“Le Brésil n’est pas un pays serieux”
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João Costa |
João Costa*
Como um país estruturado, o Brasil
surgiu como resultado de uma fuga. Os livros de História narram à chegada da
Família Real, mas pouco nos contam sobre a fuga de D. João VI, que se escafedeu
da Europa fugindo de Napoleão Bonaparte, da Revolução Francesa e do Iluminismo,
preferindo ancorar nas trevas lusitanas, que incluíam a colônia. Feito as caravelas de Cabral, o país está à
deriva, mergulhado num golpe institucional capaz de consolidar a falta de
seriedade preconizada por Charles De Gaulle, na famosa frase “Le Brésil n’est
pas un pays serieux”. A desmoralização internacional do país é avassaladora e
Há um esforço hercúleo na mídia nativa
em descaracterizar o golpe, repetindo e replicando que se trata de um
impeachment, previsto na Constituição. Ministros do Supremo acabam de embarcar
na onda de negar o golpe, sem apontar crime da presidenta e vai a reboque do “efeito
manada” na vã ilusão de emprestar legalidade aos atos usurpadores do poder e da
vontade popular. Lembrete: o STF não viu ilegalidade em um réu em processo por
corrupção, presidir a sessão que abreviou o mandato de Dilma Vana; tão pouco
verá ilegalidade em outro réu por corrupção, concretizar o golpe no Senado.
Aliás, o processo contra Eduardo Cunha encontrou uma boa gaveta na Suprema
Corte. E talvez saia do Judiciário a concretização de clemência para delatores
(criminosos assumidos) e anistia para outros criminosos inimputáveis, cuja
lista não é extensa, porém incensada, pois considerada impoluta. Talvez
assistamos ao Judiciário sair de mãos limpas da tragédia que se anuncia.
Está sendo incrível observar como a
população virou as costas para quem elegeu, e como a resignação, mais uma vez,
será o retrato mais fiel da Nação, fixado na mesma parede ao lado de outros
retratos que a colocam no mesmo nível de velhaca, primitiva, rancorosa,
preconceituosa. Enfim, a catarse do nosso complexo de vira-lata em páginas
coloridas e nos espasmos da TV.
Como já escrevi aqui, Dilma Vana segue
impávida na sua autoflagelação e seu discurso na ONU beirou à pusilanimidade, a
tal postura elegante diante dos algozes da Nação prevaleceu, quando tinha por
obrigação defende-la ao invés de tagarelar sobre princípios que na luta de
classes se mostram vazios. Aqui respeitamos as instituições, ainda que
desmoralizadas – foi o recado dado por Dilma na ONU ao mundo que ri da
caricatura que se tornou o país nesta segunda década do século XXI. A crise se
aprofunda e ainda não se vislumbra nenhum cadáver – talvez Deus, a FIESP,
deputados e suas famílias, nos guardam, nos protejam, amém!
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
“Le Brésil n’est pas un pays serieux”
Reviewed by Clemildo Brunet
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4/29/2016 07:20:00 AM
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