Falta muito chão
Rinaldo Barros |
“Para seguir adiante,
devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e
formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um
destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global
baseada no respeito pela Natureza, nos Direitos Humanos universais, na Justiça
econômica e numa Cultura da Paz”. (Carta da Terra, documento aprovado pela ONU,
em 2002)
Rinaldo
Barros*
Você já parou para pensar no que
significa a palavra "progresso"? E
Pense mais um pouco, pois as palavras
têm força: desenvolvimento, avanço, melhoria, evolução, expansão, ampliação,
riqueza, fartura, abundância, qualidade de vida, civilização, trabalho, saúde,
educação, informatização, cidades limpas, pontes, estradas, indústrias e muitas
outras coisas, que ainda estão por vir e que não conseguimos ainda sequer
imaginar.
Agora pense um pouquinho mais: será que
tudo isso de bom não tem um preço?
Será que para ter toda essa facilidade
de vida nós não pagaremos nada?
Relembro que o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) vem sendo considerado melhor termômetro para medir a qualidade de
vida das populações do que o comportamento do PIB. Nesta semana, saíram os
resultados referentes aos municípios brasileiros em 2014, mostrando que as
condições de renda, educação e longevidade no país perderam fôlego durante a
gestão de Dilma Rousseff.
O índice que mede a desigualdade no país
praticamente não se alterou nos anos Dilma. Passou de 0,53 para 0,52 - quanto
mais próximo de zero menos desigual é o país.
Pesquisadores que se debruçaram sobre os
resultados divulgados nesta semana suspeitam que os próximos levantamentos do
Pnud registrarão piora nas três dimensões de indicadores.
Diante do que vem acontecendo no país
nos últimos dois anos, esta não é mera possibilidade, mas sim sólida certeza.
Já é sabido que a renda per capita dos
brasileiros caiu quase 10% desde o início da recessão, em 2014, superando até
as perdas da chamada "década perdida" - mal sabíamos que, com o PT, rifaríamos
não apenas dez, mas pelo menos 13 anos...
Além da falta de crescimento, a inflação
colabora para o empobrecimento geral da população e a deterioração das
condições de vida no país.
O caro leitor sabe que desenvolver com
sustentabilidade é conquistar:
1) a satisfação das necessidades básicas
da população (habitação, alimentação, segurança, saúde, educação e lazer);
2) a solidariedade para com as gerações
futuras, de modo que elas usufruam de igualdade de oportunidades, que tenham
chance de viver melhor no médio e longo prazo;
3) a preservação da identidade
histórico-cultural de cada povo;
4) a participação democrática da
população de cada comunidade envolvida e;
5) redução da poluição e preservação da
diversidade dos recursos naturais: energia limpa, água limpa, oxigênio, fauna e
flora.
Para tanto, o olhar da Ciência para essa
questão deve ser político (com “P” maiúsculo), e exige uma abordagem teórica
informada pela visão pragmática, considerando o Ser Humano como centro da vida
no planeta.
O patropi vem avançando, e não é de
hoje. Mas fica evidente que as políticas recentes se mostraram limitadas em dar
melhores condições de vida à nossa população.
Falta muita educação, a saúde ainda é
bastante precária e a desigualdade, aviltante.
E - como desafio maior - falta extirpar
a corrupção em todos os níveis de governo (superando o patrimonialismo), e no
seio da sociedade civil; substituindo a “Lei do Gerson” (levar vantagem em
tudo) pela solidariedade e construção da cidadania.
Resta muito chão adiante até um dia
virarmos uma nação realmente desenvolvida.
*Rinaldo Barros é professor –
rb@opiniaopolitica.com
Falta muito chão
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/26/2016 08:20:00 AM
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