“Cabeças cortadas” – não é apenas um filme de Glauber!
João Costa |
João
Costa*
A Junta Governativa acaba de reduzir as
Forças Armadas à condição de “capitães de mato”, “empregados públicos de
última categoria” dos tempos do Império, ao coloca-las no meio desse furdunço
sanguinário entre criminosos que controlam todos os presídios do país. Tropas
da Força Nacional de Segurança estão nos três estados, e não resolvem. O que
reflete a inutilidade das policias militares e dos governadores. Recomendo
“Cabeças Cortadas”, de Glauber Rocha.
Se a
Força Nacional de Segurança está em Natal desde setembro o que faz por lá se as
ditas “facções criminosas” seguem no comando? Se São Paulo exportou o PCC; o
Rio o Comando Vermelho, a Amazônia já tem a sua “família” e
o Rio Grande do
Norte vai de “sindicato”, quais as franquias que mandam na Paraíba?
Eis que
uma das soluções encontrada pelo Judiciário para esta crise, é executar um
mutirão – no estado do Amazonas – para colocar em liberdade, de imediato, 500
apenados, no caso presos provisórios. Mas eles, os provisórios, são a metade
dos mais de 600 mil encarcerados no país.
No caso
do Amazonas, esses 500 que supostamente serão colocados em liberdade são uma
ameaça à sociedade? Se serão postos em liberdade imediatamente, por que ainda
estariam encarcerados? Quem assegura a reintegração social?
De
concreto, sabe-se agora que governos estaduais não controlam os presídios, que
o caos se instalou e dele emanam e ganham evidências as “forças do mal”, no
caso as ditas “organizações criminosas”. Do lado de fora dos presídios à
sociedade finge ignorar essa “guerra civil” urbana; na mídia reina a histeria
com meias verdades, e a perspectiva é para construção de novos presídios, pois
a situação vai recrudescer e centenas serão encarcerados. Portanto, virou um
ciclo.
Na origem
de tudo está o tráfico, a miséria humana nos bairros pobres, berçários que
fornecem mão de obra, “soldados” e geram fortunas incalculáveis advindas do
comércio das drogas, cuja logística depende, inclusive, de helicópteros e
outras aeronaves que a polícia apreende com toneladas de pasta de cocaína, mas
não sabe a quem pertence – ou convém ou finge não saber.
Por hora, rebelião só nos presídios. Do lado
de fora reina a colaboração de classes, preparativos para o Carnaval. Quando o
recesso legislativo terminar, em fevereiro, e o Congresso iniciar a degola de
postos de trabalho, pois serão milhares os degolados em seus direitos e honra,
para poucos degoladores encastelados nos três ditos poderes da República.
Recomendo
o filme espanhol “Cabeças Cortadas”(1970) de Glauber Rocha. Atualíssimo. Nele,
o chefe da Junta Governativa, o déspota, vive delírios sanguinários de
massacres de índios, trabalhadores e camponeses e outras profecias que só
Glauber foi capaz. Ah! Cabeças Cortadas é um estátua grega.
Lembrar
que depois do Carnaval os motivos para o golpe de estado de 2016 talvez fiquem
mais claros para os milhões de néscios nativos. Aí sim, a Junta Governativa vai
depender – literalmente – das Forças Armadas para manter-se no lugar, onde
jamais deveria estar.
*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro,
além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de
Política do Paraíba.com.br
“Cabeças cortadas” – não é apenas um filme de Glauber!
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/18/2017 11:10:00 AM
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