Dores cinzentas
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
A seca. Infelizmente volto a tocar nesse
tema. Recentemente viajei ao sertão paraibano. Nunca vi uma estiagem tão
violenta. Antes de chegar em Campina Grande já era visível a ausência de água e
do verde.
Era noite quando desci a Serra de Santa
Luzia. Observei o céu estrelado e lá bem no alto estava a Lua pendurada
clareando toda região. Adentrar no grande sertão. Tentando sentir a suavidade
do vento aracati, abri um o vidro do carro, mas o que experimentei foi um
acanhado e
No dia seguinte, fui a Cajazeira.
Retornei por Pombal e dormi novamente em Patos. Sou pombalense, nasci ao meio dia,
de uma quinta-feira de julho de 1966. Conheço bem o calor do sertão, mas,
sinceramente, nunca o vi tão arrebatador. O céu com aspecto cinzento, era como
se cada um tivesse um sol sobre sua cabeça. O astro-rei, soberano bebia as
águas de riachos, rios, açudes e barragens. Literalmente devorava plantações,
animais e homens.
Céu e terra, um colossal mundo cinzento,
repleto de dores e de olhares perdidos. Estamos brincando com a situação. A
coisa é mais série do que imaginamos. Se não chover, e, muito, em 2017, não sei
o que será do sertão. Não tem onde buscar água. Essa transposição não atenderá
a calamidade que assolará aquela região, pois a poeira abrasadora dos
redemoinhos espalhará uma catástrofe talvez nunca vista.
Sinais apontam para tempo desditoso.
Mas, Deus permita que eu esteja equivocado. Aliás, carrego sempre a fé e a
esperança, por isso, aguardo intensa chuva que espante os flagelos da seca.
*Juiz de Direito
e Escritor pombalense
onaldoqueiroga@oi.com.br
Dores cinzentas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/20/2016 06:16:00 AM
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