Presente de Grego
João Costa |
João
Costa*
Quando os Poderes Executivo, Judiciário
e Legislativo entram em consenso em torno
de um projeto de lei complementar, que é votado e aprovado em regime de
urgência – dispositivo que dispensa tramitação e discussão –, tenham a plena
certeza que o único dano vai para
aqueles que dependem dele e para bônus daqueles que aprovam e aqueles que vão
facilitar o prêmio. Bingo! Trata-se, o recente projeto de lei complementar que
“visa” reduzir da dívida do governo do estado com precatórios em R$ 1 bilhão,
de um “Cavalo de Troia”. Bem embrulhado em papel celofane de boas intenções,
configura-se num “presente de grego”.
Segundo o Palácio da Redenção, são mais
de 2.800 acordos judiciais em torno dos precatórios encalhados no Judiciário.
Arautos do governo sentenciaram que pagar os precatórios é
É de se esperar jantares em salões
luxuosos de João Pessoa para os convivas de um banquete financeiro que se
apresenta para escritórios de advocacia e seus intermediários. De lambuja, os
deputados também aprovaram a criação de uma Câmara de Conciliação. Que deverá
permitir a formalização de acordos diretos com credores que se “enquadrarem” em
editais que devem ser lançados pelo Estado. Aqui reside o estômago do “Cavalo
de Troia” para onde serão regados os depósitos judiciais.
Para sermos justos, apenas o líder da
Oposição ao Palácio da Redenção, deputado Renato Gadelha, foi direto ao ponto:
“é uma apropriação indébita, reter o dinheiro que não é seu”. Nada mais foi
dito nem contestado.
E vão entrar em cena “aqueles que mais
precisam”. Empresas com precatórios a receber vão poder usá-lo para abater
débitos com o “Leão”. Os causídicos envolvidos na conciliação, levam o que lhes
é devido por lei; quem está na fila dos ditos precatórios podem furá-la, desde
que abrindo mão de uma parte do dinheiro que lhes é devido pelo Estado. Algo
como oferecer água e comida em área de calamidade. E ainda agradecer a Deus por tanta
“benevolência”.
Não custa lembrar que “triagem” para
pagamento de precatórios passa pela procuradoria Jurídica do Estado. Poucos
falaram ou foram questionados. O procurador deu entrevista por telefone, foi
apenas um monólogo, tal qual um sermão religioso imbuído da boa-nova.
Ao déspota do momento todos os louros
tributados a César. Aqueles com créditos a receber, que façam fila no
“escritório de advocacia de painho”, avisou certo rábula, filho de lendário
magistrado, nesse épico grego das terras tabajaras. Assim caminha a Humanidade!
*João
Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de
assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do
Paraíba.com.br
Presente de Grego
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/17/2015 05:02:00 AM
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