mesmo porque não se acredita num
crescimento de 3,5% ao ano e durante 10 anos seguidos, no volume de serviços,
tomando por base o crescimento da região nos últimos 10 anos, conforme
histórico efetivo levado em conta pelo governo para impor regras e valores para
privatização da rodovia licitada.
Quanto
a Br 262, entre MG e o ES, vários foram os fatores que contribuíram para não
haver apresentação de propostas, sendo o risco Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes), um dos principais motivos, numa total desconfiança dos
investidores na insegurança jurídica, e pela incompetência do
governo federal em ter apenas iniciativa, para inicio das obras, e não ter
espírito acabativo para o seu término. Outro detalhe importante foi o retorno
com o financiamento oferecido através do BNDS (Banco Nacional de
Desenvolvimento Social), com juros embutidos e subsidiados, na TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo), para os 35 anos de duração da concessão.
Na
área energética, o Brasil não foi priorizado pelas grandes companhias de
petróleo como a
Exxon-Mobil, (BO) Britsh Petroleum, e Chevron, essas empresas ficaram de fora
do primeiro leilão do pré-sal, para o campo de Libra, o mais festejado por ter
um potencial entre 8 e 12 bilhões de barris, dobrando, portanto, as nossas
reservas. Havia uma expectativa que 40 empresas concorressem ao projeto, apenas
11 entraram na concorrência, representando aproximadamente 27% do previsto,
para desencanto da presidente Dilma Vana Rousseff. O governo precisa entender
que as coisas não são como ele quer, mas como as tendências se canalizam
principalmente num mundo globalizado, como vivemos nos últimos tempos.
O
Brasil foi preterido por outros países, ou outras possibilidades com retornos
mais fáceis e políticas claras. As rotas de investimentos, quando o Brasil se
fechou para abertura de novas concorrências na exploração de petróleo, foram
transferidas para o Golfo do México, região do Ártico, África Ocidental,
Austrália, China, Canadá e Rússia, além de regiões de menor importância no
mercado de petróleo. O ganhador da concorrência arcará com um prêmio de R$15
bilhões, uma quantidade de petróleo reservado ao país, ganhará o que oferecer
maior quantidade, ficando ainda com a Petrobrás 30% do projeto, os números não
sensibilizaram muitos investidores internacionais.
O congresso nacional, numa ação infeliz e com apoio
da base aliada, manteve
quarta-feira (18) os vetos presidenciais a itens de sete propostas
anteriormente aprovados pelos congressistas, mantendo a cobrança de 10%, como
multa sobre o saldo do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), pagos
pelos empregadores nas demissões sem justa causa. Essa taxa que já era cobrada
indevidamente, desde julho de 2012, agora passa a ser legal. O congresso perdeu
a oportunidade de pelo menos corrigir uma aberração, quando podia ter, mesmo
aprovando um tributo fora de propósito pela sua falta de substancia e coerência
com o social, ter a consciência de tirar fora dessa taxa maléfica as micros e
pequenas empresas que são penalizadas dentro do setor empresarial, pelas
dificuldades que esse segmento passa, e não alteraria em nada para o empregado,
pois, os valores são para uso do governo, cujo argumento usado para aprovação
foi a utilização da arrecadação no programa Minha Casa Minha Vida. É um
descalabro para aqueles que lutam com muita dificuldade para manter seus
pequenos empreendimentos e as grandes empresas, de determinados setores, dentre
elas as empresas automobilísticas, gozam de privilégios com isenções
tributárias ou reduções, juros subsidiados em determinadas operações, cujos
contemplados são escolhidos a dedo.
Na outra ponta, o senador Pedro Jorge Simon (PMDB/RS), na tarde de hoje (23), da tribuna do
senado federal fez uma defesa impar para que a ex-senadora Maria Osmarina
Marina Silva Vaz de Lima, tentando criar um partido novo, a Rede
Sustentabilidade, para poder sair candidata à presidência da república em 2014,
tenha seu direito reconhecido. Segundo o senador, há certa desconfiança que
existem interesses ocultos tentando que o partido da Marina Silva não seja
reconhecido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pois as evidencias estão
dando a ex-senadora uma condição favorável na pretensão ao cargo. Marina Silva
é sem dúvida uma política com capital moral suficiente para levar enfrente sua
intenção, tanto pela sua história como defensora do meio ambiente, como pela
sua atuação como Ministra do Meio Ambiente, mais ainda, pelo sucesso que obteve
quando candidata que foi, à presidência da república, no último pleito, quando
obteve 20 milhões de votos, concorrendo por um pequeno partido. Será uma
incongruência muito grande se a candidatura da Marina Silva seja evitada por
questões outras que não sejam devidamente esclarecidas à opinião pública.
Não
podemos desanimar com as intempéries, as decepções, os descaminhos, os
descasos, os despropósitos; é imperativo que sejamos fieis aos nossos objetivos
e sonhos, pois, “Existem pessoas que sabemos que vão nos decepcionar, mas
mesmo assim investimos nelas por acreditar na esperança”.
*Escritor e Poeta
Dantasgenival@hotmail.com
Casos e Descasos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/24/2013 07:49:00 AM
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