Um corpo agônico requer parcimônia
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Entre os países emergentes somos, sem
dúvida, aquele de pior estado de penúria, casos fortuitos corroboram com o
quadro crítico, com gradação sistemática e sistêmica, aliado a uma conjuntura
adversa, movida por uma administração mitomaníaca e um quadro parcial de
colaboradores nada afeitos aos bons costumes e zelosos pelo erário público.
O que mais assusta é a inoperância
governamental numa ação qualquer que venha coibir, ou mesmo minimizar os efeitos
nefastos da conduta de alguns membros, tentáculos de subtração a alimentar um
monstro de gula feroz e
insaciável, principalmente quando o alimento que lhe é
suprido, é de origem pública, sugado dos mais necessitados e humildes,
habituais pagadores das contas espoliadas por aqueles que deviam cuidar do
alheio, pois, para isso são bem pagos.
Esses muitos que sugam e vivem da
miséria dos outros e ainda debocham da paciência da grande massa, um dia terão
um acerto com a justiça, e não vai demorar, tudo é uma questão de tempo e
espera, dosados pelo bom senso, noções de sabedoria e razoabilidade, constante
ainda na grande maioria. Os que estão incrustados nas maledicências e de
práticas danosas, sem preocupações com os danos e correções aos prejuízos
causados a terceiros, tendem a achar que o uso do ilícito os torna mais
inteligentes e capazes, ledos engano, com a facilidade encontrada pelo uso e
prática, resultante da recorrência leviana, abre espaço para erros infantis e
primários, é nessa hora que a casa cai, a cerca é derrubada, a vaca foge, o boi
se lambe, e a urticária coça; nesse momento o açoite faz marcas, a pele sente e
o corpo estremece, em outras palavras, a justiça é feita, muito embora cega e
morosa.
Estamos vivendo e convivendo com uma
realidade esdrúxula, e inédita em toda vida Republicana. Temos um governo refém
de um partido político, que até então fazia parte da composição da base de
apoio, no governo participativo e de esquartejamento administrativo, lotando em
seus ministérios, aliados, muitas vezes sem nenhuma qualificação técnica,
ocupando cargos por puros interesses corporativos, sem nenhum serviço prestado
ao país, uma anomalia provocada e levada a um caos anunciado, no decorrer de
todos os 12 anos do atual regime.
Sem espaço para movimentações
horizontais ou verticais, a presidente, na inércia que o sistema lhe impões, a
única saída foi baixar a guarda, renunciar a prepotência endêmica, que lhe é
peculiar, abrir mão da governança concentrada nas suas próprias ideias nefastas
e improdutivas, repassar ao seu vice-presidente a coordenação política,
procurando uma solução em curto prazo, na tentativa de acabar com as derrotas
implacáveis no Congresso Nacional, administrado por dois correligionários do vice-presidente,
lotados nas presidências do Senado Federal e Câmara dos Deputados. O
triunvirato do PMDB procura implantar uma sistemática voltada aos interesses do
partido já vislumbrando as eleições municipalistas para o próximo ano, na busca
de manter ou ampliar a vantagem que o partido tem no âmbito municipal, onde tem
o maior número de prefeitos eleitos em 2014, entre todos os partidos em
exercício no Brasil.
Por enquanto há uma grande correria
para ocupação de cargos no segundo escalão da administração federal, claro que
a distribuição dar-se-á de forma regimental, dos interesses eleitoreiros, e a forma
continuará a mesma, como se voltássemos ao período colonial e as capitanias
distribuídas aos fidalgos da corte, puxa-sacos dos poderosos, ruminantes dos
palácios, vivendo para dormir, coçar, comer e ruminar, portanto, ocupados
demais para se ocuparem de tarefas menores para o interesse coletivo.
Enquanto isso o ajuste da economia
fica por conta de um abnegado ministro, da Fazenda, Joaquim Levy, buscando, na
sua luta solitária, uma saída para o caos reinante. Concomitante, o Congresso
vai colocando em pauta projetos delineados com a conveniência partidária e relevantes
ao futuro político dos seus gestores. Não acredito na conversão, de última
hora, do presidente do senado, Renan Calheiros(PMDB/AL), depois das eleições
passadas, teve um surto de brasilidade, trabalhando por uma pauta produtiva e
de interesse público, renunciando aos interesses palacianos; nessa paineira tem abelha, nessa moita tem
formiga, nesse rio de águas calmas e serenas tem piranha.
Os índices levantados pelos órgãos
competentes indicam o descaminho que ainda estamos seguindo; a inflação é um
mar revolto, se elevando a cada onda, tentando ocupar o continente; os juros
afugentando clientes, consumidores potencias, esperando novos tempos para
aquisição de produtos necessitados, mas, que não convém adquiri-los no momento;
cresce a insegurança urbana, os crimes são citados nas páginas dos jornais e
noticiários diários da nossa imprensa midiática; a calamidade toma conta das
nossas cidades, pessoas já começam a passar privações, os salários, já, sem o
poder de compra de anos anteriores, são fatores de frustrações, cada vez mais,
comprando menos, a desesperança é vista no rosto dos transeuntes nas ruas frias
de sentimentos, e de elevada falta de estima.
Por fim, a apatia é o símbolo de um
tempo sem governança, liderança, segurança e sensatez. Portanto, é o começo do
fim de uma triste realidade que estamos vivenciando, a falência de um sistema
que se prenunciava altivo, justo e de elevada honradez. O tempo mostrou que não
passava de um engodo, embuste embalado em papel de presente de grego. Deixo para
reflexão uma frase de Guimarães Rosa:
"Mestre não é quem sempre ensina,
mas quem de repente aprende."
*Escritor e Poeta
*Escritor e Poeta
dantasgenival@hotmail.com
Um corpo agônico requer parcimônia
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/17/2015 11:44:00 AM
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