JOÃO DE SOUSA COSTA: “caminhando na ponta dos pés como quem pisa nos corações...”
Jerdivan Nóbrega de Araújo |
Jerdivan
Nobrega de Araujo*
JOÃO COSTA é radialista, jornalista,
ator, diretor de teatro e estudioso de assuntos ligados à política. Nasceu na
cidade Pombal no dia 5 de julho de 1953, da união de Francisco Menandro e
Vicência Sousa.
Estudou no colégio Diocesano de Pombal e
no seminário Nossa Senhora da Assunção, em Cajazeiras. Em Pombal, seu primeiro
emprego foi no “Imperador das Novidades” de Zuza Nicácio. A carreira no rádio
teve inicio no serviço de difusora “Lord Amplificador”, meio que por acaso,
como “asilado” nas palavras dele. Curioso, De
repente já estava nos controles de som da emissora, e logo foi de controlista a
apresentador, marcando a sua trajetória na cidade, com reportagens policiais
feitas na delegacia e
Notabilizou-se em suas entrevistas por
ouvi todos envolvidos nos fatos: polícia, acusados e vítimas, o que ainda hoje
não se faz: normalmente os repórteres dão voz às vitimas de acordo com o seu
status social. João não tinha nenhum receio de colocar no ar, dá voz, a
rapariga agredida e humilhada do Rói Couro de Pombal, para que esta
apresentasse a sua versão dos fatos, quando elas eram agredidas, ocorrências
comuns no mundo machista e preconceituoso da década de 1960.
João Costa sempre fez jornalismo com opção da defesa do lado dos mais frágeis na
equação social, nunca se curvando aos coronéis e oligarquias dominantes. No Lord Amplificador, em pleno regime de
chumbo, ele já se “arriscava” ao fazer a leitura do periódico de esquerda, “O
Pasquim”, que chegava a cidade cladestinamente, através dos estudantes
universitários ou dos padres professores do Colégio Diocesano.
Em meado da década de 1960, João Costa
fez o caminho que todo nordestino sonhava ou era obrigado a fazer na época:
partir com destino ao sul do país, buscando noutras terras oportunidades
para vencer na vida. Porém, ao contrário da maioria dos jovens
paraibanos que preferiam migrar para grande metrópole latina americana, São
Paulo, ele foi se arriscar na cidade Maravilhosa, onde ficou por dez anos.
O
rio era um mundo todo diferente e em ebulição cultural. Os filmes eram exibidos em “avant-première”,
e não meses depois, como acontecia no Cine Lux de Pombal, era gente fazendo
música e teatro e protestos em todas as esquinas da cidade.
Mas, esse não era um mundo preparado
para João Costa, menino pobre e sonhador lá das bandas das terras da Cabocla
Maringá. No Rio de janeiro ele teve que trabalhar duro para se sustentar,
ficando dessa aventura o aprendizado que trouxe na bagagem. E João trouxe do
Rio de Janeiro o jeito de malandro da Lapa, com seu terno de linho branco,
sapato de verniz, chapéu Panamá na cabeça e a
pisada macia de quem pisa num chão de estrelas que carrega até hoje.
João Costa retornou a Paraíba, mas, não
mais para Pombal: fez opção no retorno
pela cidade de João Pessoa. Chegando aqui no ano de 1975(ano da graça, segundo
ele), logo se adaptou, e sempre seguindo seu forte caráter questionador entrou
para a UFPB, onde cursou direito, comunicação e educação artística. Após este
último curso começou uma de suas habilidades: a arte de representar. Revelou-se
uma grande artista em vários papeis, como: “Em Cartaz de Cinema”, “A Exceção e
a Regra”, “A Noite de Matias Flores”, “Lampiaço” a “Donzela Joana”, entre
outros.
Além de atuar, João Costa adaptou e
dirigiu peças teatrais de sucesso como: “A Família”, “A Lira dos Vinte Anos”,
“A Viúva”, “Inquieto Marcolino”, “No Amor Somos Todos Reacionários”, “Um
Edifício Chamado Duzentos” e” Fragmentos de Nelson”.
Para João Costa o seu melhor desempenho
é no “teatro da vida real”, como pai e como esposo de Marilene Costa: uma
cumplicidade que já dura 38 anos.
Para Marlene João Costa se destaca pela
sua superproteção aos filhos e dedicação a família, que a define como
sendo “família, nosso bem maior”.
Para os companheiros de profissão João
Costa é o amigo de todas as horas, centralizador das atenções e presente nas
ações importantes da nossa política. Um
amante da arte e da cultura e do povo de Pombal, seu berço natal.
Joao também é um aventureiro, desbravador,
comunicador inveterado, e como qualquer formador de opinião, um questionador
dos rumos tomados pela politica do nosso país.
Atualmente João Costa é repórter de
política do “Paraiba.com. br” e participa no programa “Paraíba verdade” na
rádio Arapuã ao meio dia. Por ser uma pessoa instruída, de opinião firme e por
analisar os fatos com profundidade, dizem ser ele uma pessoa polêmica. Mas,
João chegou num estágio profissional que não precisa mudar o seu ponto de vista
para agradar a quem quer que seja: o que ele pensa ele falar, mas com
responsabilidade e conhecimento de causa.
Na capital da Paraíba João é a pessoa
que aprendeu a amar a cidade antiga, levantando a sua voz contra o descaso e
abandono do nosso Centro Histórico.
Frequentador do “Ponto de Cem Réis”, que
um dia foi o epicentro da intelectualidade pessoense, ele caminha pelas veredas
da cidade de hoje como quem caminha pelas ruas da “Filipéia de Nossa Senhora
das Neves”, contemplando seus casarões como se fora um acendedor de lampiões de
gás, que deseja iluminar a visão dos nossos administradores para que estes
enxerguem o lado decadente da nossa urbe bicentenária.
Com seu “palitó de linho branco ‘que até o mês passado lá no campo ainda era flor” chapéu panamá, terno branco e suspensório,
João Costa já é parte da paisagem da nossa capital, quando faz o trajeto da Rua
Walfredo Leal das fontes d'água que abasteciam a cidade do século passado, em
Tambiá, cruzando com os amoladores de
tesouras, vendedores de carvão e
tocadores de realejos, até chegar no
barroco da Praça do Bispo. João
Costa passeia pela Rua da República, onde compra uma maçã do amor para Marlene,
desce a Avenida Beaurepaire, vai até padaria Águia de Ouro, para voltar pela
Rua Maciel Pinheiro, chegando ao Pavilhão do Chá, Praça dos Três Poderes para,
enfim, cruzar com o “art decó” abandonado da Rua Duque de Caxias, subir aos
terraços do “Paraíba Hotel”, e contemplar de lá as ruínas da João Pessoa de antigamente, a
desembocadura do Sanhauá com seu sol poente das dezessete horas e o Hotel
Globo.
-Ponto de Cem Reis, Ponto de Cem Reis...
Última parada: João Costa já pode descer, chegamos ao Ponto de Cem Réis...
*Jerdivan
Nóbrega de Araújo: Escritor e pesquisador de nossa história
JOÃO DE SOUSA COSTA: “caminhando na ponta dos pés como quem pisa nos corações...”
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/08/2016 04:18:00 PM
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