Agimos sub-repticiamente rumo ao mundo dantesco dos incautos
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
A evolução do homem tem sido uma
constante em toda sua existência, no início trabalhava pela sua sobrevivência
com o uso específico dos recursos naturais, extraindo da terra os nutrientes
necessários para alimentação do corpo, nada mais que isso, numa consciência,
talvez até inconsciente, da divisão dos
recursos disponíveis e ao seu alcance, com os seus pares, numa atitude de
respeito ao seu semelhante.
Nesse gesto, talvez o primeiro
gesto humano, surge as aldeias, as comunidades, as sociedades, para lutarem,
juntas, contra as adversidades da natureza e ataques de outros animais
fisicamente mais fortes, entretanto, sem a inteligência humana; até mesmo de
outros grupos de humanos que vinham em busca das suas reservas, quando as
sobras ocorriam em áreas de terras mais férteis e abundantes na sua produção de
alimentos; a água nunca foi problema, pois, normalmente as aldeias se formavam
às margem dos rios sempre cristalinos. Quando havia escassez de alimentos
mudavam para nova área e
retoma seu trabalho com o mesmo objetivo, enquanto a
área antiga se recomponha e esses retornam, muitas vezes, ao lugar de origem,
formando, dessa forma, um círculo habitacional.
Milhões de anos nos separa do
inicio dessa longa caminhada, várias foram as designações até chegarmos ao que
somos hoje, e segundo Charles Robert Darwin (1809/1882), grande estudioso da
espécie, entre tantas: “O homem ainda traz em sua estrutura física a marca
indelével de sua origem primitiva”.
Eu que não sou profundo conhecedor,
apenas estudioso da matéria, até mesmo pela necessidade de me conhecer como ser
humano e os motivos pelos quais tenho o
comportamento que tenho na sociedade que me formou como homem, e vivendo esse
curto espaço de tempo, a vida materializada na terra é, senão, o intervalo
entre o nascimento e a morte, assim sendo, procuro viver entre os conceitos
religiosos e a aplicação das leis do homem, que nos regem. Sem, entretanto, me
curvar a soberba dos que se julgam acima das leis apenas por gerenciarem,
temporariamente, o sistema.
Com a experiência de vida que
tenho, passando por uma trajetória escolar e profissional, alcançando posições,
para muitos, motivo de orgulho, quando verifico que ultrapassei limites e
fronteiras, sinto apenas a sensação de dever cumprido. Lamento apenas ter
compartilhado o mesmo espaço ao mesmo tempo com pessoas diferentemente daquilo
que penso e agem de forma absolutamente arbitrária, sinto um verdadeiro pesar
por entender que não aprendemos tudo que deveríamos ter aprendido com nossos
ancestrais, pelo contrário, estamos colocando em risco o futuro dos nossos
descendentes, futuras gerações, simplesmente, pelo nosso desamor ao próximo,
pela nossa avareza e nosso instinto de destruição da própria raça e do planeta
que nos serve de casa.
No plano político o sentimento é
pior, é de verdadeira impotência diante dos fatos que se acumulam em nossa volta, vendo a capacidade de
deslealdade para com os outros chegar ao limite da nossa capacidade de
entendimento, um verdadeiro desplante, uma pasmaceira desvairada. Com todo respeito a minoria que compõe a
classe política e tem agido com verdadeiro sentimento de lealdade com aqueles
que apostaram no seu trabalho e a sua dignidade, a grande maioria, certamente
não merecem o voto dos seus eleitores, por tudo que está ocorrendo no nosso
país. Um despudor inconcebível, verdadeiras chicanas, criadas para atrapalhar o
andamento dos processos dentro de uma ritualística e formalidade que requer ao
mais elementar de uma ação.
O mais recente crime tentado contra
os bons costumes veio por conta do nosso legislativo, exatamente no Senado
Federal. Numa ação entre amigos, aquela casa, por conta da maioria, composta do
partido governante (PT) e seus aliados, tentaram impor, para aprovação como
Ministro ao TCU (Tribunal de Contas da União), em substituição ao Ministro
Valmir Campelo, que completará 70 anos em setembro próximo, mas, ele foi
guindado à uma diretoria do Banco do Brasil para abrir espaço, numa negociata
do executivo com o PTB, ao nome do Senador Jorge Afonso Argello, mais conhecido
como Gim Argello (PTB/DF). Advogado, corretor de imóveis, paulista de
São Vicente, com uma folha corrida junto as tribunas que não abonam como ícone
o senador Argello, à um cargo que requer
uma reputação ilibada, pré-requisito para uma pessoa ocupar uma cadeira no TCU,
e o indicado é alvo de inquéritos no (STF) Supremo Tribunal Federal.
Entretanto, numa manobra articulada e patrocinada pelo governo Dilma Rousseff,
e apoio do Presidente do Senado, José Renan Vasconcelos Calheiros (PMDB/AL), os
governistas tentaram aprovar um requerimento de urgência para que a indicação
do senador fosse aprovada apenas no plenário, dessa forma, dispensaria a ida do
pedido para a (CAE) Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal.
Graças ao determinismo da oposição
minoritária, com a participação dos independentes e alguns dissidentes da base
de apoio de vários partidos da base aliada, incluindo-se aí senadores do PMDB,
num gesto de brasilidade e patriotismo, não fomos vítimas de mais uma ação
nefasta das luzes difusas do sentimento ditatorial que está impregnado na
maioria situacionista do Senado Federal.
Mais um capítulo superado, porém,
muito mais virá por aí, o ideário do atual governo é laivo, não se importando
com as consequências futuras, o que interessa é a manutenção do poder, custe o
que custar, e a quem custar, exemplo claro está na atitude do partido do PT,
virando as costas e jogando-o ao rio permeado de piranhas famintas, face ao
comportamento de um dos seus membros, diferentemente com o que ocorreu com os
mensaleiros do processo 470, o Deputado André Luiz Vargas Ilário (PT/PR). O
mesmo que num gesto de menino pequeno, fez molecagem na mesa da Câmara, onde
era Vice-Presidente, para molestar o Presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, que estava sentado à mesa,
como convidado, levantando o braço e cerrando o punho, num gesto de imitação
aos mensaleiros condenados e punidos com prisão. Hoje, esse ainda Deputado
Federal, está envolvido em corrupção, com atuação junto com seu amigo doleiro
acusado e preso, Alberto Youssef, por desvio de interesse e destino, de mais de
R$10 bi, o caso está sendo apurado pela Polícia Federal, na operação Lava-Jato,
mais uma lambança, em operações nebulosas, como tantas nos últimos tempos, na
política nacional e por políticos corruptos.
*Escritor
e Poeta
Agimos sub-repticiamente rumo ao mundo dantesco dos incautos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/13/2014 08:28:00 PM
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