Temos vinte dias para desatarmos o nó górdio da Copa do Mundo
Genival Torres Dantas* |
Toda
manifestação pública, respeitado o direito do outro, está respaldada na
constituição, portanto, sob a égide da Lei, conforme Art. 5°, da Constituição
Federal. É tácito que todos nós temos o direito de manifestarmos nosso ponto de
vista, entretanto, o que temos visto nos últimos dias são pessoas, ou grupos,
se impondo pela força, com uso das armas, em nome da democracia, subvertendo
valores e transformando o dia a dia dos brasileiros trabalhadores num
verdadeiro inferno, sem ter a quem e
com quem reclamar.
Temos
observado nos últimos tempos absoluta falta de lideranças em nosso país. Temos
um governo praticamente acéfalo, prisioneiro ao lema da governabilidade, se
sujeitando as exigências de partidos políticos, muitos deles sem a noção exata
dos valores patrióticos, pois, seus dirigentes buscam apenas a manutenção nos
cargos que ocupam no executivo, em vários níveis, em apoio às votações exigidas por aquele poder, quando
necessário e para sua adequação, dentro do Congresso Nacional, na triste
prática política do que é dando que se recebe, receita que há muito tempo
perdura no cenário político nacional. Um legislativo que trabalha em função da
sua subserviência ao governo central. Enquanto o Judiciário tenta se impor ante
o fuzilamento dos situacionistas, que não conseguem aceitar o resultado do
julgamento dos mensaleiros que faziam parte do partido governista e seus
aliados.
Nesse
quadro de desajuste e desarmonia, o Brasil acompanha com muita tensão a
aproximação da Copa do Mundo de Futebol, a ser realizado em nosso país, por um
pedido nosso, não foi indicação da FIFA, por essa razão estamos nos sujeitando
a engolir imposições do padrão FIFA, para realização de um evento que não estávamos
preparados a banca-lo. Somos um país saindo do 3° mundo, participando do grupo
dos emergentes, dentro os cinco participantes, um dos mais sofridos. Por isso
devíamos ter ficado quietos, mas a vaidade de alguns poucos, querendo mostrar
ao mundo aquilo que não somos e não temos, estamos na iminência de vermos um
sonho se transformar em pesadelo se não mudarmos de atitude.
No
momento em que não tivemos competência de cumprirmos as metas
pré-estabelecidas, na execução dos projetos de viabilização do evento, com
muitas tarefas ficando para após copa, principalmente na mobilidade com
ampliações de aeroportos e ampliação de implantação de sistemas urbanas,
resultando nesse quadro de preocupação, principalmente por sermos brasileiros e
querermos o melhor para o país, só nos resta torcer para que o evento
transcorra, mesmo dentro das limitações que os fatos nos impuseram, na maior
paz possível e na melhor forma que o brasileiro costuma fazer, usando o seu
jeitinho habitual.
Esses
adversários que mesmo não tendo uma liderança forte, caso específico de São
Paulo, na greve dos motoristas e cobradores de ônibus, se insurgiram contra um
acordo do seu sindicato, não respeitando uma hierarquia constituída pela Lei,
isso já é o retrato do caos, da falta de controle e de autoridade, algo não
aceitável numa sociedade democrática e de direito.
Nesse
momento de muita reflexão, está faltando um pouco de bom senso na
razoabilidade. Enquanto há enfrentamentos nas ruas entre policiais e grevistas,
em vários Estados, agora, inclusive, com a participação da classe policial,
reivindicando seus direitos, as cabeças pensantes que deveriam está se propondo
a chegar numa solução de curto prazo, vemos que a rotina dessas pessoas não
mudaram, estão viajando pelo país já trabalhando pelas eleições que estão por
vir em outubro próximo, como se estivéssemos num verdadeiro mar de rosas, se as
ocorrências das últimas horas fossem verificados num país vizinho.
Quinta-feira
(22), triste e melancólico era o quadro nas ruas de muitas cidades de vários
Estados do Brasil, enquanto isso, numa reunião da CPI da Petrobrás, com membros
apenas da base aliada, portanto, chapa branca, no Senado Federal, apenas três
senadores compareceram para discutir o assunto e interrogar um dos ex-diretores
da Petrobrás, demitido por ser um dos indicados no prejuízo causado ao erário
público, no caso da Pasadena, caso, largamente divulgado pela imprensa
nacional.
No
período da tarde e no mesmo Senado, em sessão, no plenário, no encerramento,
quatro membros faziam parte daquela sessão, o presidente, em exercício, da
casa, Ruben Figueiró de Oliveira (PSDB/MS), os senadores, Pedro Jorge Simon
(PMDB/RS), Paulo Renato Paim (PT/RS) e Ana Amélia Lemes (PP/RS). Podemos
verificar a atuação de um senador oposicionista pelo MS, e três senadores da
base aliada, sendo o Pedro Simon e Ana Amélia, considerados independentes, mas,
todos do (RS), 100% de frequência, um exemplo para os demais Estados, ausentes
e indiferentes ao Brasil carente de responsabilidades.
Considerando
o exposto não vejo alguma possibilidade de mudarmos a atual situação que
estamos passando, não existe muita gente disposta a fazer reformas ou mudar
alguma coisa que resulte num país mais sério e honrado, a impressão que temos é
que essa nação também não pertence a eles, políticos de poucas causas e de
tantos interesses escusos. Isso não é conjectura, é um fato.
*Escritor e Poeta
Temos vinte dias para desatarmos o nó górdio da Copa do Mundo
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/24/2014 06:57:00 PM
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