JOAQUIM O OBSTINADO
Ignácio Tavares |
Ignácio
Tavares*
Joaquim Levy, Dr. em economia pela
Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, detentor de um invejável salário
como um dos diretores do Bradesco. Isso mesmo, larga o emprego e
aceita o
convite para assumir o Ministério da Fazenda, justo no momento que a economia
brasileira está a passar por momentos difíceis.
Tomou esta decisão porque o seu instinto de
homem publico falou mais alto. Não é fácil explicar as razões que levaram um
cidadão largar um emprego de elevada remuneração para exercer o cargo de
ministro a receber uma remuneração significativamente inferior.
Joaquim sabe das dificuldades que vai
enfrentar, desde a difícil relação com a presidente na convivência do dia a dia,
até os mais graves problemas que a economia está a enfrentar. Enfrentará ainda
problemas políticos, não só das oposições, mas, também da base aliada do governo.
Os problemas já são conhecidos. Contas
públicas desarrumadas, inflação em alta, déficits de ordens diversas, tais como
no balanço comercial, no balanço em contas correntes, entre outros males que
fragilizam os fundamentos da economia. Estes são os grandes desafios que
Joaquim haverá de enfrentar a fim de recolocar a economia brasileira na rota do
crescimento
Não obstante esses desafios a sua vocação de
homem público o fez aceitar Ministério da Fazenda com o aval da presidente e as bençãos do desconfiado mercado. Afinado com o presidente do Banco Central, o
Ministro do Planejamento está sendo possível construir um programa de ajuste
com o objetivo de reconstruir a economia brasileira.
Joaquim entra em ação e põe o pé no freio dos
gastos do governo. Setores poderosos estão a reclamar em razão das perdas de
benefícios concedidos pela equipe econômica anterior. Por outro lado o capital
global, que olhava o Brasil com um olhar enviesado já está em busca de
informações sobre as melhores oportunidades de investimentos não especulativos.
A perspectiva de mudanças de rumos na condução
da economia alterou a decisão das agências de classificação de riscos que
ameaçavam rebaixar a nota do grau de investimentos, em seguida o rebaixamento
da nota da Petrobrás. Foi dado um tempo até que as coisas se acomodem para que
novas avaliações sejam feitas para o bem ou para o mau.
Afora os fatores adversos externos há outros
complicadores internos que envolvem até mesmo a base de apoio ao governo. A
crise da Petrobras, - o envolvimento dos três principais partidos que dão
sustentação parlamentar ao governo no imbróglio do petrolão - não deixa de ser
um fator de instabilidade política que pode gerar mais incertezas quanto ao
futuro da economia.
Nesta seara Joaquim não entra e nem deve
entrar. São problemas da alçada da presidente, bem como dos partidos da base do
governo. Agora resta saber como se desdobará o processo do petrolão porquanto
continuar as delações premiadas de onde se pode extrair novas informações que
podem minar cada vez mais a base política do governo.
Em meio a todas essas confusões, o Ministro
Joaquim continua com a sua credibilidade em alta na visão dos grandes
investidores nacional, bem como do capital externo que acreditam no potencial
da economia brasileira com ambiente ideal para investimentos de retornos
assegurados no médio e longo prazo.
É verdade que, para que haja sucesso no
programas de ajuste, o apoio do governo necessariamente deve ser inflexível porque
se houver concessões – pressionada pela base aliada – a meta de um superávit
equivalente a 1,2% do PIB dificilmente será alcançada. Neste caso, certo modo,
forçara o governo por em pratica um programa de austeridade fiscal mais ousado
em 2016.
É possível que uma repactuação da meta de
superávit para 2016 mais ousada possa sofrer as mesmas pressões que impediram
atingir a meta de 1,2% em 2015. Desse modo fica caracterizado que a crise
brasileira é mais ideológica do que econômica. Isso acontecendo com certeza
Joaquim retornara aos quadros do Bradesco. O que virá depois, nem Deus sabe....
João
Pessoa, 12 de Março de 2015
*Economista e
Escritor.
JOAQUIM O OBSTINADO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/16/2015 08:10:00 AM
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