Laudato Si (Louvado Seja)
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Na última
reunião dos países do G-7, ficou delineado um compromisso dos mais ricos em reduzirem
o consumo dos combustíveis fósseis de 40 a 70%, com base em 2010,
primordialmente os que provocam o efeito estufa, querendo eles, dessa forma,
descarbonizar a economia mundial. Nós que estamos consuetudinários na
resistência desse grupo na imposição dos seus valores com base no fomento ao
desenvolvimento e
alargamento do consumo, de certa forma fomos surpreendidos
por essa nova posição de um dos blocos mais conservadores que militam em nome
do desenvolvimento a qualquer custo, nem mesmo que esse custo seja a
subsistência humana.
Para nossa
dupla felicidade, essa semana, Sua Santidade Papa Francisco, autoridade maior
da igreja católica, lança a encíclica com verdadeiras conotações de interesse
aos povos que lutam pela manutenção da natureza e suas benesses a raça humana.
Os argumentos do Papa Francisco foram fortes e convincentes, tanto no aspecto
moral como científico e teológico, uma verdadeira reflexão sobre o nosso
desconhecimento e até ignorância a respeito da escatologia, ou mesmo nosso
menosprezo cabal e absoluto pelas coisas sagradas, dentre elas,
indiscutivelmente, a própria vida.
O Papa vai
além dos conhecimentos inerentes ao tema e mostra ao mundo sua preocupação
sobre o futuro da nossa raça, com os pontos nevrálgicos da sociedade, conclamando
a participação de outros líderes religiosos ou não, no engajamento pela luta
peremptória em prol de um mundo mais saudável, por conseguinte, mais feliz e
equânime entre seus moradores, pois, a terra é, sem dúvida, uma casa comum a
todos nós, seu futuro depende da atitude que teremos daqui para frente, sobre
esse tão maltratado planeta, mais ainda, que qualidade de filhos deixaremos
como legado ao lugar que nos acolheu, e verdadeiramente, já somos a primeira
geração a deixar, para nossos descendentes, uma terra em piores condições que
recebemos, por mais que tentemos arrumar a casa, o prejuízo já foi causado, ela
foi tacitamente desconstruída em nome do nosso bem estar, e da usura dos mais
avarentos.
Assim como o
Papa Francisco e o Grupo G-7, existem outras entidades preocupadas com o futuro
da humanidade, esses buscam de certa forma uma compensação aos mais pobres que não
tendo recursos, fartos aos países mais ricos, são os que mais são afetados
pelas consequências da devastação ocorrida, principalmente, no nosso subsolo,
na corrida desgovernada pelas riquezas naturais que a terra nos oferece, e sem
critérios ou medidas de necessidades vamos dilapidando nossas reservas,
necessárias a todas as gerações, passadas e futuras, porém, com a sede e a fome
que temos por riquezas, simplesmente para ostentação e soberba, vamos sacando
da terra, como quem saca da conta bancária, a descoberto, todos os valores
possíveis a nossa capacidade de exploração, deixando um saldo negativo para
pagamento futuro, por aqueles que nada devem, vão habitar, se não tomarmos as
precauções necessárias e emergenciais, uma terra sangrada, desfigurada e inabitável.
Nós
brasileiros tivemos uma oportunidade única para desenvolvermos um combustível
renovável e menos poluente que os atuais combustíveis fósseis. Infelizmente
nossa falta de visão futura, aliada à nossa irresponsabilidade para com os
nossos pares espalhados pela terra, jogamos na vala da insensatez o projeto do
Proálcool, num momento que dominávamos a tecnologia desse nicho de mercado, por
um mercado futuro, a exploração do pré-sal, sem futuro nos moldes da atual
preocupação da humanidade, por preservação do nosso planeta.
Essa atitude
em sucatearmos as usinas produtoras, sucroalcooleiro, desestimulando uma fonte
energética totalmente renovável, foi verdadeiramente um ponto fora da linha da
racionalidade. Para remontarmos a estrutura que tínhamos antes vai nos custar
muito caro, porém necessária, a necessidade para reativarmos esse setor
produtivo é de muita relevância, e relevante no processo de reconstrução da
nossa economia, quando os commodoties, por nós explorados, estão em baixa, tanto
no consumo como nos preços internacionais, proibitivos para exportação.
Depois do
flagelo imposto pela mente dos governantes “minus habens” na conceituação
gerencial, o pais foi disseminado pela discórdia e o desinteresse patriótico,
os fundamentos patrióticos foram suplantados pelos interesses pessoais e
oligárquicos, as concentrações temáticas em pró da nação foram se transformando
em verdadeiros convescotes, com participação daqueles que deviam cuidar do
presente e do futuro do país. O barco sem capitão, sem leme e sem vela está
adernado no mar revolto prestes a soçobrar pela falta de direção e sem rumo,
uma tragédia anunciada e não acreditada pelos praticantes da dissensão.
*Escritor e Poeta
Laudato Si (Louvado Seja)
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/22/2015 06:43:00 AM
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