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O Nada

Onaldo Queiroga
Onaldo Queiroga*

Quando nos referimos ao vocábulo “nada”, logo vem à ideia de que o nada é algo inofensivo, que não causa prejuízo algum e que não interfere nas nossas vidas.
Ledo engano. O nada tem um poder destrutivo tão feroz que aniquila sonhos e vidas. Algumas pessoas entendem que o nada está afeto à personalidade dos covardes, daqueles que não assumem posições e vivem em cima do muro. De outro lado, tem quem diga que muitos se utilizam do nada propositadamente para provocar situações vexatórias, constrangedoras e até mesmo dolosamente detonar projetos de outrem, apenas e simplesmente pelo sentimento da inveja.
Se existem pessoas que se notabilizam pela coragem de assumir posições fortes e
enfrentar intempéries, outras se escondem sob o manto do nada. Não assumem posições, não têm coragem de colocar as cartas na mesa e de público dizer qual o caminho que vão seguir. Esses sentam na beira da estrada, assistem ao caos se instalar e até mesmo diante de sua inércia contribuem com a implantação da desordem, quando na verdade a chave para a solução do problema está na sua própria mão.
Fico assim a imaginar quando uma pessoa com essas características assume um cargo de destaque. O nadaísmo transformará a credibilidade em descrédito, a confiança em desconfiança, a eficiência em ineficiência, a normalidade no completo caos. É possível até se visualizar o ápice do nada, que aflora em decorrência de pessoas que talvez sofram de obnubilações, que se deixam levar pelo deslumbramento e passam a ser guiados por uma confusão mental que dificulta a conexão de pensamentos e, com isso, se socorrem, infelizmente, do nada como nutriente da sua própria existência.
O nada, que tem como combustível a inércia, não tem o direito de obstruir ou dilapidar o sonho de ninguém. Emmanuel nos ensina que: “Ninguém possui medida bastante capaz, a fim de avaliar as dificuldades alheias”. Porém, sabemos que a humanidade está cansada daqueles que lavam as mãos e se refugiam sob o manto do nada.
O nada, com seu silêncio, é algo muito perigoso, sucumbe à felicidade e esmorece a coragem. É preciso que o homem tenha o desassombro de agir, buscando o bem como prioridade, pois errar involuntariamente é compreensível, tendo em vista que é no erro que se aprende.
*Escritor pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB

onaldoqueiroga@oi.com.br
O Nada O Nada Reviewed by Clemildo Brunet on 7/17/2015 05:18:00 AM Rating: 5

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