Cuidamos bem dos nossos corruptos de estimação
João Costa |
João
Costa*
Se a história ensina alguma coisa sobre
corrupção, é que toda e qualquer campanha de moralização embute o desejo de
proteger castas, classes ou indivíduos. Até porque, no caso do Brasil, há
corruptos de estimação descaradamente preservados – e eles são muitos. Centenas
de milhares da base da pirâmide social até o topo.
E não há campanha anticorrupção sem
vilões, que devam ser demonizados, e heróis da hora a serem exaltados; pois
apresentados como imaculados. Se o Usurpador é preservado, está incluso na categoria de estimação; os vilões
da hora passam a ser o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia. Se o herói de ontem foi Joaquim Barbosa – devidamente
descartado, o da hora tem passagem reservada para os Estados Unidos – talvez
uma fuga anunciada diante do que vem por aí, em 2017.
A criminalização da política no Brasil
encontra terreno fértil, porque feita por uma maioria criminosa. E
Percebe-se que aqueles que prepararam
armadilhas jurídicas, caíram nelas. Vejamos o caso da Operação Lava Jato.
Os que a conduzem se acham monges de uma
cruzada. Uma investigação que deveria servir até como exemplo didático para
gerações futuras, mostrou-se seletiva, resulta que, se antes a Nação achava que
não havia justiça capaz de estender o braço da punição contra ricos e
poderosos, agora tem certeza que ela, a Justiça, é seletiva.
Há corruptos que precisam ser
preservados, e práticas que violam a Constituição, são minimizadas, ignoradas
até, no quesito preservação de privilégios de categorias do Judiciário e de
estado. E de exceção é o estado.
No vácuo político que o país mergulha,
dezenas de milhares caminham para o caos por serem inocentes úteis; centenas
por serem aproveitadores, alguns por manifesta fé no fascismo, clamam por intervenção militar
para purgar a Nação, cujo pecado mortal - a servidão voluntária - data da sua
criação. Não sabem eles que serão os primeiros a serem presos, pois causadores
de mal maior: a falência das empresas que geram desemprego de milhões.
Os partidos que deram o golpe com
sorrisos e desejosos de sangue, empurram de volta à miséria milhares de
famílias, para que na crise catastrófica que se instaurou, confiantes na certa
falta de memória, acreditando ser possível salvaguardar ganhos e privilégios
para classe média, que não vai escapar da violência. Até porque a violência
também é democrática.
Os que em 2013 inflaram a crise
econômica, estimularam o golpe contra um governo legitimamente eleito em 2015 e
este ano, já perceberam que não podem desfazer o abraço de afogados com os
fascistas, e os partidos que agora se apresentam irremediavelmente de direita,
como o PSDB.
Enquanto isso a Junta Governativa que
está no Planalto composta por corruptos de estimação sem alarde destrói a
soberania, aprofunda a crise econômica que criou. Não há crescimento sem a
intervenção do estado na economia. Empresas como a Odebrecht, Camargo Correia,
Mendes Junior e muitas outras constroem a infraestrutura do país estão em
estado falimentar. Quem acredita que elas vão voltar a fazer investimentos sem
cobrar um preço mais alto – num governo quer seja civil ou militar – acredita
em Papai Noel, já que o clima é natalino.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Cuidamos bem dos nossos corruptos de estimação
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/05/2016 10:06:00 AM
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