13 - A arte de seduzir inocentes úteis
João Costa |
João
Costa*
Para sua consideração – Na guerra ou nas
amizades o inocente é de mis valia. Rumores de Brasília indicam que foi
Bolsonaro quem sugeriu e seus seguidores aceitarem a data de 13 de dezembro –
próximo domingo – para ser, digamos assim, a voz rouca das ruas a favor da
violação do estado de direito e democrático. Não para desgastar o PT, que leva
este número na legenda, mas para reverenciar o ditador Costa e Silva, que
assinou o Ato Institucional Número 5, em
13 de dezembro de 1968 e
que sacramentou uma ditadura.
Assim, as manifestações vão trazer de
volta as vivandeiras de quartel. Recapitular e enaltecer o que significou o
AI-5 e suas consequências torna-se inútil, alguns livros de História estão
mofando por aí. Mas vale contextualizar, uma vez que o Minotauro deu partida no
labirinto, e por onde ele vai sair não sabemos. Vale repetir: há três maneiras
de se resolver uma crise política. Da maneira certa, do modo errado, e à
maneira do Exército.
Invocando a proteção de Deus e a espada,
a Ordem do Dia do Chefe do Estado-Maior do Exército, general de Exército,
Sergio Westphalen Etchegoven em mensagem
de fim de ano à tropa, lida esta semana, é clara.
“Esta espada, senhores generais, tem
estado vigilante, sempre ao lado do nosso povo, na defesa da democracia e das
instituições, oferecendo-lhes proteção contra aventuras, aventureiros ou
radicalizações descabidas que tentem conduzir-nos a rupturas sociais pela
manipulação que transforma divergências em ódio.
Este é o valor do símbolo que lhes será
confiado e o peso da responsabilidade que a guarda de seu legado lhes impõe,
garantir a soberania da Nação, defender os interesses do povo a que servimos e
cooperar para a estabilidade indispensável à prosperidade que nos levará ao inevitável
destino de grandeza que nos aguarda”.
A nota exalta a trajetória do nosso
exército ao longo da história para, ao final, ressaltar o compromisso do
Exército com a “estabilidade indispensável” em 2016, ano em que o Minotauro vai
aparecer.
O Exército, acredito, esta longe da
histeria exalada pelas vivandeiras lambe botas. Na nota, o comandante do
Exército lembra o compromisso da força com a soberania nacional, que nunca
esteve ameaçada em 1964, mas que hoje no quadro da geopolítica na guerra do petróleo
está. Os golpistas por não aceitarem o
resultado das urnas, apenas aproveitam o senso de oportunidade diante de um
governo fraco, minado por sabotadores de todos os matizes, do ministro da
Justiça à vice-presidência, cercado por um Congresso de notórios corruptos,
pusilânimes e aventureiros, de Bíblia na mão, ou não.
Virou moda execrar a vida de parentes do
Luiz Inácio, por exemplo. Na guerra, você ataca primeiro os símbolos,
desqualifica o adversário, demoniza tudo ao seu redor e ofende até quem está no
ventre da mãe. Escrevo isto porque esta semana, no cafezinho
do Tambiá Shopping, em conversa com um
destacado professor da UFPB ele estabeleceu o seguinte diálogo.
- E o deputado Manoel Junior, hein?
Perguntou.
- Esta na tropa de choque como fiel
escudeiro do Cunha, o gangster carioca, respondi.
- Conheço pouco o deputado, mas conheci
um tio dele, Renato, no Estádio Nacional de Santiago do Chile, transformado num
campo de concentração e de extermínio pelo militares sob o comando de Pinochet.
Renato, enfatizou o professor, demonstrou muita dignidade.
- Ficou firme quando o chefe dos
torturadores brasileiros, o delegado Sérgio Paranhos Fleury, apareceu por lá
para repatriar e assassinar brasileiros exilados pela ditadura daqui,
relembrou.
Antes de sair, ainda deixou esta pérola.
- Vital do Rego, o velho, também não se
curvou diante do recrudescimento da ditadura no plenário da Câmara na noite de
13 de dezembro, fez questão de relembrar.
- E seus filhos, hoje, como agem? Deixou
a pergunta.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
13 - A arte de seduzir inocentes úteis
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/12/2015 08:10:00 AM
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