Questões Democráticas
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Os últimos acontecimentos na formação de novos partidos nos leva a uma
conclusão no mínimo diversionista dentro do órgão competente, Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), não havendo qualquer simbiose nos conceitos de avaliação que
possam justificar as aprovações ou não desses novos registros.
O 31° e o 32° partidos do Brasil surgem como Partido Republica da Ordem
Social (Pros) e Solidariedade (PS), respectivamente, ambos com objetivos claros
em apoio a pretendentes a presidência da republica em 2014, numa demonstração
clara e
evidente de continuísmo dos partidos existentes com a prática de
aluguel da legenda. O PROS já surge como uma bandeira na luta em apoio à
candidata declarada a reeleição, da presidente Dilma Vana Rousseff; enquanto o Partido
Solidariedade (PS), liderado pelo paranaense, radicado em São Paulo, deputado
federal Paulo Pereira da Silva (PDT), mais conhecido como Paulinho da força,
sindicalista atuante, foi montado claramente para acolher os descontentes do
Partido Social Democrático (PSD), egressos do DEM (Democratas) e servir de
apoio ao também declarado candidato á presidência da república, senador mineiro
Aécio Neves da Cunha (PSDB).
Enquanto isso, a acreana Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, luta
desesperadamente para conseguir o registro do seu partido, Rede
Sustentabilidade, ela que foi senadora, ministra e candidata a presidência da
república em 2010, obtendo expressivos
19.636.359 votos, poderá ficar fora da
disputa no próximo ano, por forças ocultas, na linguagem antiga do guaicuru,
saudoso Jânio da Silva Quadros (1917/1992). Verdadeiro desplante querer segurar
a concorrência de um pretendente por absoluto receio de sucesso do adversário.
É o jogo político de paradoxos que estamos vivendo, e esse tipo de situação faz
parte da real democracia que atravessamos. É o cinismo do poder absolutista
advinda das forças claras do núcleo despudorado do PT, solidarizado por parte
de um sindicalismo maléfico que tentam manter um projeto casuístico de poder, e
controle absoluto, usando indevidamente o pretexto de governabilidade,
regimentando partidos nanicos que se prestam apenas a subserviência dos que
estão no comando. O que nos deixa perplexo é a oposição usar do mesmo
expediente, praticando os nefastos procedimentos imorais, na tentativa de
retomar, via voto popular, se de direito fosse, o comando da nação.
Para não citar
apenas um exemplo prático, a adversidade democrática na gestão das nossas
questões prioritárias e na outra ponta e contrapondo o que se objetiva no
favorecimento aos mais necessitados e diante do quadro apresentado, quando o
governo federal faz propaganda do Programa Mais Médicos, um deles entre tantos
outros na encruzilhada do olhar difuso da incompetência, como uma solução
definitiva dos nosso graves problemas na assistência médica nacional, quando
ele não passa de um paliativo aos gravames localizados nas regiões mais
carentes de um pais constituído de bolsões de pobreza espalhados por todo
território. Levado pelo governo, o médico de família, com instrução, capacidade
e atuação limitadas, para cidades privilegiadas como São Paulo, Rio de Janeiro
e outras cidades abastadas de recursos e possibilidades, Itajaí/SC com 270 mil
habitantes e se constituindo no segundo orçamento do Estado, com faculdade de
medicina formando profissionais médicos todos os anos, é uma delas com a mesma
infraestrutura, também foi beneficiada. Certamente, o programa não vai atingir
o objetivo mais simplório e pertinente que é proporcionar uma assistência
médica básica, aos mais carentes e de difícil acesso a esse benefício. Portanto,
é de se concluir que o objetivo central perdeu sua função e sua característica,
não sabemos o que faz o governo federal errar tanto nas suas ações, se falta de
planejamento ou se a gestão é feita por pessoas sem o devido preparo para as
múltiplas funções, que o sistema exige, ou até mesmo, se o recurso da
meritocracia é uma questão menor, sendo preterida, no funcionalismo público,
pela presença de militantes, filiados e simpatizantes a partidos políticos da
base aliada, sem nenhum critério de avaliação de caráter profissional.
O governo erra
nos cálculos, objetivos, ações e até mesmo na propaganda, um setor que trabalha
com assertivas pontuais. Entretanto, olhando o trabalho da oposição o
comportamento não é menos vexatório, os partidos que trabalham seus possíveis
candidatos, citando apenas os de maior peso no quadro político, incluindo aí o
PSDB, com Aécio Neves, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), do governador
pernambucano Eduardo Henrique Accioly Campos, não se sabe até agora se
efetivamente é um partido oposicionista ou apenas uma cisão de conveniência
para tirar votos da oposição, o tempo dirá, e até mesmo a Marina Silva, com partido
indefinido, no momento, não mostraram nenhum projeto de mudanças para o país.
Existe sim, muito barulho e intenções de mudanças imperiosas, mas, sem nenhum
projeto explícito e pouco trabalho no sentido de conseguir adesões, por
absoluta falta de convencimento e empolgação, os números exprimem esse sentimento.
A democracia é
fundamental para o exercício das nossas ideologias quando todos podem expressar
suas ideias, mostrar seus trabalhos, traçar planos e elucidar objetivos, sem,
em momento algum, obstacular os trabalhos dos concorrentes qualquer que seja as
diferenças. Precisamos trabalhar a ideia da democracia sendo fortalecida por homens
e mulheres de atitudes sérias, honestas e claras, total ausência do desejo de
se locupletar do erário, com partidos políticos trabalhando pelo bem estar de
todos, quando o individualismo e o corporativismo não venham prevalecer sobre o
coletivo, o que não está ocorrendo no Brasil. Há um desânimo generalizado nos
brasileiros que acompanham o mundo político, estamos todos descrentes na
maioria absoluta dos políticos e partidos políticos, fomos levados e logrados pelo
sistema de coalizão, com distribuição de cargos pelo executivo ao legislativo,
aos partidos aliados, para manter a governabilidade, numa verdadeira
descompostura e descalabro, com total ausência de ética nos poderes
constituídos e citados, esse sistema vem se arrastando nos últimos 20 anos,
tendo piorado no governo Lula, e agora, mais ainda, no governo Dilma.
O jornalista
Bernard Shaw antes de aposentar do jornalismo americano nos deixou uma lição
muito precisa em termos de democracia, precisamos nos debruçar e refletir sobre
ela, quando ele afirmou: "A
democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria
incompetente." (Bernard Shaw).
*Escritor e Poeta
Questões Democráticas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/03/2013 05:41:00 AM
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