Governo em queda
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Com a prisão de dois ex-governadores do
Rio de Janeiro, Antônio Garotinho (PR) e Sergio Cabral (PMDB), acompanhado de
duas demissões de dois ministros do Governo Federal, o Ministro da Cultura,
Marcelo Colero, e o Ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, vão
transformando o Governo Michel Temer numa sequência desanimadora de fatos
cruciantes para a manutenção do atual governo, que continua a promover graves
sintomas de desajustes no núcleo administrativo, no total já são seis ministros
demitidos ou demissionários, não favorecendo a estabilidade Política e
Jurídica, anseio de toda comunidade que precisa de calma e ambiente de
governabilidade concreta. O que, efetivamente, temos é uma clara boa intensão
da equipe do Governo Federal tentando colocar ordem na casa, mas, com
desajustes terríveis, com bate cabeças e
Infelizmente, o episódio que envolveu os
dois ministros demissionários, do Governo Temer, foi um balde de gasolina na
fogueira que já ardia com a prisão dos governados presos, mesmo o assunto não
tenha nada relacionado com atual administração federal, todo e qualquer fato relacionado
a política brasileira canaliza resultados positivos e negativos diretamente ao
Governo Central. Estamos sendo cercados por um clima de completa instabilidade
emocional, com resultados ruins na área econômica, pífios avanços nos controles
das contas, pendentes pela aprovação da PEC 55/2016, primeiro passo importante
para a efetiva política de controles de todas as demais políticas a serem
implementadas para o sucesso ou não do atual governo. É público e notório que o
Presidente Michel Temer é um hábil articulador, com extensa folha de serviços
prestados à política, mas, o teste no Executivo está sendo uma carga pesada,
mesmo sendo ele, o Presidente, portador de uma conduta, até agora, impoluta.
A renuncia do ex-ministro Geddel Vieira
chegou com um atraso razoavelmente fora do tempo, não havia necessidade de
tentar segurar o ministro no cargo sabendo-se que a sua permanência era ruim,
mesmo perverso, aos interesses nacionais, diante de todo o constrangimento pela
fratura exposta na declaração à Polícia Federal, pelo outro Ministro
demissionário, Marcelo Colero, era de se imaginar que imediatamente as
publicações, Geddel Vieira seria sumariamente demitido. Esse estágio de
maturação entre um fato consumado e uma providencia tomada é literalmente
conectado as normas e procedimentos do Governo Petista, anterior ao atual.
Essas coincidências muito nos
entristecem, é uma prova inconteste que os nomes mudaram, entretanto, as
políticas administrativas continuam no mesmo diapasão, levando-nos a crer que
toda esperança que tínhamos no novo governo começa a se transformar em
desesperança e ilusão. Não estamos sentido uma atmosfera de melhoras no quadro
geral da política nacional. Sabíamos das dificuldades iniciais que o Governo
Temer ia ter, porém, essa patinação no entorno dos problemas sem uma solução
aparente não era o esperado, confesso, a decepção já começa a surgir no peito
de cada um de nós. Não vamos esmorecer, mas, se não houver uma ação imediata,
tentando controlar o estado de penúria em que nos encontramos, fatalmente,
tenho que reconhecer que demos um tiro no pé.
A prática de velhas políticas
oligárquicas com condescendências aos apadrinhados do sistema só contribui para
a demolição do governo na proporção que a população não suporta mais tantos
desmandos praticados por representantes políticos que se aproveitam de seus
cargos ou sua proximidade com eles na defesa de seus interesses pessoais, caso
específico do ex-ministro Geddel Vieira Lima, na tentativa de usar sua posição
de destaque no governo para pressionar um colega, no mesmo nível, uma ação no
mínimo traiçoeira e descabida. Todos que tentaram segurar o ex-ministro no
cargo se lambuzaram na lama da hipocrisia e deviam sofrer reprimendas do
Governo Central, entretanto, em decorrência do momento de crise esse mesmo
Governo não tem capacidade moral de fazer um enfrentamento junto aos seus
apoiadores.
Depois do trauma político que sofremos
com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, decorrido em função da crise
econômica e a conivência do seu governo com a corrupção instalada no seu
núcleo, o povo só espera que o Governo Temer não seja um governo de compadrios,
ou mesmo um governo de amigos, assim como se reporta o ex-ministro
demissionário; é de se esperar que, o novo governo, seja comprometido com a
luta implacável e, principalmente, com a decência e superação da crise no
Brasil de tanta sofreguidão.
A mudança de sentimento só será
revertida se tivermos ações produtivas e determinantes, com a força da coragem
e do determinismo, será preciso muito mais, bem mais do que temos visto e
sentido, não adiante paliativos e tentar apenas negociar no atacado, o problema
é grave, o varejo exige muito mais que predicados de bom senso. Estamos
alimentando o arsenal dos opositores que querem o pior, quanto pior melhor, se
isso ocorrer vai perder uma grande oportunidade de tentarmos mudar a cara do
país com políticas assertivas voltada para o social sem demagogia ou populismo.
Isso não é pessimismo, apenas constatação de uma realidade que se aproxima com
as nuvens das chuvas de verão, curtas, porém imprevisíveis.
*Escritor e
Poeta
genival_dantas@hotmail.com
Governo em queda
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/27/2016 09:37:00 AM
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